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Beatles têm álbum final “Let It Be” relançado com um caminhão de extras

Além da tracklist original remixada em estéreo, o material, em versão super deluxe, apresenta gravações inéditas e íntegra do que seria o álbum "Get Back"

Os Beatles fazem uma viagem de volta a “Let It Be” (1970), seu álbum final, com um relançamento luxuoso. A nova versão, disponível em várias edições, chega a público por meio da Apple Corps Ltd / Capitol / UMe.

O produtor Giles Martin e o engenheiro Sam Okell remixaram o álbum original em estéreo, DTS 5.1 surround, e Dolby Atmos. Todas as edições do relançamento apresentam essa remixagem, seguindo a versão original “reproduzida para disco” de Phil Spector e trabalhando diretamente da sessão original e das fitas de oito faixas do histórico show no terraço da gravadora Apple.

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A versão super deluxe, tanto física quanto digital, também apresenta 27 gravações de sessões anteriormente inéditas, um EP de quatro faixas também intitulado “Let It Be” e o LP “Get Back”, com a mixagem feita pelo engenheiro Glyn Johns, em maio de 1969 – material jamais lançado antes.

São, ao todo, seis discos: cinco CDs e um Blu-Ray. Há, ainda, os formatos em vinil (ainda não informado se será disponibilizado no Brasil), digital e streaming.

Ouça a edição super deluxe do relançamento de “Let It Be”, a seguir, via Spotify.

“Let It Be Special Edition” é acompanhada por “The Beatles: Get Back”, série de documentários dirigida pelo cineasta Peter Jackson (vencedor de três Oscars), e um novo livro de capa dura com o mesmo título. O material explorado para os novos projetos revelou que havia um espírito mais alegre e cooperativo nas sessões, diferentemente do que foi transmitido pelos 80 minutos do filme “Let It Be” de 1970.

O novo relançamento segue as aclamadas edições de aniversário de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (lançada em 2017), “White Album” (em 2018), e “Abbey Road” (em 2019). A tracklist completa de todas as edições está disponível ao fim desta matéria.

Confira um trailer, em vídeo, do relançamento.

O filme e a presença de Billy Preston

Quando os Beatles chegaram a Twickenham, em janeiro de 1969, seu álbum homônimo (também conhecido como “White Album”) ainda estava no topo das paradas em todo o mundo. Eles tinham um plano ambicioso em mente: um projeto que incluiria uma apresentação ao vivo para o que chamavam de “espetáculo de TV” e um álbum ao vivo.

O cineasta Michael Lindsay-Hogg foi contratado para dirigir o registro do show e documentar os ensaios com filmagens sem restrições (ao estilo “fly-on-the-wall”, com as câmeras, ali, passando despercebidas). Ethan A. Russell foi trazido para a fotografia exclusiva de acesso total. O engenheiro Glyn Johns supervisionou o som, sob a direção do produtor dos Beatles, George Martin.

Após 10 dias no stagesound, os Beatles e a equipe de filmagem se mudaram para o Apple Studio, mais íntimo e aconchegante. Lá, Johns assumiu os controles do equipamento (emprestado dos Abbey Road Studios) para gravar em fita de oito canais. Billy Preston foi chamado para tocar teclados com a banda, levantando o astral das sessões com seu talento e simpatia.

O show no terraço da Apple Records

Em 30 de janeiro de 1969, as câmeras e gravadores estavam rolando quando os Beatles, acompanhados por Billy Preston, fizeram o que seria seu último show, no terraço gelado da sede da Apple, em Saville Row. Era o famoso Rooftop Concert. Na plateia, familiares e amigos, mais todas as pessoas das redondezas que estivessem dentro do alcance sonoro dos amplificadores.

A apresentação ao meio-dia fez com que o West End de Londres parasse: nas ruas, pescoços eram esticados; nos edifícios vizinhos, janelas foram abertas para uma melhor visão. Uma onda de reclamações de barulho atraiu os policiais para o local, obrigando o show a ser encerrado após 42 minutos.

O projeto engavetado – e redescoberto

O trabalho de compilação de um álbum a ser intitulado “Get Back” foi realizado em abril e maio daquele ano por Glyn Johns. Para sua versão, o engenheiro incluiu versões interrompidas, brincadeiras entre as canções, “early takes” e até uma gravação bagunçada de “I’ve Got A Feeling”, com John explicando: “Eu estraguei tudo tentando soar mais alto”.

Os Beatles, no entanto, decidiram arquivar todo o copioso material do projeto: fitas, bobinas de filme e fotos. Preferiram gravar e lançar sua obra-prima “Abbey Road”.

Extraído das fitas feitas em janeiro de 1969, com mais algumas sessões que precederam e seguiram essas gravações, o álbum final dos Beatles, “Let It Be”, foi finalmente lançado em 8 de maio de 1970 para acompanhar o lançamento do filme de mesmo nome.

As sessões que deram origem ao álbum (e também ao filme) “Let It Be” foram a única vez na carreira dos Beatles em que essas atividades de criação de músicas em estúdio foram documentadas tão extensamente. Mais de 60 horas de filmagens inéditas, mais de 150 horas de gravações de áudio inéditas e centenas de fotografias inéditas foram recentemente exploradas e meticulosamente restauradas.

Beatles – “Let It Be” – Special Edition

CD1: Let It Be (new stereo mix of original album)

  1. Two Of Us
  2. Dig A Pony
  3. Across The Universe
  4. I Me Mine
  5. Dig It
  6. Let It Be
  7. Maggie Mae
  8. I’ve Got A Feeling
  9. One After 909
  10. The Long And Winding Road
  11. For You Blue
  12. Get Back

CD2: Get Back – Apple Sessions

  1. Morning Camera (Speech – mono) / Two Of Us (Take 4)
  2. Maggie Mae / Fancy My Chances With You (Mono)
  3. Can You Dig It?
  4. I Don’t Know Why I’m Moaning (Speech – mono)
  5. For You Blue (Take 4)
  6. Let It Be / Please Please Me / Let It Be (Take 10)
  7. I’ve Got A Feeling (Take 10)
  8. Dig A Pony (Take 14)
  9. Get Back (Take 19)
  10. Like Making An Album? (Speech)
  11. One After 909 (Take 3)
  12. Don’t Let Me Down (First rooftop performance)
  13. The Long And Winding Road (Take 19)
  14. Wake Up Little Susie / I Me Mine (Take 11)

CD3: Get Back – Rehearsals and Apple Jams

  1. On The Day Shift Now (Speech – mono) / All Things Must Pass (Rehearsals – mono)
  2. Concentrate On The Sound (mono)
  3. Gimme Some Truth (Rehearsal – mono)
  4. I Me Mine (Rehearsal – mono)
  5. She Came In Through The Bathroom Window (Rehearsal)
  6. Polythene Pam (Rehearsal – mono)
  7. Octopus’s Garden (Rehearsal – mono)
  8. Oh! Darling (Jam)
  9. Get Back (Take 8)
  10. The Walk (Jam)
  11. Without A Song (Jam) – Billy Preston with John and Ringo
  12. Something (Rehearsal – mono)
  13. Let It Be (Take 28)

CD4: Get Back LP – 1969 Glyn Johns Mix

  1. One After 909
  2. I’m Ready (aka Rocker) / Save The Last Dance For Me / Don’t Let Me Down
  3. Don’t Let Me Down
  4. Dig A Pony
  5. I’ve Got A Feeling
  6. Get Back
  7. For You Blue
  8. Teddy Boy
  9. Two Of Us
  10. Maggie Mae
  11. Dig It
  12. Let It Be
  13. The Long And Winding Road
  14. Get Back (Reprise)

CD5: Let It Be EP

  1. Across The Universe (unreleased Glyn Johns 1970 mix)
  2. I Me Mine (unreleased Glyn Johns 1970 mix)
  3. Don’t Let Me Down (new mix of original single version)
  4. Let It Be (new mix of original single version)

Blu-ray: Let It Be Special Edition audio mixes

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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