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Festival Minas Music 2021 anuncia finalistas, mas músicos acusam organização de desobedecer edital

Promovido com Lei Estadual de Incentivo, evento aceitou vídeos de bandas que não tocam ao vivo, mas regulamento informava que apenas filmagens ao vivo seriam aceitas, sob pena de desclassificação automática para quem não cumprisse esta ou outras regras

A organização do festival Minas Music, concurso de bandas e artistas realizado pela Viva Marketing por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, divulgou os finalistas de sua 11ª edição. O evento, que oferece premiações diversas, recebeu 147 inscrições – destas, oito artistas e bandas foram selecionados para a final, que será realizada neste sábado (2), no formato virtual, em uma live com apresentação de Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas.

O anúncio dos finalistas, feito através de um vídeo que confirmava os oito artistas selecionados, gerou controvérsia nas redes sociais. Internautas apontaram que o corpo de jurados não respeitou os termos do regulamento para selecionar os competidores da etapa derradeira, onde cada um recebe R$ 2,7 mil, entre cachê e ajuda de custo.

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Uma das regras do edital estipulava que artistas e bandas deveriam enviar “um vídeo de apresentação ao vivo interpretando uma música autoral, no qual todos os integrantes devem aparecer tocando seus instrumentos”. Segundo o regulamento, “as bandas serão automaticamente desclassificadas em caso de descumprimento de qualquer das cláusulas descritas no regulamento”. Entretanto, alguns finalistas teriam enviado vídeos que não foram gravados ao vivo, como videoclipes dublados, com faixa gravada em estúdio.

Os oito finalistas são: Dado (Uberlândia/MG), Duda in the Sky (Uberlândia/MG), ETC (Juiz de Fora/MG), Help Rock (Leopoldina/MG), Nobat (Belo Horizonte/MG), Brasil in Conserto (Jundiaí/MG) e Os Trutas (Resende/RJ). Nas redes sociais, internautas e até mesmo músicos que participaram de etapas anteriores do concurso apontaram que Dado e Help Rock apresentaram videoclipes dublados, com faixa gravada em estúdio, em vez de vídeos verdadeiramente ao vivo.

Confira, abaixo, o vídeo em que os finalistas do Minas Music 2021 são anunciados.

Em uma publicação no Facebook, a banda Efeito Reverso, que chegou à semifinal (com 30 artistas selecionados), mas não foi classificada para a final, pede que o festival seja “suspenso ou revisado por não seguir o regulamento para selecionar as bandas”. “Como nós, muitas outras bandas participantes devem ter sido prejudicadas pelo mesmo motivo”, diz o grupo, que afirma ter gasto R$ 860 para a produção de um vídeo ao vivo, conforme as regras do edital.

O texto completo da banda Efeito Reverso sobre o assunto pode ser lido, a seguir, via Facebook.

https://www.facebook.com/efeitoreversorock/posts/2517176691778381

Na seção de comentários do vídeo publicado pelo Minas Music no YouTube, outros internautas, incluindo músicos que afirmam ter participado das outras etapas do concurso, se manifestaram. Veja abaixo.

A página em que o regulamento do festival foi disponibilizado já não se encontra mais no ar. O site oficial do concurso tem publicado apenas uma seção de dúvidas frequentes, onde também consta que os vídeos enviados deveriam ser gravados ao vivo.

Resposta da organização

Em nota enviada à reportagem, a organização do Minas Music 2021 afirma que ao solicitar um “vídeo de apresentação ao vivo interpretando uma música autoral, no qual todos os integrantes devem aparecer tocando seus instrumentos”, “o entendimento da organização foi de um vídeo em que os integrantes aparecem tocando para que seja avaliada sua interpretação, e de que não é aceito o envio de vídeo composto por imagem estática + áudio”.

Leia, abaixo, a íntegra da nota enviada pela organização.

“A organização do Festival Minas Music 2021 vem a público se manifestar sobre os questionamentos e acusações feitas por uma banda de Uberlândia, uma das 147 inscritas que ficou entre as 30 melhores e não foi para a final. Primeiramente, reiteramos que são 11 anos de história do festival e a Viva Marketing e todos os seus apoiadores, parceiros e colaboradores seguem à risca uma série de exigências e tem sua própria condução ética que a permite estar no mercado há quase duas décadas.

Nossa conduta é a mesma aplicada em 2015 e 2017, por exemplo, quando a banda chegou a conquistar o 2º lugar. Trabalhamos com jurados experientes e que jamais colocariam seus nomes em algum projeto que pudesse manchar suas imagens. Nossos canais estão abertos para comunicação e nenhum comentário sobre o assunto foi ‘privado, escondido e excluído’ em nosso canal no YouTube que sim, está usando o moderador como grande parte dos usuários dessa plataforma. Trabalhar com arte é difícil e seguimos nessa luta como sempre fizemos, como uma ponte entre o artista e o público

Com respaldo do nosso departamento jurídico afirmamos que, de acordo com o regulamento:

– Não há impedimento quanto ao uso de recursos digitais para envio de vídeos para a INSCRIÇÃO, sendo alguns desses recursos limitados somente na etapa FINAL, em que somente os grupos finalistas deverão respeitar. Ainda em relação ao vídeo enviado para inscrição, ao solicitar um ’01 vídeo de apresentação ao vivo interpretando uma música autoral, no qual todos os integrantes devem aparecer tocando seus instrumentos’, o entendimento da organização foi de um vídeo em que os integrantes aparecem tocando para que seja avaliada sua interpretação, e de que não é aceito o envio de vídeo composto por imagem estática + áudio.

– Lembramos ainda que a avaliação não foi feita somente pelo vídeo, que é um material complementar, mas também pelos outros materiais enviados como música e letra, de acordo com o item 7.2.1 (Os jurados terão como base de avaliação todos os materiais enviados de acordo com o item 6.3 deste edital e critérios estabelecidos pela comissão organizadora).

– Ainda de acordo com o regulamento nos itens 2.1.2 e 7.2.2, as decisões da comissão organizadora e júri técnico são irrecorríveis.

Lembrando ainda que durante todo o período de inscrições o contato da organização estava à disposição para o esclarecimento de dúvidas que foram sanadas por todos que entraram em contato e continua à disposição pelo e-mail [email protected].”

Sobre a final do Minas Music 2021

Apesar da contestação, a fase final do festival Minas Music 2021 está mantida, com os oito competidores já mencionados: Dado (Uberlândia/MG), Duda in the Sky (Uberlândia/MG), ETC (Juiz de Fora/MG), Help Rock (Leopoldina/MG), Nobat (Belo Horizonte/MG), Brasil in Conserto (Jundiaí/MG) e Os Trutas (Resende/RJ). Uma votação para escolher o vencedor será iniciada na quinta-feira (30), pelo site do evento, e termina durante a live, após as oito apresentações.

Com o encerramento da votação popular, serão computados os votos do público que pode alterar a decisão dos jurados, já que vai acrescentar pontuação proporcional a quantidade de votos que cada banda receber. Ou seja, quanto mais votos do público a banda recebe, maior a pontuação adicionada a nota do júri técnico, podendo fazer com que a banda suba na classificação, ficando entre as primeiras colocações. A divulgação do resultado será ao vivo.

O Minas Music é um evento com realização da Viva Marketing Eventos e Cultura em Uberlândia, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais e conta com o patrocínio da Algar e apoio da Castro Naves e apoio cultural da TV Integração e Rádio Mix Uberlândia.

Em nota, Antônia Nunes, da Viva Marketing, realizadora do evento, afirma que a produção recebeu com entusiasmo o volume de inscrições, que na última semana abriu para todo o país.

“Isso mostra que acertamos nas mudanças que fizemos no festival. Aumentamos a abrangência, melhoramos a premiação e ampliamos o número de artistas que receberão algum tipo de prêmio de acordo com a classificação que conseguiram.”

Os oito finalistas receberam cachê de R$ 1,5 mil e ajuda de custo de R$ 1,2 mil para gravação do material para a live, totalizando um prêmio de R$ 2,7 mil. Os três vencedores participarão da live comemorativa, no dia 17 de outubro, que terá show da banda Venosa com participações de Tico Santa Cruz e Beto Bruno. A premiação será de R$ 7 mil (1º lugar), R$ 6 mil (2º lugar) e R$ 5 mil (3º lugar).

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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