Uma música inédita de Cazuza, cantor falecido em 1990, foi divulgada nas plataformas digitais nesta sexta-feira (9). Intitulada “Mina”, a faixa chega a público por meio da Universal Music com um videoclipe em animação feito por Humberto Barros (assista ao fim da página).
Parceria do letrista com George Israel e Nilo Romero (trio que assina clássicos como “Brasil” e “Solidão, Que Nada”), a canção entraria no disco “Só Se For a 2”, de 1987. Entretanto, acabou ficando fora da tracklist final.
“Mina” chegou a ser lançada por Leo Jaime, em 1990, e o próprio George Israel a gravou em 2007. Só que o registro de Cazuza se mantinha inédito até agora, quando chega às ruas com um arranjo refeito por Nilo.
Ele chamou Rogério Meanda (guitarra) e João Rebouças (teclados) — músicos que, como ele, participaram da gravação original. Lourenço Monteiro (bateria) e Marcos Suzano (percussão) reforçam o time. O coro de Solange Rosa, Eveline Hecker e Paulinho Soledade é o mesmo de 1987.
Sobre a música
Em material de divulgação, Nilo Romero relembra a composição de “Mina”:
“Eu e George tínhamos uma mesinha de quatro canais, que gravava em fita cassete, e vivíamos fazendo músicas, gravando ali e dando as fitas pro Cazuza. Ele era uma usina de fazer letra. Quando ele ouvia já cantava alguma coisa na hora, levava a fita e no dia seguinte trazia a letra pronta. Podia mexer depois, mas nunca sofria pra fazer, era muito solto.”
Ainda de acordo com o compositor, “Mina” condensa meninas que circulavam pelo Baixo Leblon e bebe de uma situação específica que eles vivenciaram depois de um show em Araxá:
“Saímos pra comer uma pizza e a determinada altura apareceu um cara querendo mandar numa das meninas que estava ali. ‘Esse aí me viu crescer e acha que é meu dono’, ela disse. Lá pelas tantas, o cara pegou uma faca, Cazuza defendeu todo mundo, jogou uma mesa nele, o segurança chegou… Um tempo depois, veio ‘Mina’.”
George Israel, por sua vez, vê em “Mina” a marca de originalidade que Cazuza trouxe para a música brasileira, de crônicas da noite “ácidas, viscerais”:
“Tem algo da crônica do Jagger, do Dylan, do Lou Reed… ele ia mais nessa de desnudar as pessoas, na linha ‘Honky Tonk Women’, essas coisas da night. Mesmo em canções lindas como ‘Codinome Beija-flor’ tem um tracinho disso. O mais legal é que ele conseguiu fazer isso de uma maneira muito popular. Dentro do hit tem toda a profundidade social da observação das pessoas.
O clipe de animação, dirigido por Humberto Barros e Nilo Romero, traça em linhas mais fortes essa perspectiva atual, mostrando o narrador como um coroa de bengala que acaba sozinho na noite do Rio, enquanto ela aparece se relacionando com homens e com mulheres, cercada de amigos, o tempo todo alegre e dona de si.
Assista ao clipe de “Mina” a seguir!
Cazuza – “Mina”
O single está em minha playlist de lançamentos, atualizada sempre às sextas-feiras. Siga e dê o play: