Quem não conhece a obra de Gary Moore e tem seu primeiro contato através de algum vídeo do guitarrista, não consegue reparar em outra coisa que não sejam as caretas que ele faz ao tocar. O cara era muito, mas muito expressivo.
Evidentemente, não há guitarrista no mundo que nunca tenha feito uma careta ao expor seus sentimentos por meio do instrumento. Porém, a situação desse músico irlandês era diferente – e qualquer filmagem dele no palco é capaz de provar isso.
Em antiga entrevista ao Belfast Independent, o saudoso músico, falecido em 2011, foi perguntado sobre o assunto. E deu uma resposta que diz muito sobre ele:
“(Tocar e fazer careta) É quase uma coisa sexual. Você poderia tirar uma foto de alguém do pescoço para cima e perguntar a outro o que aquela pessoa na foto está fazendo. A resposta nem sempre seria ‘ele está tocando guitarra’. Pode haver dor ou prazer. As pessoas zombam de mim pelas caretas, mas não é artificial. Quando estou tocando, fico completamente perdido nisso e nem mesmo percebo o que estou fazendo com meu rosto – estou apenas tocando.”
A música, por si só, não era suficiente para Gary Moore. Sempre com o coração na ponta da chuteira – digo, da palheta –, o cara transbordava emoção.
Dá para sentir isso em, praticamente, todas as músicas que lançou, seja com bandas como Thin Lizzy e Colosseum II, seja em sua longeva carreira solo. E não era só nas seis cordas: ele também cantava de forma visceral, carregada, como se fosse a sua última canção.
Foram mais de 40 anos de uma carreira praticamente irretocável, encerrada de forma inesperada em 6 de fevereiro de 2011. Gary Moore, que nos deixou aos 58 anos de idade após sofrer um ataque cardíaco, passou pelo blues, jazz, hard rock, heavy metal e, acredite, muito mais. Sempre com primor técnico e, o mais importante, feeling de sobra.
Produzi um especial sobre Gary Moore para a edição 113 (maio de 2021) da Guitarload. No artigo, analiso a carreira de Moore, aponto os principais equipamentos que o músico utilizou ao longo de sua trajetória e indico os melhores álbuns produzidos por ele. A revista pode ser lida de forma gratuita, mas por tempo limitado, clicando aqui.
resposta genial de um genio criminalmente subestimado pela geração spotify de musica biodegradável, quanta saudade tenho desse cara e quanta falta ele faz
Era um gênio. Tocava guitarra e cantava muito!