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Edu Falaschi lança “Vera Cruz”, seu primeiro álbum solo; ouça e saiba tudo sobre ele aqui

Gravado no fim de 2020 no estúdio carioca Nas Nuvens, disco solo traz banda que acompanhou Falaschi em turnês: Aquiles Priester, Fabio Laguna, Roberto Barros, Diogo Mafra e Raphael Dafras

O vocalista Edu Falaschi lançou nas plataformas digitais, nesta terça-feira (18), seu primeiro álbum solo. Intitulado “Vera Cruz”, o trabalho chega a público por meio da gravadora MS Metal Records.

Gravado no fim de 2020 no estúdio carioca Nas Nuvens, “Vera Cruz” tem produção do próprio Edu junto do guitarrista Roberto Barros, com co-produção de Thiago Bianchi. A mixagem e a masterização foram conduzidas pelo produtor Dennis Ward, que trabalhou em três dos quatro álbuns que Edu gravou com o Angra: “Rebirth” (2001), “Temple of Shadows” (2004) e “Aurora Consurgens” (2006).

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O disco traz a mesma banda de apoio que acompanhou Falaschi em seus shows solo. Além do já mencionado Roberto Barros, a formação traz Aquiles Priester (bateria), Fábio Laguna (teclados), Diogo Mafra (guitarra) e Raphael Dafras (baixo).

Um romance ambientado entre Brasil e Portugal nos tempos do descobrimento da ilha de Vera Cruz pelos colonizadores lusitanos é o mote da criação do repertório autoral composto por Edu Falaschi. O conceito das letras foi criado por Edu e desenvolvido por Fabio Caldeira. As orquestrações do álbum foram inicialmente idealizadas pelo vocalista e produzidas, criadas e finalizadas por Pablo Greg.

Ouça a seguir, via Spotify, ou clique para conferir em outra plataforma digital.

Pude bater um papo com Edu Falaschi para o Whiplash.Net, onde falamos sobre vários detalhes de “Vera Cruz” e de sua carreira solo. Separei alguns trechos de destaque da entrevista, que você pode conferir a seguir.

O conceito de “Vera Cruz”

O material de divulgação do álbum descreve o conceito das letras da seguinte forma:

“‘Vera Cruz’ tem como ponto de partida a cidade portuguesa de Tomar. Em 1482, uma criança deixada na porta de um convento desperta a curiosidade de todos devido a uma peculiaridade: uma marca de nascença que, séculos antes, foi mencionada em uma misteriosa profecia sobre a extinção da maléfica Ordem da Cruz de Nero.

É a partir dessa característica que a história de ‘Vera Cruz’ se desdobra e apresenta Jorge, o portador da marca, que cresceu sob os cuidados da igreja e cheio de dúvidas: afinal, que mensagens os pesadelos tão presentes em suas noites querem passar? Prestes a desbravar os mares, Jorge se depara com dilemas sobre sua identidade, missão, amor, amizade e intrigas.

Feita a partir de elementos históricos e de ficção misturados, ‘Vera Cruz’ é, principalmente, uma história sobre maniqueísmo, relações humanas, amor e ódio. Feito a partir de pesquisas na literatura da época para garantir fidelidade à ambientação do romance, ‘Vera Cruz’ tem seu ápice em terras brasileiras, com Jorge adulto e integrante da esquadra do mestre da Ordem de Cristo, Pedro Álvares Cabral.”

A ideia de abordar tal história surgiu logo no desenvolvimento inicial do álbum. Edu Falaschi contou que queria homenagear o Brasil com “algo especial”, não só na história por trás das letras, como no lançamento físico do disco, cujos formatos vão desde um CD digipack a um box luxuoso, já esgotado na pré-venda, que trouxe um CD em digibook com vários outros itens.

“Eu já tinha a ideia inicial, com a história da profecia, do personagem principal que nasce com uma marca no peito. Isso aconteceria na Europa, pelo contexto, já que ele é descendente de uma ordem medieval. Pesquisamos e descobrimos que houve muita presença de templários no Brasil. Há vários monumentos templários aqui. Então, houve a conexão perfeita.”

Comparações com o Angra

Logo que os primeiros detalhes de “Vera Cruz” foram anunciados, parte dos fãs promoveu comparações com trabalhos anteriores do Angra. Ainda antes de ouvir alguma música do disco, internautas nas redes traçaram paralelos entre a obra, especialmente pela capa de Carlos Fides e pelo conceito das letras, e trabalhos da antiga banda de Edu Falaschi, como “Temple of Shadows” e “Holy Land” (1996) – este último, gravado ainda com Andre Matos, seu antecessor nos vocais do grupo.

Durante a entrevista, Falaschi enxergou as comparações com certa naturalidade, especialmente no campo sonoro – afinal, ele fez parte do Angra por anos, assim como Aquiles Priester e, como membro de apoio de turnês, Fabio Laguna.

“O álbum tem esse DNA do que eu compunha com o Angra. É natural, porque é o mesmo compositor. É o cara que compôs ‘Nova Era’, ‘Spread Your Fire’, ‘Angels and Demons’, ‘Heroes of Sand’, ‘Bleeding Heart’, ‘Wishing Well’, ‘The Course of Nature’ e aí vai. É a linguagem de cada um. A bateria do Aquiles fala muito alto, a voz dá a cara de uma música, então é natural. […] É um álbum que celebra meus 30 anos. São 30 anos de composição, de história.”

Dá para dizer que “Vera Cruz” copia o Angra? Edu Falaschi aponta que não:

“Não é uma cópia. Fiz parte do Angra por 12 anos, é meu DNA. Inclusive, muita gente conheceu o Angra naquela época, comigo, e só depois a história com o Andre Matos. Ouço relatos dessa geração. Quem faz essas comparações, não entende que é natural, que envolve nossa linguagem musical. Além disso, a temática sobre o Brasil na música não foi feita só pelo Angra. Há músicas do Sepultura, Milton Nascimento, Caetano Veloso, entre muitos outros, baseados na cultura brasileira.”

A possibilidade de comparações com obras do Angra, inclusive, foi cogitada logo no início do desenvolvimento desse trabalho, de acordo com Falaschi:

“Conversamos sobre essa questão ao construir o conceito, sobre o risco da comparação com ‘Holy Land’, mas não dá para ficar preso a uma história da década de 1990, sendo que essa é a mesma história do nosso povo. São mais de 500 anos. Não me preocupo com essas comparações. Estou bem tranquilo e muito orgulhoso do álbum.”

Resgatando técnicas de voz

Como “Vera Cruz” foi criado para celebrar seus 30 anos de carreira, Edu Falaschi quis produzir um material rebuscado, inclusive a partir de sua própria interpretação vocal. Logo nas primeiras músicas do álbum, percebe-se que o cantor se apresenta na mesma linha do que fez em seus trabalhos mais clássicos com o Angra, que vinham sendo tocados em suas turnês de 2017 a 2019.

“Eu já vinha de uma turnê de 2 anos cantando Angra, o que eu cantava uma década atrás. Fizemos muitos shows, então, eu já estava em forma para gravar o álbum. Além disso, no ‘Vera Cruz’, resgatei algumas técnicas de voz que eu não usava mais no Almah. Além de eu já estar doente naquela época, o estilo da banda não pedia. Como já vinha cantando as músicas do Angra na turnê, quis resgatar o Edu, tecnicamente falando, de 2001. Em anos anteriores, eu não conseguia usar essas técnicas que explorei, então pensei que aquele era o momento de resgatar.”

Em seguida, ele exemplifica:

“Alguns exemplos disso são as formas que uso para subir a voz para o agudo, que lembra Symbols em alguns momentos. O refrão da ‘Land Ahoy’, que é mais épico, tem a pegada da ‘Heroes of Sand’, com aquela impostação. Eu não conseguia mais fazer aquilo na época em que tive o problema. Quando você ouve o ‘Rebirth’ e o ‘Vera Cruz’, há uma similaridade de técnica e de sonoridade da voz. É o mesmo cara, voltando com aquela técnica, com notas agudas com voz de peito, sem falsete, até dos tempos de Symbols.”

Participações

Fora a lista de colaboradores envolvidos em “Vera Cruz”, há duas participações especiais no trabalho: os vocalistas Max Cavalera (Soulfly, Cavalera Conspiracy, ex-Sepultura), nos guturais de “Face of the Storm”; e Elba Ramalho, em “Rainha do Luar”.

Sobre Max Cavalera, Edu comentou:

“Era um sonho ter o Max Cavalera. É um grande ídolo não só de todo o Brasil, mas um ídolo meu, particular. O cara estourou com o Sepultura, na MTV e tudo, quando eu ainda era adolescente. Cresci ouvindo. Fiz a música já com gutural e ele não só seria o mais indicado, por ser um ícone máximo, como também eu fiz as linhas de voz pensando no estilo dele. Caso ele não aceitasse, outro cantor poderia fazer, mas as métricas e o jeito de cantar foram pensadas para ele, que também trouxe aspectos próprios.”

Com relação a Elba Ramalho, o vocalista pontuou:

“Era um sonho meu, desde pequeno. Meus pais eram grandes fãs. Amo a música ‘De volta pro aconchego’, é uma das mais bonitas que já ouvi. E eu queria ter um artista do Nordeste cantando comigo na mesma música, pois nunca tive isso. Foi a primeira artista que pensei. Ela me retornou o convite um dia, pelo telefone. Disse que achou a música linda e aceitou. Foi uma conversa muito natural e ela foi muito gente fina. A entrega dela foi imensa.”

Leia a íntegra de minha entrevista com Edu Falaschi para o Whiplash.Net.

Edu Falaschi – “Vera Cruz”

  1. Burden
  2. The Ancestry
  3. Sea of Uncertainties
  4. Skies in Your Eyes
  5. Frol De La Mar
  6. Crosses
  7. Land Ahoy
  8. Fire With Fire
  9. Mirror of Delusion
  10. Bonfire of the Vanities
  11. Face of the Storm (com Max Cavalera)
  12. Rainha do Luar (com Elba Ramalho)
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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