A saída do saudoso vocalista Andre Matos do Angra quase aconteceu antes do esperado. O cantor deixou a banda em 2000, acompanhado do baixista Luis Mariutti e o baterista Ricardo Confessori. Porém, ele tentou deixar o grupo entre 1997 e 1998 – e Edu Falaschi, que acabou se tornando seu sucessor, já era cotado para o posto nessa época.
A história já foi comentada tanto pelo próprio Edu Falaschi quanto pelo guitarrista Kiko Loureiro. Falaschi abordou o assunto em entrevista ao jornalista Gastão Moreira. Loureiro, por sua vez, falou da história em um vídeo gravado logo após a morte de Andre Matos, em 2019.
Kiko contou que era Andre quem desejava sair, para se dedicar a outros trabalhos. “Teve um momento em que o Andre saiu da banda, logo após a turnê do ‘Holy Land’ (1996). Ele não queria mais: queria fazer o Virgo, que era um trabalho solo dele, e não iria fazer o ‘Fireworks’ (1998), que foi o terceiro álbum”, afirmou.
Edu, por sua vez, comentou que já estava trabalhando com o Symbols, uma de suas bandas pré-Angra, quando recebeu o convite. “O Angra me chamou antes do ‘Rebirth’ (2001). Fui chamado para gravar o ‘Fireworks’. O Andre já ia sair depois do ‘Holy Land’, aí eles me chamaram, não teve teste nem nada. Só sairia o Andre, o Luis (Mariutti, baixista) e o Ricardo (Confessori, baterista) permaneceriam. Fiz um ensaio com eles, os caras gostaram”, disse.
Executivo interveio; Andre Matos ficou
Um executivo da gravadora francesa do Angra resolveu agir em prol da permanência de Andre Matos. “Por algum motivo, o cara da França, da gravadora, que era muito ativo para a banda por sermos grandes na França, veio ao Brasil. Teria um show do Whitesnake com Megadeth e ele era fã da banda. Ele veio para esse show e também para resolver o problema que estava na banda. Edu Falaschi ensaiou com a gente nesse período. Já chegamos a falar sobre isso abertamente, o Andre não queria fazer parte do Angra”, relembrou Kiko.
A atitude do executivo francês acabou garantindo a permanência de Andre Matos. “Esse cara da França, engenhosamente… fomos em um restaurante e estávamos nós três na mesa, porque ele armou isso. Em uma hora, ele ficou de canto e lembro daquela lavação de roupa suja, eu e ele conversando abertamente e essa conversa fez com que o Andre voltasse para a banda, para os ensaios”, disse o guitarrista.
Angra mais distanciado em ‘Fireworks’
Já com Andre Matos de volta, o processo de composição de ‘Fireworks’ funcionou de uma forma um pouco mais distante do vocalista, segundo Kiko Loureiro. Apesar disso, foi com o cantor que o disco tomou forma – se Edu Falaschi entrasse, o trabalho certamente soaria diferente.
“Foi aí que ele trouxe a música ‘Lisbon’, trouxe ‘Fairy Tale’ – que a banda não gostou, então ele acabou usando no Shaman -, ‘Wings of Reality’ e outras composições. Ele participou, mas você pode perceber que são músicas mais isoladas. Em ‘Speed’, eu fiz a música e ele a letra. Teve ‘Rainy Nights’, certa colaboração, mas já distanciado. Aí, fizemos o álbum, a banda cresceu mais, fez turnês maiores, mas ele não queria mesmo”, afirmou.
Falaschi brincou que, por sorte, não contou a novidade para ninguém, apenas para o irmão, Tito, que também é músico. “Rolou aquela frustração. Passaram alguns anos, aí o Kiko me ligou e perguntou se eu lembrava daquela história… agora era real (risos). Só que nessa situação, fizeram um teste com outros caras também”, disse.
Quando Edu finalmente entrou para o Angra, também foi necessário preencher as lacunas deixadas por Luis Mariutti e Ricardo Confessori, que acompanharam Andre Matos em outra banda, o Shaman. Então, Felipe Andreoli e Aquiles Priester foram convocados, respectivamente, para as vagas de Luis e Ricardo.