Ann Wilson, do Heart, relembra críticas “cruéis” ao seu corpo nos anos 80

Artista viveu auge de sua fama no período, mas era frequentemente constrangida por comentários a respeito de sua forma física

O Heart viveu o auge de sua popularidade na década de 1980, conquistando ainda mais sucesso do que nos anos 1970, quando surgiu diante do grande público. Entretanto, a vocalista Ann Wilson não tem as melhores lembranças desse período de ápice de sua banda.

A cantora era frequentemente criticada por sua aparência, o que levou não apenas a uma longa luta com a balança, mas também contra drogas e álcool. Ela classifica algumas das críticas como cruéis e relembrou crises de ansiedade e medo do palco.

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O assunto foi abordado por Ann Wilson durante participação no podcast Mind Wide Open, comandado por Lily Cornell Silver, filha do falecido Chris Cornell. As declarações foram transcritas pelo Ultimate Classic Rock.

Ann Wilson e a degradação dos anos 1980

Para a vocalista, a década de 1980 representou o auge da desvalorização das mulheres, que eram relegadas apenas a um papel decorativo – mesmo no caso de uma cantora e compositora como ela, que já havia demonstrado seu talento no período anterior.

“O que acontece é que você entra nessa intensa encruzilhada de holofotes. E, acima disso, eram os dias da MTV, quando você tinha que não só estar em uma banda: você tinha que parecer uma modelo, tinha que ser capaz de cantar, dançar, atuar e parecer fantástica o tempo todo, de todos os ângulos. […] Eu sempre era criticada por não parecer uma modelo. Por ser real. Algumas críticas eram muito cruéis e desagradáveis.”

Mudanças no Heart

Foi nesse ambiente em que o Heart viveu o apogeu de sua popularidade: em 1985, o grupo voltou às paradas com seu álbum autointitulado. Além da sonoridade, mais orientada ao hard rock daquele período, a imagem da banda estava diferente, mais “atualizada”.

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Na visão de Ann, isso levava os jornalistas especializados a dar muita ênfase no visual, principalmente em se tratando de um grupo comandado por duas mulheres. O público também reproduzia esse comportamento.

“Uma vez, eu estava em um aeroporto e eu li uma resenha sobre um show da noite anterior que realmente me atingiu, por tudo que estava ‘errado’ comigo. E o texto nem citava que eu cantei. Tive que encontrar um banheiro para apenas relaxar, pois sentia que iria pirar. Era demais para mim. Não conseguia lidar com todas aquelas críticas para um público tão amplo. Quando eu me acalmei, estava ok, mas aquela coisa voltava a acontecer. Isso me fez desenvolver medo de palco. Todas as críticas amontoadas em apenas uma pessoa da banda. Era tudo culpa minha. Virou um medo.”

Durante esse período, a vocalista acabou se entregando aos vícios como forma de anular a ansiedade e o mal-estar causados por esses fatores. Ela concluiu:

“Eu farreava para relaxar. Para escapar daqueles sentimentos de ansiedade. Os motivos mais clássicos. Se algo é realmente assustador e além dos limites, e você não consegue enfrentar, você se volta para as drogas e o álcool, que foi o que eu fiz na época.”

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

4 COMENTÁRIOS

  1. Gostei da matéria. Acompanhei a banda Heart nos Anos 80 e achei fantástica a performance dela. Sempre achei a Ann e sua irmã Nancy mulheres muito bonitas e talentosas. Cantavam músicas empolgantes como ‘If Look Coulds Kill’ e românticas como ‘These Dreams’ e ‘Alone’, todas bem instrumentadas e interpretadas com maestria por elas. Essa ‘ditadura da aparência’ não é algo só daquela época, continuou nas décadas seguintes e creio que, em muitos aspectos, hoje em dia as coisas se degradaram muito mais em sentido moral se comparado com aquela época.
    É uma pena que, por falta de orientação, pessoas até mesmo talentosas recorreram aos vícios para lidar com a pressão psicológica e emocional.
    Um fato curioso, até em relação à banda Heart, é que muitos, incluindo locutores de programas musicais, que apreciavam (e apreciam até hoje) se referiam ao Heart como aquela banda das 2 mulheres canadenses (exaltando não só o talento, mas também a beleza das irmãs Ann e Nancy). Isso me faz concluir que, se havia pessoas que criticavam a aparência de Ann, certamente havia muitos que apreciavam e apreciam o talento, a voz e a aparência das duas vocalistas.
    Com todas as situações desafiadoras da época, os Anos 80 produziram uma ampla gama de grupos, bandas, cantores(as) de refinada qualidade no rock e em diversos gêneros musicais, como se pode ver nas músicas da época. Elas continuam até hoje a arrancar elogios dos ouvintes.

    Obrigado pela oportunidade, Igor!
    Parabéns pelo trabalho.

  2. O tempo passa e as pessoas envelhecem. A beleza física torna-se uma lembrança do passado, mas o talento musical permanece.
    Aprendi a gostar do Heart no início da década de 70 e não há como não ficar encantado com a voz da Ann Wilson.

  3. As vezes a aparência importa para alguns, gostava de ver Derrick Green com os seus Dreads mesmo e não careca!!!! Hoje vejo a cantora Adele e fico assustado com a aparência dela, preferia ela gorda…era mais bonita!!!! fato ou não, sempre seremos julgadors pela a aparência…até na hora de procurar emprego!!!! valeu!!!

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