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Como o Heart trocou o bandolim pelo laquê no álbum de 1985

Banda passou por um processo de revitalização de sua carreira com seu álbum homônimo, de 1985, após fazer sucesso nos anos 70

O Heart passou por um bem-sucedido processo de revitalização de sua carreira na década de 1980. A banda se consagrou ainda nos anos 1970, com álbuns do porte de “Little Queen” (1977) e “Dog And Butterfly” (1978), mas os anos seguintes foram mais complicados em vendas: “Private Audition” (1982) e “Passionworks” (1983) sequer chegaram às 500 mil cópias nos Estados Unidos, então, não foram certificados com discos de ouro.

Em entrevista à Classic Rock, a vocalista Ann Wilson contou que a situação começou a mudar em 1984, quando o Heart passou por mudanças na formação e no gerenciamento. “Mudamos tudo. Nancy (Wilson, guitarrista) e eu sentimos que havíamos chegado ao fim de uma era. Então, chamamos um novo baixista e baterista (Mark Andes e Denny Carmassi). E Howard Leese (guitarrista) ficou”, afirmou.

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A expectativa não era tão grande, segundo Ann Wilson, mas a mudança era necessária, pois elas haviam acabado de mudar de gravadora – BMG para Capitol – e precisavam de um álbum de sucesso, caso contrário, ficariam sem contrato. “O empresário Don Grierson teve uma visão que nós não havíamos tido, porque estávamos por aí, tocando vários shows no país. Não estávamos nos centros culturais, onde, na época, estavam formulando todo aquele novo estilo de compor e de fazer clipes”, disse.

A principal mudança a partir daquele momento foi o uso de compositores externos. Antes, o material era feito todo por integrantes do Heart. Naquele momento, porém, músicas de outros nomes passariam a ser usadas. Com isso, o estilo da banda também mudou: aquele rock de forte influência folk deu lugar a um hard rock bastante alinhado com os padrões da década de 1980. Até o visual foi afetado: a aparência de garotas do campo foi substituída por vestidos espalhafatosos e penteados repletos de laquê.

O sucesso do Heart em 1985

O primeiro álbum a representar essa mudança foi o homônimo, de 1985. E deu certo em muitos sentidos, especialmente no âmbito comercial. “Heart” tornou-se o único álbum da banda a chegar ao topo das paradas da Billboard e superou as vendas de todos os antecessores. Os hits “These Dreams”, “What About Love”, “Never”, “Nothin’ at All”, e “If Looks Could Kill” emplacaram nas paradas de todo o mundo.

Embora Ann e Nancy tenham se mantido como compositoras de algumas faixas, todos os hits são de autores externos. “These Dreams”, o maior deles, foi feito por Bernie Taupin, eterno parceiro criativo de Elton John, junto de Martin Page. Já “Nothin’ at All” foi feita por Mark Mueller, que já trabalhou com nomes que vão de Abba a ‘N Sync.

“É engraçado, porque você pensaria que Nancy e eu estávamos no comando, mas, naquela época, não era assim. E foi difícil, porque nós gostamos muito do sucesso conquistado naquela época, mas nos sentíamos desconfortáveis. Fizemos tantas músicas ao longo dos anos e foi necessário cantar músicas dos outros para chegar ao topo das paradas. Foi meio que uma barganha com o demônio. Mas não vou mentir e dizer que fui obrigada. Fizemos isso porque quisemos”, afirmou Ann Wilson.

Evolução do Heart

Apesar de ter sido concebido em meio aos excessos da década de 1980, o Heart se tornou uma “banda incrível” naquela época, segundo Ann. “Eu só precisava me acostumar com a ideia de interpretar músicas dos outros. No início, não foi algo calculado. Além disso, Nancy e eu adorávamos maquiagem e roupas estilosas. Quem não gostaria de se transformar em criaturas do rock como fizemos? Foi divertido. Só foi complicado na estrada: tocar usando corset, veludo e cabelão no Sul dos Estados Unidos, com calor intenso e umidade, era difícil”, disse ela.

– A agressão que congelou o Heart e separou as irmãs Wilson

Por fim, a cantora reconheceu que o álbum “Heart”, bem como seu sucessor direto, “Bad Animals”, são “produtos de sua época”. “Porém, se você ouvir com atenção, algumas das músicas são incríveis”, afirmou.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. Apesar de todos os detalhes da transformação estética e no processo de composição da banda, o mais importante permaneceu intacto: a integridade artística! Muitos tiveram seu primeiro contato com a banda nesse período, fazendo que consequentemente a fase setentista da banda fosse conhecida e admirada posteriormente. Mais um caso em que a ordem dos fatores não altera o resultado!!

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