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The Dead Daisies lança o disco ‘Holy Ground’, com Glenn Hughes; ouça e leia resenha

Trabalho marca a estreia de Glenn Hughes (vocal e baixo) na formação, completa por Doug Aldrich e David Lowy (guitarras) e Deen Castronovo (bateria)

O supergrupo The Dead Daisies liberou um novo álbum de estúdio nesta sexta-feira (22). Intitulado ‘Holy Ground’, o disco está chegando através dos selos Spitfire Music e SPV GmbH.

O novo trabalho, quinto da discografia, marca a estreia de Glenn Hughes (Deep Puprle, Black Sabbath, Black Country Communion) como vocalista e baixista da banda, completa por Doug Aldrich (Whitesnake, Dio, Bad Moon Rising, Burning Rain) e David Lowy (Mink, Red Phoenix) nas guitarras e Deen Castronovo (Journey, Bad English, Revolution Saints, Hardline) na bateria. Na turnê de divulgação, Tommy Clufetos assume a vaga de Castronovo.

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O material foi gravado no La Fabrique Studios, no sul da França, com o produtor Ben Grosse. Em entrevista exclusiva ao IgorMiranda.com.br, que será publicada nos próximos dias, Deen Castronovo revelou que o grupo está apostando em uma sonoridade bastante orientada pelo hard rock dos anos 1970, com referências de Led Zeppelin e Deep Purple – banda que Glenn Hughes integrou naqueles tempos.

A previsão inicial era lançar ‘Holy Ground’ ainda no início de 2020. Entretanto, a pandemia do novo coronavírus atrapalhou os planos da banda, que liberou uma série de singles e gravou um EP de covers, em formato acústico, ao estilo “lockdown sessions”.

Ouça ‘Holy Ground’ na íntegra abaixo, via Spotify. Leia resenha a seguir.

Resenha: The Dead Daisies evidencia boa química em ‘Holy Ground’

O The Dead Daisies parou de tentar se apresentar como uma banda, em formato tradicional. O projeto liderado por David Lowy agora se autodenomina como um “coletivo”. O motivo é evidente: geralmente sem tretas, músicos entram e saem do projeto com certa frequência. Não à toa, eles nunca tiveram a mesma formação em mais de um álbum.

John Corabi e Marco Mendoza deixaram o The Dead Daisies pelo mesmo motivo que a maioria dos outros integrantes passados: queriam se dedicar a outros projetos. Glenn Hughes foi chamado e, sozinho, substituiu os dois, já que é notável por assumir vocal e baixo em seus trabalhos.

A simples presença de Hughes já fez com que ‘Holy Ground’ se tornasse um álbum diferente dos anteriores. A classe do veterano em sua performance e nas ideias de composições deu outro toque à banda.

A sonoridade do projeto segue apostando em um hard rock de peso, bem ganchudo, com as guitarras de David Lowy e Doug Aldrich na linha de frente. Agora, porém, ganhou certa malemolência. Passou a ter aquele groove presente em quase todas as produções de Glenn Hughes – cuja química com Aldrich, guitarrista em algumas de suas turnês solo, e Deen Castronovo, um baterista muito versátil e habilidoso, é evidente.

A música ‘Holy Ground (Shake the Memory)’, que abre o álbum e já havia sido liberada como single, não mostra isso tão bem. Soa como uma composição do disco anterior, o bom ‘Burn it Down’ (2018). Não surpreende. A partir da faixa seguinte, a excelente ‘Like No Other (Bassline)’, esses elementos aparecem mais. Trazendo o groove como prioridade, a canção ousa ao arriscar mais em seu formato, seja pelas mudanças de ritmo, pelos solos de baixo ou pelos ótimos backing vocals femininos no refrão.

A bem produzida ‘Come Alive’, na sequência, parece unir os pontos principais das duas músicas anteriores: tem o peso e o groove ao mesmo tempo. ‘Bustle and Flow’, outra já conhecida do público, tem riffs cavalares de guitarra como principal atrativo, enquanto a melancólica e heavy ‘My Fate’, logo após, muda o clima do álbum ao adotar afinações mais graves e “arrancar” uma emotiva interpretação vocal de Glenn Hughes.

O hard rock de forte groove volta a tomar conta da audição na ótima ‘Chosen and Justified’, que traz a bateria de Deen Castronovo na linha de frente. ‘Saving Grace’, por sua vez, retoma as afinações mais graves, porém, de uma forma mais heavy e menos melancólica que ‘My Fate’. Mais uma conhecida do público, ‘Unspoken’ tem a aura de um hino classic rock, com pegada envolvente, refrão feito para arenas e boas aparições de todos os integrantes, incluindo bons solos de Doug Aldrich.

’30 Days in the Hole’, original do Humble Pie, ganhou uma versão própria e bem peculiar, com Deen Castronovo arrebentando nos vocais ao lado de Glenn Hughes – se você não conhece o talento do baterista com o microfone, ouça a banda Revolution Saints. ‘Righteous Days’, primeiro single do álbum e uma das últimas da tracklist, até engana com sua entrada quase AC/DC, mas é uma das mais pesadas do álbum, conseguindo esse mérito sem precisar apostar em afinações muito graves ou distorções de alto ganho. O peso está nas mãos dos músicos, não em equipamentos.

O disco acaba com a música mais diferente da carreira do The Dead Daisies aqui: ‘Far Away’, que explora vários climas ao longo de seus 7 minutos de duração. Com início suave e entrada gradual de instrumentos (incluindo orquestrações), a canção cresce de forma gradual até chegar a um encerramento apoteótico. O que Glenn Hughes faz nos vocais dessa música, no auge de seus 69 anos, beira o inacreditável.

Por ‘Holy Ground’ ser tão diferente de seus antecessores, é difícil tecer qualquer comparação com o restante da discografia do The Dead Daisies. O ouvinte precisa saber, porém, que o álbum é realmente bom. Nada inovador, mas tudo muito bem feito e com várias músicas de destaque, como ‘Like No Other (Bassline)’, ‘Unspoken’, ‘Far Away’, ‘Chosen and Justified’, ‘Righteous Days’, entre outras. Em meu gosto pessoal, o novo trabalho só fica atrás do excelente disco de estreia, lançado em 2013 e de estética musical bem diferente do material seguinte.

A sensação passada em ‘Holy Ground’ é que o trabalho com a formação de quarteto permitiu que a química dos integrantes fluísse melhor. Além disso, a vasta experiência de Glenn Hughes, evidentemente, fez a diferença. Até mesmo a produção, um ponto ligeiramente frágil dos álbuns gravados com John Corabi, parece ter atuado de forma distinta e mais efetiva por aqui.

O único problema é pensar na possibilidade de essa formação não tocar junta novamente – nem mesmo na turnê de divulgação, que terá Tommy Clufetos na vaga de Deen Castronovo, afastado para cuidar de problemas de saúde. Definitivamente, o The Dead Daisies funcionou muito bem em ‘Holy Ground’ e eu torço para que esses músicos gravem mais discos em parceria.

‘Holy Ground’ está representado em minha playlist de lançamentos, atualizada semanalmente. Siga e dê o play:

The Dead Daisies – ‘Holy Ground’

Glenn Hughes (vocal, baixo)
Doug Aldrich (guitarra)
David Lowy (guitarra)
Deen Castronovo (bateria, vocal)

01. Holy Ground (Shake The Memory)
02. Like No Other (Bassline)
03. Come Alive
04. Bustle And Flow
05. My Fate
06. Chosen And Justified
07. Saving Grace
08. Unspoken
09. 30 Days In The Hole
10. Righteous Days
11. Far Away

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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