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Dirty Honey, a banda que se orgulha de ser classic rock e independente

Nunca estivemos tão saudosistas como na atualidade. O sucesso de uma banda como o Dirty Honey mostra isso perfeitamente.

Vivemos tempos de remakes/reboots no cinema e na TV, olhares carinhosos ao retrô na moda e referências ao passado construído pela cultura pop em quase todos os diálogos por aí. Dessa forma, não é de se espantar que a música não apenas faça parte como, de certa forma, até lidere essa busca pelo old-school.

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O sucesso recente de bandas como Greta Van Fleet e até mesmo Rival Sons, que não são exatamente revolucionárias em estética sonora, abriu portas para o surgimento e crescimento do Dirty Honey, que aposta em vocais agudos e rasgados, formatos verso/refrão/ponte, guitarras de timbres gordos e cozinha nervosa, porém básica. Alia vários elementos da estética do rock setentista, ainda que também tenha seus diálogos com o hard dos anos 80.

Em suma: cabelos longos e ligeiramente rebeldes, vocalista na pegada rockstar, guitarra Gibson Les Paul ligada em amplificador Marshall, jaqueta de couro, óculos Ray-Ban, letras mundanas e por aí vai. Você já viu tudo isso, mas talvez, pelo visto, queira tudo isso de novo.

O grupo americano foi formado em 2017, pouco tempo após o vocalista Marc Labelle deixar sua terra natal, Nova York, para morar em Los Angeles. Por lá, ele se apresentava com um projeto de covers em um bar quando conheceu o guitarrista John Notto. Os dois recrutaram o baixista Justin Smolian e o baterista Corey Coverstone, consolidando a formação.

– Leia também: 5 músicas do Greta Van Fleet que não se parecem com Led Zeppelin

Uma das principais influências do Dirty Honey, o Guns N’ Roses, motivou até mesmo a mudança de John Notto, que também não é de Los Angeles: ele migrou do estado do Maine para a ensolarada L.A. na tentativa de fazer o mesmo sucesso de sua banda favorita.

O nome Dirty Honey foi concebido com inspiração no projeto The Honeydrippers, de outro ídolo: o vocalista Robert Plant, do Led Zeppelin. Labelle diz que idealizou o nome ao pensar que soava “sujo” – em tradução livre, Dirty Honey significa “mel sujo”.

Início no rock alternativo?

Em 2018, a banda lançou sua primeira música, ‘Fire Away’, nas plataformas digitais. Obteve boa repercussão, porém, era clara a intenção de soar um pouco mais próximo do rock alternativo, que está em alta há tantos anos.

“Estávamos tentando nos afastar demais do rock and roll tradicional e buscando chegar a um novo terreno, em vez de simplesmente dar o que era natural para nós”, explica Marc Labelle, em entrevista à ‘Rolling Stone’.

– Leia também: O Rival Sons abriu caminho para o Greta Van Fleet fazer sucesso?

Eles até tentaram soar mais alternativos e menos clássicos, mas os berros do vocalista no refrão de ‘Fire Away’ não escondiam as influências de nomes como Axl Rose e Steven Tyler, do Aerosmith – banda que ele afirma já ter assistido entre 20 a 25 shows.

O EP e a consagração do Dirty Honey

Nas músicas seguintes, que estão reunidas no EP ‘Dirty Honey’, lançado em março de 2019, o grupo assumiu de vez que era uma banda de classic rock. Eles, inclusive, não gostam do título “hard rock” porque, segundo os próprios, nos Estados Unidos, é uma titulação mais usada para bandas de metal, como Iron Maiden e Metallica.

O EP que leva o nome da banda traz, ao todo, seis músicas: ‘When I’m Gone’, ‘Rolling 7s’, ‘Heartbreaker’, ‘Down the Road’, ‘Scars’ e ‘Break You’. Todo o material fez bastante sucesso nas plataformas de streaming, tanto que a banda acumula mais de 300 mil ouvintes mensais no Spotify. Porém, vale destacar que a faixa de abertura do compacto surpreendeu a todos, já que ela registra, sozinha, 6,3 milhões de streams apenas nesta plataforma.

O êxito de ‘When I’m Gone’ fez o Dirty Honey conquistar uma marca inédita: foi a primeira banda independente em toda a história da parada americana Mainstream Rock Songs, da Billboard, a emplacar uma música no primeiro lugar. Não só ficou no topo dos charts, como permaneceu por lá durante, pelo menos, 5 meses.

– Leia também: 25 bandas de rock e metal da década de 2010 que merecem destaque

“Ouvi um milhão de vezes que rock and roll não bomba no streaming. Porém, bandas de rock vendem milhões de ingressos e produtos de merchandising”, afirmou Marc Labelle, à ‘Rolling Stone’.

Pois é: o rock and roll bomba no streaming. E em qualquer outro lugar – especialmente nos palcos, algo que o Dirty Honey já dividiu com Guns N’ Roses, The Who, Slash, Alter Bridge e Skillet, ao abrir shows dessas bandas.

Impedidos de fazer shows pela pandemia, o grupo já traçou seus próximos planos: estão aproveitando o período para criar novas músicas e até gravá-las. Eles vão trabalhar novamente com o produtor Nick DiDia (parceiro de Brendan O’Brien e engenheiro de som de álbuns do Rage Against The Machine, Pearl Jam e outros), o mesmo do EP. A ideia é entrar em estúdio no início da primavera deste ano no Hemisfério Norte (outono por aqui).

Retrô com orgulho

Em entrevistas, o Dirty Honey não esconde que quer aproveitar o melhor da estética do classic rock. A banda classifica sua sonoridade como “rock and roll à moda nova, da alma”. “Não queremos trazer nada de volta, só queremos fazer músicas que sejam sensuais, pesadas e agitadas ao mesmo tempo. Queremos trabalhar em nossa própria identidade, como nossos antecessores”, afirma Marc Labelle, à revista ‘Revolver’.

– Leia também: Os 60 melhores álbuns de rock e metal da década de 2010, na minha opinião

Para ele, o maior desafio durante essa curta carreira da banda foi fazer com que seus outros integrantes apenas “toquem o que soe legal”. “Parar de tentar reinventar a roda. Se você faz o que te provoca uma boa sensação, soa correto, isso não pode estar errado. Nós tentamos ir fundo demais na armadilha da composição e não soou autêntico”, declara, ao mesmo veículo.

E há público para isso, segundo ele. “Você pode ir à Sunset Strip (em Los Angeles) ou andar em Nashville que vai acabar vendo pessoas por toda a cidade usando camisetas dos Rolling Stones, The Who e Led Zeppelin. Existe uma sede visível por rock and roll”, comentou, à ‘Rolling Stone’.

Independência ou morte

Outro detalhe peculiar do Dirty Honey é que eles optam por continuar sem uma grande gravadora, trabalhando de forma independente. Eles entendem que uma empresa desse porte não há muito a oferecer para eles.

“Estivemos em turnê com muitos grandes artistas e falamos com vários rockstars que admiramos. Nenhum deles falaram que adoram as gravadoras deles”, disse Labelle, novamente à ‘Rolling Stone’.

Segundo o cantor, é importante que uma banda como o Dirty Honey conquiste seu respeito começando do zero. “Muitos dos problemas com cantores de ‘American Idol’ e ‘The Voice’ é que eles nunca passaram pela etapa de cantar em clubes. Eles podem ter aquelas vozes incríveis, inacreditáveis, mas não têm presença de palco, nem conexão com as músicas que cantam”, afirma.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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Vivemos tempos de remakes/reboots no cinema e na TV, olhares carinhosos ao retrô na moda e referências ao passado construído pela cultura pop em quase todos os diálogos por aí. Dessa forma, não é de se espantar que a música não apenas faça parte como, de certa forma, até lidere essa busca pelo old-school.

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O sucesso recente de bandas como Greta Van Fleet e até mesmo Rival Sons, que não são exatamente revolucionárias em estética sonora, abriu portas para o surgimento e crescimento do Dirty Honey, que aposta em vocais agudos e rasgados, formatos verso/refrão/ponte, guitarras de timbres gordos e cozinha nervosa, porém básica. Alia vários elementos da estética do rock setentista, ainda que também tenha seus diálogos com o hard dos anos 80.

Em suma: cabelos longos e ligeiramente rebeldes, vocalista na pegada rockstar, guitarra Gibson Les Paul ligada em amplificador Marshall, jaqueta de couro, óculos Ray-Ban, letras mundanas e por aí vai. Você já viu tudo isso, mas talvez, pelo visto, queira tudo isso de novo.

O grupo americano foi formado em 2017, pouco tempo após o vocalista Marc Labelle deixar sua terra natal, Nova York, para morar em Los Angeles. Por lá, ele se apresentava com um projeto de covers em um bar quando conheceu o guitarrista John Notto. Os dois recrutaram o baixista Justin Smolian e o baterista Corey Coverstone, consolidando a formação.

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Uma das principais influências do Dirty Honey, o Guns N’ Roses, motivou até mesmo a mudança de John Notto, que também não é de Los Angeles: ele migrou do estado do Maine para a ensolarada L.A. na tentativa de fazer o mesmo sucesso de sua banda favorita.

O nome Dirty Honey foi concebido com inspiração no projeto The Honeydrippers, de outro ídolo: o vocalista Robert Plant, do Led Zeppelin. Labelle diz que idealizou o nome ao pensar que soava “sujo” – em tradução livre, Dirty Honey significa “mel sujo”.

Início no rock alternativo?

Em 2018, a banda lançou sua primeira música, ‘Fire Away’, nas plataformas digitais. Obteve boa repercussão, porém, era clara a intenção de soar um pouco mais próximo do rock alternativo, que está em alta há tantos anos.

“Estávamos tentando nos afastar demais do rock and roll tradicional e buscando chegar a um novo terreno, em vez de simplesmente dar o que era natural para nós”, explica Marc Labelle, em entrevista à ‘Rolling Stone’.

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Eles até tentaram soar mais alternativos e menos clássicos, mas os berros do vocalista no refrão de ‘Fire Away’ não escondiam as influências de nomes como Axl Rose e Steven Tyler, do Aerosmith – banda que ele afirma já ter assistido entre 20 a 25 shows.

O EP e a consagração do Dirty Honey

Nas músicas seguintes, que estão reunidas no EP ‘Dirty Honey’, lançado em março de 2019, o grupo assumiu de vez que era uma banda de classic rock. Eles, inclusive, não gostam do título “hard rock” porque, segundo os próprios, nos Estados Unidos, é uma titulação mais usada para bandas de metal, como Iron Maiden e Metallica.

O EP que leva o nome da banda traz, ao todo, seis músicas: ‘When I’m Gone’, ‘Rolling 7s’, ‘Heartbreaker’, ‘Down the Road’, ‘Scars’ e ‘Break You’. Todo o material fez bastante sucesso nas plataformas de streaming, tanto que a banda acumula mais de 300 mil ouvintes mensais no Spotify. Porém, vale destacar que a faixa de abertura do compacto surpreendeu a todos, já que ela registra, sozinha, 6,3 milhões de streams apenas nesta plataforma.

O êxito de ‘When I’m Gone’ fez o Dirty Honey conquistar uma marca inédita: foi a primeira banda independente em toda a história da parada americana Mainstream Rock Songs, da Billboard, a emplacar uma música no primeiro lugar. Não só ficou no topo dos charts, como permaneceu por lá durante, pelo menos, 5 meses.

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“Ouvi um milhão de vezes que rock and roll não bomba no streaming. Porém, bandas de rock vendem milhões de ingressos e produtos de merchandising”, afirmou Marc Labelle, à ‘Rolling Stone’.

Pois é: o rock and roll bomba no streaming. E em qualquer outro lugar – especialmente nos palcos, algo que o Dirty Honey já dividiu com Guns N’ Roses, The Who, Slash, Alter Bridge e Skillet, ao abrir shows dessas bandas.

Impedidos de fazer shows pela pandemia, o grupo já traçou seus próximos planos: estão aproveitando o período para criar novas músicas e até gravá-las. Eles vão trabalhar novamente com o produtor Nick DiDia (parceiro de Brendan O’Brien e engenheiro de som de álbuns do Rage Against The Machine, Pearl Jam e outros), o mesmo do EP. A ideia é entrar em estúdio no início da primavera deste ano no Hemisfério Norte (outono por aqui).

Retrô com orgulho

Em entrevistas, o Dirty Honey não esconde que quer aproveitar o melhor da estética do classic rock. A banda classifica sua sonoridade como “rock and roll à moda nova, da alma”. “Não queremos trazer nada de volta, só queremos fazer músicas que sejam sensuais, pesadas e agitadas ao mesmo tempo. Queremos trabalhar em nossa própria identidade, como nossos antecessores”, afirma Marc Labelle, à revista ‘Revolver’.

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Para ele, o maior desafio durante essa curta carreira da banda foi fazer com que seus outros integrantes apenas “toquem o que soe legal”. “Parar de tentar reinventar a roda. Se você faz o que te provoca uma boa sensação, soa correto, isso não pode estar errado. Nós tentamos ir fundo demais na armadilha da composição e não soou autêntico”, declara, ao mesmo veículo.

E há público para isso, segundo ele. “Você pode ir à Sunset Strip (em Los Angeles) ou andar em Nashville que vai acabar vendo pessoas por toda a cidade usando camisetas dos Rolling Stones, The Who e Led Zeppelin. Existe uma sede visível por rock and roll”, comentou, à ‘Rolling Stone’.

Independência ou morte

Outro detalhe peculiar do Dirty Honey é que eles optam por continuar sem uma grande gravadora, trabalhando de forma independente. Eles entendem que uma empresa desse porte não há muito a oferecer para eles.

“Estivemos em turnê com muitos grandes artistas e falamos com vários rockstars que admiramos. Nenhum deles falaram que adoram as gravadoras deles”, disse Labelle, novamente à ‘Rolling Stone’.

Segundo o cantor, é importante que uma banda como o Dirty Honey conquiste seu respeito começando do zero. “Muitos dos problemas com cantores de ‘American Idol’ e ‘The Voice’ é que eles nunca passaram pela etapa de cantar em clubes. Eles podem ter aquelas vozes incríveis, inacreditáveis, mas não têm presença de palco, nem conexão com as músicas que cantam”, afirma.

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Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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