O baixista Billy Sheehan, do Mr. Big, fez críticas ao trabalho desempenhado pela gravadora da banda a respeito do álbum mais recente, ‘Defying Gravity’ (2017). De acordo com o músico, o último trabalho com o baterista Pat Torpey, falecido em 2018, foi marcado por uma série de prazos apertados para entrega de material, o que comprometeu o resultado artístico obtido.
Durante a entrevista, concedida ao podcast Music Mania e transcrita pelo Blabbermouth, Sheehan não cita o nome da Frontiers, que foi a responsável pelo lançamento. Após a repercussão da conversa, especialmente em sites que transcreveram parte do conteúdo, a Frontiers emitiu uma nota em que se exime da culpa e aponta que o baixista, de fato, não menciona a empresa.
– Resenha: Defying Gravity ‘desafia gravidade’, mas não o bom gosto
“Caímos em mais uma armadilha da gravadora, onde eles disseram que precisavam do disco em um dia específico. Isso estragou tantos discos. Se a gravadora apenas percebesse que o trabalho ainda não estava pronto, que precisava de mais tempo… em vez disso, insistem que as músicas sejam enviadas e lançadas quando não está pronto”, afirmou.
Sheehan contou que o trabalho de masterização, etapa derradeira da pós-produção em que as gravações são balanceadas e transferidas para a mídia final, evidenciou os problemas de ‘Defying Gravity’. “Levamos para a masterização e estava matador. Quando enviaram de volta o material, estava inaudível. Tentaram fazer uma segunda masterização que não funcionou. Mesmo assim, tiveram que enviar para a gravadora, que arruinou o álbum, por insistir em tê-lo”, disse.
O músico acredita que se o Mr. Big tivesse mais um dia para trabalhar na masterização, o resultado seria diferente. “Fui ao estúdio todos os dias e ouvi as gravações. Pat estava conosco. Estava soando tudo bem, mas acabamos nos ferrando”, afirmou ele, mencionando, ainda, que outras bandas já passaram pela mesma situação.
“Deveríamos ter feito como algumas bandas que não aceitam pressão do departamento de marketing. O álbum tinha boas músicas. ‘Be Kind’ é ótima, poderia ser um hit em qualquer lugar. Não gostei tanto da faixa-título, ‘Defying Gravity’, não a escolheria para dar nome ao disco, pois acho que a marcação de tempo incomum dela não funcionou. Não é meu álbum favorito do Mr. Big, mas acho que ficaria bem melhor se não tivessem ferrado a gente”, afirmou.
Ainda segundo Sheehan, fãs já chegaram reclamando da sonoridade de ‘Defying Gravity’, mas que ele não pode falar nada. “Nós temos que defender. O que posso fazer? Concordar? Só que, lá no fundo, a gente sabe que não soa bem. O produtor, Kevin (Elson), ficou decepcionado”, disse.
– Leia também: Eric Martin quer Richie Kotzen na turnê de despedida do Mr. Big
Frontiers se explica
Em nota, a gravadora Frontiers explicou que não foi a única empresa responsável pelo lançamento de ‘Defying Gravity’. O texto aponta que Billy Sheehan não chega a citar o nome da empresa.
“Quem ouviu a entrevista, conferiu que Billy não cita o nome Frontiers. Ele só cita ‘a gravadora’. Sites colocaram o nome da Frontiers. Entendemos, pois a Frontiers lançou o álbum em quase todo o mundo, mas não é correto. O Mr. Big assinou um contrato com uma gravadora japonesa (Wowow Entertainment) para ‘Defying Gravity’ que não teve nada a ver com a Frontiers”, diz o comunicado.
O texto completa: “A gravadora japonesa queria ter lançado o álbum um mês antes. Nós planejamos lançar em 21 de junho de 2017, em vez de maio, conforme o selo japonês havia proposto. Acabamos adiando para 7 de julho de 2017 e, em seguida, para 21 de julho de 2017, devido a atrasos na entrega do material. Em 21 de junho de 2017, segundo o Discogs, a versão japonesa acabou sendo lançada. Não sabemos o que aconteceu entre eles, mas a Frontiers garante que não apressou a entrega”.
– Leia também: ‘Na América do Sul, os fãs cantam os solos do Mr. Big’, diz Billy Sheehan
Por fim, a Frontiers afirma que não tem qualquer má vontade ou ressentimento com relação à fala de Billy Sheehan. “Só queremos esclarecer que não apressamos ou pressionamos a banda, nem fomos os responsáveis por decidir qual versão do álbum seria fabricada e lançada. Somos e seguimos sendo grandes fãs do Mr. Big e é uma honra ter lançado álbuns deles”.
Eric Martin não gosta de Defying Gravity
Também ao Music Mania, o vocalista Eric Martin disse que não gostou de ter gravado ‘Defying Gravity’. “Não liguei muito para esse disco. Gostei de algumas músicas. A melhor parte foi estar junto dos caras, pois não havíamos feito nada por 6 meses ou um ano. Isso foi legal. Fizemos uma pequena festa surpresa de aniversário para Billy e foi um bom momento”, disse, inicialmente.
Em termos musicais, Eric Martin acredita que a pressa para concluir ‘Defying Gravity’ foi crucial para o resultado não o agradar tanto. “Vou soar como chorão, mas não tive a mesma experiência que Billy e Paul (Gilbert, guitarrista). Eles gostaram da pressão, de ter que fazer tudo rápido, na pressa, mas eu não gostei. Tivemos de 6 a 10 dias para compor, gravar e mixar. Não sei o motivo. Talvez os caras estivessem com turnês marcadas, ou o produtor (Kevin Elson) tinha outros projetos”, afirmou.
– Leia também: Por que Eric Martin não curtiu gravar ‘Defying Gravity’