Electric Mob, destaque do Brasil, lança o álbum ‘Discharge’; ouça e leia resenha

O Electric Mob, banda curitibana de hard rock que tem se destacado dentro e fora do Brasil, lançou seu primeiro álbum de estúdio, intitulado ‘Discharge’, nesta sexta-feira (12). O trabalho chega a público por meio da gravadora Frontiers Music Srl, com edição nacional pela Hellion Records.

Formado por Renan Zonta (vocal), Ben Hur Auwarter (guitarra), Yuri Elero (baixo) e André Leister (bateria), o Electric Mob chamou atenção da Frontiers com o EP ‘Leave a Scar’, lançado em 2017. Agora, é a vez de divulgar ‘Discharge’, seu primeiro álbum full-length, com 12 faixas.

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Antes mesmo de lançar ‘Leave a Scar’, o Electric Mob ganhou notoriedade após Renan Zonta participar do reality show musical ‘The Voice Brasil’, da TV Globo. Ele integrou a temporada de 2016 do programa.

Ouça ‘Discharge’ abaixo, via Spotify ou YouTube (playlist). Em seguida, leia resenha sobre o álbum:

Resenha: Electric Mob se impõe e dá passo crucial em Discharge

A nossa eterna síndrome de vira-lata – por vezes, colocada de forma até injusta – faz com que o fã de rock brasileiro sempre se impressione quando uma banda daqui conquista algum tipo de destaque no exterior. Dos exemplos antigos, como Sepultura ou Angra, aos mais atuais, como Nervosa ou Semblant, costumamos encher o peito ao falar desses grupos. É como se o reconhecimento na gringa oferecesse uma credencial extra de credibilidade aos trabalhos desses músicos, embora isso nem sempre seja sinônimo de qualidade.

O Electric Mob entrou para essa seleta lista de artistas e bandas do rock oriundos do Brasil que conquistaram destaque fora. Quando conheci o trabalho desse quarteto, fiquei impressionado por duas vezes: a primeira, quando ouvi a incrível ‘Devil You Know’, primeiro single de ‘Discharge’, e a segunda, quando vi que eram brasileiros prestes a lançar seu primeiro disco propriamente dito em uma gravadora do exterior – no caso, a Frontiers, que trabalha com nomes do porte de Whitesnake, Mr. Big, Glenn Hughes, Yes e Toto, só para citar alguns.

A mencionada ‘Devil You Know’, que abre o álbum após a vinheta ‘Awaken’, mostra por que o Electric Mob conseguiu destaque tão rapidamente na gringa, já que é raro ter uma banda brasileira lançando material no exterior logo de cara. É, talvez, uma das melhores músicas do ano. O hard rock cadenciado e com pitadas do southern apresentado por ela não percorre caminhos inéditos, mas reforça a competência dos instrumentistas e, especialmente, da grande força da natureza que é o vocalista Renan Zonta.

Seria irresponsável de minha parte esperar que todo o álbum mantivesse o mesmo patamar da faixa de abertura, mas não é exagero dizer que, apesar de algumas oscilações perceptíveis, ‘Discharge’ é um trabalho bem construído e envolvente. As influências do hard moderno, de timbres gordos e necessários momentos de referências mais contemporâneas, aparecem com êxito por aqui. E tudo isso em um ambiente criativo de originalidade. Diferente do que ocorre com outras bandas do estilo, ouço o Electric Mob e não consigo compará-los com ninguém.

As três faixas que continuam a tracklist após ‘Devil You Know’ seguram o astral no alto, seja com rockão direto ‘King’s Ale’, com a semi-balada bem arranjada ‘Got Me Runnin” ou com a impressionante ‘Far Off’, que varia entre riffs intensos e ganchos melódicos, com um final apoteótico garantido por um bom solo de Ben Hur Auwarter. Sequência de tirar o fôlego.

As oscilações que citei anteriormente começam a acontecer no miolo de ‘Discharge’. A balada ‘Your Ghost’, por exemplo, não mostra a que veio, apesar dos arranjos de guitarra e violão bem sacados. ‘Gypsy Touch’, na sequência, explora alguns clichês que não tiram a diversão, mas não despertam vontade de apertar o replay. A soturna ‘123 Burn’ volta a convencer mais ao trazer riffs intrincados, com o baixo de Yuri Elero na linha de frente, e construções melódicas menos convencionais.

‘Upside Down’ retoma a pegada mais direta de outros momentos, só que em uma pegada mais explosiva. Acho que não funcionou tão bem quando foi lançada como segundo single do álbum, mas mas cumpre um papel interessante na tracklist. Em seguida, ‘Higher Than Your Heels’ se destaca por explorar timbres, grooves e até instrumentos diferentes, com suas passagens trazendo sopros. Surpreendentemente divertida.

‘Brand New Rope’ apresenta alguns experimentos na veia de ‘123 Burn’ e até passa no teste, mas soa um pouco enjoativa. O encerramento fica a cargo da ótima ‘We Are Wrong’, uma digna paulada que parece reunir o que há de melhor no disco, além de ter algumas passagens mais ousadas em seu miolo.

Considerando que se trata apenas do primeiro álbum propriamente dito, ‘Discharge’ mostra muito bem as credenciais do Electric Mob. Na maior parte do tempo, o material se impõe e apresenta os melhores atributos de uma banda que, embora seja aparentemente nova, transparece carregar muita experiência.

Como um todo, o disco só perde um pouco de brilho nas músicas que mostram um pequeno tropeço de muitos álbuns de estreia: a falta de um conceito bem estabelecido. ‘Discharge’ é um apanhado de músicas muito boas no geral, mas não soa cíclico como um full-length, o que compromete o interesse em algumas faixas. Por outro lado, isso não chega a ser um problema e, talvez, a cobrança seja feita porque o Electric Mob mostrou tanta maturidade logo de cara que eu esperava um trabalho perfeito.

Não, não é perfeito. Mas chega perto. Como já dito, ‘Discharge’ consegue se equilibrar bem, com muitas canções acima da média, originalidade criteriosa e uma qualidade de performance quase irretocável, seja em voz, instrumentos ou produção. Um passo importante para consolidar uma banda que merece toda a atenção. Que seja o primeiro de muitos.

‘Discharge’ está representado na playlist de lançamentos, atualizada semanalmente. Siga e dê o play:

1. awaken
2. Devil You Know
3. King’s Ale
4. Got Me Runnin’
5. Far Off
6. your ghost
7. Gypsy Touch
8. 123 Burn
9. Upside Down
10. Higher Than Your Heels
11. brand new rope
12. We Are Wrong

O Electric Mob é:

Renan Zonta (vocal)
Ben Hur Auwarter (guitarra)
Yuri Elero (baixo)
André Leister (bateria)

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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