Quando Chuck Billy fez teste para ser vocalista do Sepultura

O vocalista do Testament, Chuck Billy, quase entrou para o Sepultura. O cantor americano chegou a fazer um teste para se juntar à banda brasileira, que havia deixado de contar com o frontman Max Cavalera em 1997.

Parece algo inconcebível nos dias de hoje, já que a imagem de Chuck Billy está muito associada à do Testament, uma banda consolidada no thrash metal, e o Sepultura acabou se acertando com o também americano Derrick Green. Porém, a situação era bem diferente naquela época.

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Em 1996, Max Cavalera havia perdido seu enteado, Dana, em um acidente de carro. Poucos meses depois, os demais integrantes do Sepultura revelaram a Max que queriam demitir a empresária Gloria Cavalera, esposa do músico e mãe de Dana. Chateado, o frontman deixou a formação após um show em dezembro daquele ano, na Inglaterra.

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Na época, o Sepultura estava no auge de sua popularidade. O álbum “Roots” (1996) fazia bastante sucesso, conquistando disco de ouro em vários países, como Estados Unidos, Austrália, Bélgica, Canadá e Inglaterra, além do Brasil.

O Testament, por sua vez, estava em baixa. A banda nunca foi um fenômeno de popularidade, mas não conseguiu boas posições nas paradas com a guinada ao som alternativo em “Low”, lançado em 1994. O guitarrista Alex Skolnick, importante na sonoridade do grupo, não participou desse disco, tendo saído pouco tempo antes, e o contrato com a gravadora Atlantic havia chegado ao fim.

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Com tamanha indefinição, Billy hesitou, mas tentou entrar para o Sepultura. “Não havia um contrato com gravadora e no último minuto pensei que eu deveria procurar uma banda sólida, que continuaria em turnê. Naquele ponto, o Sepultura fazia audições e eu acho que estava no fim dos testes quando decidi que participaria”, afirmou o vocalista, em entrevista ao EonMusic em 2016.

Chuck Billy não foi o único vocalista a concorrer à vaga deixada por Max Cavalera. Nomes como Phil Demmel (Machine Head, Vio-Lence), Marc Grewe (Morgoth), Jorge Rosado (Merauder) e Jason “Gong” Jones (futuramente Drowning Pool) também disputaram o posto, que acabou sendo ocupado por Derrick Green.

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Para as audições, todos eles gravaram vocais para a música “Choke”, que estaria no álbum seguinte, “Against” (1998). Além disso, registraram versões para canções já conhecidas do Sepultura.

“Fiz ‘Refuse/Resist’, ‘Territory’ e compus uma versão própria para ‘Choke’. Na época, eles já haviam decidido por Derrick Green, o que, no fim das contas, foi como deveria ter acontecido mesmo”, disse Chuck Billy.

Ouça a versão de Chuck Billy para “Choke”:

Em entrevista ao DeadRhetoric, em 2014, o guitarrista Andreas Kisser falou sobre a troca de vocalistas. “Ele veio para o Brasil pois nós estávamos fazendo audições. Ele nos mandou uma demo e cantou ‘Choke’. Tenho várias versões desta música com inúmeros vocalistas, incluindo Marc Grewe, Phil Demmel, Jason ‘Gong’ Jones e Jorge Rosado. Algum dia, vou lançar essas versões. Até Chuck Billy do Testament fez testes conosco. Foi interessante a maneira que ele cantou ‘Choke’. Porém, Derrick veio para o futuro. Não queríamos alguém idêntico ao Max”, disse.

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Kisser explicou que Green trazia até mesmo “visual e atitude diferentes”. “Gostamos do Derrick e sentimos que ele poderia crescer, o que aconteceu. O vocal dele é ótimo e bem diverso, conseguindo fazer linhas melódicas e também mais agressivas, além de raramente perder a voz. Ele é bem profissional e cuida muito de sua voz durante as turnês. Ele é ótimo, um cara muito inteligente”, afirmou.

O Sepultura seguiu com Derrick Green, que está como vocalista da banda até hoje. Os primeiros trabalhos do cantor na banda não foram tão bem recebidos, mas os registros a partir de “Dante XXI” (2006) passaram a agradar mais os fãs, já explorando sonoridades distantes do que era feito no passado.

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O Testament, por outro lado, lançou o álbum “Demonic” (1997) através do selo Burnt Offerings, deixando a sonoridade ainda mais pesada. Depois, a banda assinou com a Spitfire e divulgou o aclamado “The Gathering”, em 1999. Problemas de saúde deixaram a continuidade do grupo no início dos anos 2000, mas depois que tudo foi resolvido, Alex Skolnick acabou voltando e o Testament voltou a se tornar referência no thrash metal.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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