Yngwie Malmsteen estraga chance de ressurgir com Blue Lightning

Resenha: Yngwie Malmsteen – “Blue Lightning” (2019)

Vez ou outra, penso que as críticas direcionadas a Yngwie Malmsteen são exageradas. O guitarrista sueco criou uma nova forma de tocar guitarra ao conduzir a influência da música erudita ao heavy metal até as últimas consequências. Muitos o rechaçam por suas declarações egocêntricas e pouco pensadas à imprensa ao invés de pensar na música apresentada.

Porém, álbum após álbum, Malmsteen dá um jeito de dar razão às críticas que recebe. A bola da vez é “Blue Lightning”, disco que foi lançado como uma espécie de “tributo à influência do blues” e que ganhou uma versão nacional, com CD em formato slipcase e encarte caprichado, pela Hellion Records.

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Se o blues fosse uma pessoa, ficaria envergonhado pela homenagem. A referência ao estilo fica apenas no nome, pois Yngwie Malmsteen toca tudo a seu modo: com guitarras na velocidade da luz, solos influenciados pelo erudito – mesmo quando a pegada soa completamente deslocada -, vocais típicos de cantor de karaokê (assumidos pelo próprio Malmsteen há algum tempo) e bateria que parece eletrônica de tão editada que é.

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“Blue Lightning” erra até na escolha dos covers: o guitarrista quis homenagear o blues, mas optou por regravar nomes do rock clássico, como Jimi Hendrix (“Foxy Lady”, “Purple Haze”), Deep Purple (“Smoke On The Water”, “Demon’s Eye”), ZZ Top (“Blue Jeans Blues”), Beatles (“While My Guitar Gently Weeps”) e Rolling Stones (“Paint It Black”). Claro, há influência do estilo nessas músicas, mas há tantos bluesmen consagrados que poderiam ser lembrados que não seria necessário recorrer ao rock.

A única “bola dentro”, em termos de escolha de repertório de covers, foi a opção por “Forever Man”, de Eric Clapton, mas Yngwie tratou de arruinar a faixa com seu tratamento. E, como esperado, as poucas autorais que completam a tracklist só repetem os erros das versões.

A ideia apresentada em “Blue Lightning” seria ótima – se não fosse Yngwie Malmsteen o responsável por executá-la. As versões soam pedantes e exageradas, assim como as músicas autorais. Blues não foi feito para ser tocado com solos na velocidade da luz – é um gênero musical de reflexão e de sentimentos à flor da pele, algo que não dá para se obter com 10 notas por segundo. A cozinha metálica e os vocais ausentes de variações só complicam ainda mais o resultado.

“Blue Lightning” poderia representar um renascimento de Yngwie Malmsteen no que diz respeito à sua discografia. Porém, o resultado é tão ruim que mal dá para ouvir todas as faixas.

Yngwie Malmsteen (vocal, guitarra, baixo, teclados, órgão, cítara)
Lawrence Lannerbach (bateria)

01. Blue Lightning
02. Foxy Lady (Jimi Hendrix)
03. Demon’s Eye (Deep Purple)
04. 1911 Strut
05. Blue Jeans Blues (ZZ Top)
06. Purple Haze (Jimi Hendrix)
07. While My Guitar Gently Weeps (Beatles)
08. Sun’s Up Top’s Down
09. Peace, Please
10. Paint It Black (Rolling Stones)
11. Smoke On The Water (Deep Purple)
12. Forever Man (Eric Clapton)

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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