O site MelodicRock apurou a história por trás do suposto terceiro álbum do Damn Yankees. Segundo a história narrada pela publicação, o disco chegou a ser gravado, mas não passou, nem mesmo, pelo processo de masterização, uma das etapas finais em estúdio.
O Damn Yankees foi um supergrupo formado por Jack Blades (Night Ranger) no vocal e baixo, Tommy Shaw (Styx) no vocal e guitarra, Ted Nugent na guitarra e Michael Cartellone (futuro Lynyrd Skynyrd) na bateria. O projeto lançou dois álbuns, pela Warner Music, com ótimas vendas no início da década de 90: o autointitulado de 1990, que chegou a ter duas milhões de cópias comercializadas nos Estados Unidos, e “Don’t Tread” (1992), que chegou a 500 mil unidades.
No entanto, o quarteto se dissolveu após a turnê que promoveu “Don’t Tread”. O motivo era simples: o momento para o hard rock não era bom, tendo em vista que as vendas do segundo álbum foram bem menores que as do primeiro, ainda que os números conquistados tenham sido satisfatórios. Ted Nugent retomou sua carreira solo, enquanto Tommy Shaw e Jack Blades formaram um projeto chamado Shaw Blades, que durou pouco tempo. Por fim, os dois retornaram para as suas bandas de origem.
Em 1999, houve uma proposta para que o Damn Yankees se reunisse e gravasse um novo álbum pela Portrait Records, subsidiária da Sony, sob comando de John Kalodner. A ideia do selo era gravar discos novos de artistas considerados clássicos.
Assim, o Damn Yankees foi retomado, mas não da forma que o mundo conhecia. Tommy Shaw estava ocupado com o Styx, assim como Michael Cartellone com o Lynyrd Skynyrd, então, os dois contribuíram pouco para o disco, embora tenham registrado suas participações. O guitarrista Damon Johnson (Brother Cane, futuramente Alice Cooper, Thin Lizzy e Black Star Riders) e o baterista Kelly Keagy (Night Ranger) foram trazidos para gravar quando Shaw e Cartellone não pudessem participar.
Aos trancos e barrancos, foram gravadas 11 músicas, sendo 10 autorais e um cover de “Sunshine Of Your Love”, do Cream. A gravadora conferiu o material e não gostou do resultado. John Kalodner estava batalhando contra um câncer na época, então, não fez muito para convencer os executivos. Depois, foi revelado que nem mesmo os músicos ficaram contentes com o álbum.
O principal motivo para ter dado errado foi a ausência de Tommy Shaw no processo criativo. Ele formava, com Jack Blades, uma ótima dobradinha de compositores, algo que se refletiu tanto no Damn Yankees e no Shaw Blades quanto nas colaborações que eles produziam para outros artistas, como Aerosmith, Ozzy Osbourne, Vince Neil e Cher.
Além disso, a relação com o produtor contratado pela Sony, Luke Ebbin, não foi das melhores. O profissional tentou fazer com que o Damn Yankees soasse mais “alternativo” nas músicas do álbum, algo que não foi bem aceito pelos integrantes.
Mesmo com todos os problemas, a gravadora tentou fazer com que o produtor Kevin Shirley remixasse o álbum, de modo que a sonoridade fosse mais próxima do que o Damn Yankees havia produzido no passado. Contudo, ele não conseguiu, já que só um milagre poderia salvar aquilo que havia sido feito.
Com todas as tentativas feitas, não restou alternativa para a Sony a não ser engavetar o disco para sempre. Curiosamente, a gravadora chegou a marcar uma data de lançamento e anunciá-la em documentos de sua filial no Japão: 13 de setembro de 2000. No entanto, obviamente, o material nunca viu a luz do dia.
As gravações do terceiro álbum do Damn Yankees ainda devem existir por aí, em algum canto dos porões dos envolvidos, mas não se transformou nem mesmo em bootleg. Por outro lado, parte do material foi aproveitado pelos músicos em seus outros projetos: “Damned If Ya Do” foi lançada por Ted Nugent no álbum “Craveman” (2002), “Yes I Can” foi aproveitada pelo Styx no disco “Cyclorama” (2003) e tanto “Shine On” quanto “We Are The Ones” integram o primeiro trabalho solo de Jack Blades, divulgado em 2004.
Após essa tentativa de retorno entre os anos de 1999 e 2000, o Damn Yankees chegou a se reunir algumas vezes, mas apenas para participações em eventos. Em 2004, por exemplo, o quarteto tocou um repertório reduzido durante um evento de caridade natalino de Alice Cooper. Já em 2010, os integrantes fizeram um set acústico na NAMM Show. Em estúdio, nunca mais.