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Entrevista: Blackberry Smoke celebra 1ª turnê no Brasil e fala de ‘Find a Light’

Demorou, mas finalmente o Blackberry Smoke está vindo para o Brasil. Pela primeira vez, a banda de southern/country rock, formada em 2001 e composta por Charlie Starr (vocal e guitarra), Paul Jackson (guitarra), Brandon Still (teclados), Brit Turner (bateria) e Richard Turner (baixo), fará três datas no país, em Curitiba (Ópera de Arame, 9 de maio), Porto Alegre (Opinião, 10 de maio) e São Paulo (Tropical Butantã, 11 de maio). Os ingressos estão à venda pelo site Eventim.com.br, com mais informações no portal Midiorama.

O quinteto de Atlanta, Estados Unidos, chega ao país para promover seu sexto álbum de estúdio, o elogiado “Find a Light” (2018). Em entrevista exclusiva, Charlie Starr destacou que os fãs estão gostando muito do disco e reforçou a “evolução musical” presente no registro.

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“Eu diria que é uma evolução musical. Quando ouço nossos álbuns, posso ouvir como a sonoridade evoluiu e cresceu. E também consigo notar certas similaridades, porque embora não estejamos tocando da mesma forma que antes, dá para notar que somos nós, pela sonoridade”, disse ele, que destacou, ainda, a sonoridade um pouco mais complexa e arrojada em que a banda tem apostado atualmente.

Em termos artísticos, Starr enxerga o resultado obtido em “Find a Light” como uma “questão de se desafiar”. “Desafiar-se com o tipo de músicas feitas e até o jeito de tocá-las, não apenas deixar tudo simples para tocar. A questão é fazer desafios para si mesmo. Estamos deixando rolar, sem colocar limites na nossa música”, afirmou.

Quanto aos shows no Brasil, Charlie Starr adiantou que o repertório será abrangente. “Vamos tocar uma grande variedade de músicas de todos os nossos álbuns. Cada show é um pouco diferente, então, depende um pouco do dia”, disse ele, apontando que a banda costuma fazer improvisos instrumentais diferentes em cada performance.

Além do repertório abrangente, com músicas dos seis álbuns lançados até agora e espaço para uma jam e um cover de “Tuesday’s Gone” (Lynyrd Skynyrd), o Blackberry Smoke muda as canções tocadas em praticamente todo show. Sabe-se, porém, que faixas dos discos “Find a Light” e “The Whippoorwill” (2012) costumam predominar o setlist.

Próximos passos

Atualmente, além da turnê que promove o álbum “Find a Light”, o Blackberry Smoke está fazendo alguns shows em formato acústico nos Estados Unidos. Para quem gosta de ouvir guitarra, não se preocupe: as apresentações no Brasil não serão acústicas, mas, sim, referentes à “Find a Light Tour”.

Encerrados os compromissos pela estrada, o Blackberry Smoke segue para gravar um registro ao vivo – em áudio e vídeo –, o segundo da carreira. “Faremos um álbum ao vivo, gravado de um show que fizemos no fim de 2018. Será um álbum e um DVD ao vivo. Será lançado no segundo semestre”, revelou Charlie Starr, em primeira mão.

Ainda segundo Starr, não há planos, no momento, para um álbum de estúdio. Ou seja: a sequência criativa de três álbuns em quatro anos – “Holding All The Roses” (2015), “Like An Arrow” (2016) e “Find a Light” (2018) – terá uma ligeira pausa no futuro próximo.

Na cola do Skynyrd?

As comparações com o Lynyrd Skynyrd, maior nome do southern rock, são inevitáveis para qualquer banda do estilo. Porém, muitos fãs e críticos musicais entendem que o Blackberry Smoke tem potencial para se tornar, com o passar dos anos, o próximo gigante do gênero.

E o quinteto de Atlanta está caprichando não só nas músicas criadas, pois excursionou com o Lynyrd Skynyrd outras vezes no passado e, recentemente, chegou a abrir uma série de shows da banda em sua turnê de despedida, “The Last Of The Street Survivors”. “Os shows com o Skynyrd são sempre ótimos. Lá em 2002, foi a primeira vez que fizemos um show juntos. A aposentadoria deles é algo agridoce, porque é um show muito lindo de se ver, mas não queremos que eles parem de tocar. As pessoas amam a banda. É algo feliz, porém triste”, disse Charlie Starr.

Apesar do futuro promissor do Blackberry Smoke – com base em um presente de muitos êxitos –, os músicos não pensam em ocupar a vaga que será deixada pelo Lynyrd Skynyrd após sua aposentadoria. “Amo o Lynyrd Skynyrd e eles são meus amigos, mas quero focar no que estamos fazendo. Obviamente, espero que consigamos crescer e ficar mais popular, mas o mais importante é continuar fazendo as melhores músicas possíveis”, afirmou.

Southern “global” rock?

Criado ainda no fim da década de 1960, no sul dos Estados Unidos, o southern rock passou por altos e baixos ao longo do tempo. O auge, com certeza, foi na década de 1970, com bandas como Allman Brothers Band, Marshall Tucker Band, Molly Hatchet e Blackfoot, além do já mencionado Lynyrd Skynyrd.

Com o tempo, o southern rock passou a ser mais agregado em outras ramificações do rock, a exemplo do que fizeram bandas como Black Crowes e Kings of Leon, do que a despontar como um estilo musical em si. Porém, uma nova “onda” tem feito o gênero ganhar força nos últimos anos, não só graças ao Blackberry Smoke, como, também, devido ao trabalho de grupos como Derek Trucks Band, Gov’t Mule, Dixie Witch e Marcus King Band, entre outros. A pegada está sendo replicada até por artistas de fora do sul dos Estados Unidos.

Estaria o southern rock se “globalizando”? Ou o fato dessas bandas nunca ou raramente excursionarem por outros países fora da América do Norte ainda é um entrave para o estilo se disseminar mais facilmente fora do país de origem? Charlie Starr não tem uma resposta pronta, mas afirma que há espaço para o gênero se fortalecer em outros locais.

“Posso falar por nós. Por muito tempo, desejamos excursionar pela América do Sul. Finalmente, estamos tendo a oportunidade e estamos empolgados, mas, não sei… conheci brasileiros por todo o mundo que ficaram empolgados com nosso show e nossa música. Faz sentido, para mim e para qualquer pessoa que toque esse tipo de música, visitar o Brasil e tocar aí”, disse o cantor.

Para conhecer

Um fato curioso é que as bandas de abertura para os shows de Curitiba e São Paulo foram escolhidas pelos próprios membros do Blackberry Smoke. Na capital paranaense, a apresentação inicial fica por conta do Trilho. Já na cidade paulista, os trabalhos começam com o The RoadRunners.

Já para quem não conhece o Blackberry Smoke e gostaria de conferir, dois álbuns são recomendados não só para esse show, como, também, para curtir o que há de melhor da banda. São eles: o já mencionado “Find a Light”, lançado em 2018, e o ótimo “The Whippoorwill”, de 2012.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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