A primeira metade do ano de 2018 chegou ao fim. E, para quem gosta de conferir música nova, muitos bons discos de rock e heavy metal foram lançados durante esse período. A “safra” é, inclusive, melhor que a dos últimos dois anos, em minha opinião.
Separei, a seguir, os 10 discos de rock e metal que mais gostei de ouvir em 2018, com direito a alguns extras no fim e uma playlist com todo o material citado.
– Depois, não deixe de conferir: 20 discos de rock e metal que chegam em julho de 2018
Confesso que a expressão “os melhores” no título é para chamar a atenção – não são os melhores, são os que mais curti, como qualquer lista desse tipo. Dessa forma, convido quem estiver lendo a deixar os álbuns que gostou na seção de comentários.
10. W.E.T. – “Earthrage”
Dificilmente, uma banda capitaneada por Erik Mårtensson (Eclipse), Jeff Scott Soto (Talisman) e Robert Säll (Work Of Art) poderia lançar um disco ruim para os fãs de AOR. “Earthrage”, terceiro álbum do supergrupo, faz bonito em comparação aos seus antecessores – o ótimo “W.E.T.” (2009) e o bom “Rise Up” (2013).
O grande charme de “Earthrage” é o grande senso melódico apresentado nas composições. Os refrães grudam na mente e as interpretações vocais de JSS e Mårtensson são um deleite para quem gosta de música bem cantada.
9. Joe Satriani – “What Happens Next”
Há quem interprete a música instrumental como “vazia”, já que muitos artistas do segmento adotam o gênero para demonstrar habilidades em vez de harmonias. Nunca foi o caso de Joe Satriani, que, em seu 16° disco de estúdio, soa, mais uma vez, genial.
Satch é um dos poucos que não precisa de vocais para instigar interesse em uma música. E isso é provado novamente em “What Happens Next”, seja por seu grande senso ao criar melodias ou pelo trabalho instrumental, que ganhou força ao contar com Glenn Hughes (Deep Purple, Trapeze, Black Sabbath) no baixo e Chad Smith (Red Hot Chili Peppers) na bateria.
8. Judas Priest – “Firepower”
O Judas Priest precisava lançar um bom disco neste século. O último álbum relamente bom da banda foi “Painkiller”, de 1990. “Firepower”, enfim, fez justiça ao legado desta banda, na ativa há quase 50 anos.
O grande trunfo de “Firepower” é ter apresentado o Judas Priest atualizando sua sonoridade sem deixar sua história de lado. A banda até tentou fazer isso em outros momentos, mas, aqui, o resultado é consistente.
Clique para ler a resenha completa.
7. Don Airey – “One Of A Kind”
Por ignorância, nunca havia conferido os discos solo de Don Airey, tecladista do Deep Purple que já tocou com Ozzy Osbourne, Rainbow e outros nomes. “One Of A Kind” me despertou a curiosidade – e ainda bem que tirei esse atraso.
“One Of A Kind” traz hard n’ heavy de primeira, com a ferocidade que o Deep Purple deixou de lado há algum tempo. A interpretação vocal de Carl Sentance, vocalista do Nazareth desde 2015, é o grande destaque por aqui.
6. DeWolff – “Thrust”
Os primeiros segundos de “Thrust” são quase AOR, mas o DeWolff não mudou. Ainda é uma banda de hard rock com forte influência retrô – é quase o Black Keys com um pouco mais de peso e bastante liberdade para jams.
Por outro lado, há algo diferente (e que me agradou bastante) em “Thrust”: o trio está menos focado em jams e parece mais preocupado com a melodia. Sinal de maturidade, pois as músicas estão bem encorpadas e há alguns momentos incríveis, como “California Burning”, “Freeway Flight” e “Tragedy? Not Today”.
5. RSO – “Radio Free America”
Confesso que tive receio de ouvir “Radio Free America”, primeiro disco de Richie Sambora (Bon Jovi) com Orianthi (Alice Cooper, Michael Jackson). Vi muitas comentários negativos a respeito do som praticado ainda no EP “Rise”, lançado no ano passado.
Quando dei o play em “Radio Free America”, pude entender o motivo das críticas: aqui, Sambora e Orianthi estão distantes do hard rock. A pegada é bem mais heterogênea, com influências do soft rock, pop e blues. Isso não tira a qualidade do trabalho. Pelo contrário: é um dos melhores trabalhos com o nome do ex-guitarrista do Bon Jovi e, certamente, o melhor registro com participação da musicista australiana.
4. Black Stone Cherry – “Family Tree”
Sempre gostei de músicas do Black Stone Cherry, mas nunca consegui curtir um disco na íntegra. Ainda bem que esse problema foi resolvido em “Family Tree”, sexto – e melhor – álbum da banda.
O segredo? As influências post-grunge ficaram de lado, em definitivo, para dar espaço às influências southern dos músicos. “Family Tree” parece ser o disco que os integrantes do Black Stone Cherry sempre quiseram gravar – e é, com certeza, o álbum que eu queria ouvir deles.
3. The Temperance Movement – “A Deeper Cut”
O The Temperance Movement me pegou com seu disco de estreia, autointitulado e lançado em 2014. Contudo, a banda pisou na bola com “White Bear” (2016), seja pelo excesso de músicas lentas ou pela tentativa de soar alternativo demais.
“A Deeper Cut”, terceiro disco do The Temperance Movement, une o melhor dos dois mundos apresentados pela banda até aqui. O hard rock empolgante e cheio de groove apresentado no debut ganhou traços experimentais, na medida certa, e o resultado é um som repleto de identidade, praticado por poucos nomes do rock nos dias de hoje.
2. Black Label Society – “Grimmest Hits”
Zakk Wylde sempre faz coisa boa quando se concentra mais no conteúdo do que na forma. É o caso de “Grimmest Hits”, 10° álbum do Black Label Society.
A crise criativa do músico parece ter chegado ao fim com “Catacombs Of The Black Vatican” (2014) e com o disco solo “Book of Shadows II” (2016). Agora, em “Grimmest Hits”, a veia doom/stoner veio forte, mas com melodias cativantes. A influência do Black Sabbath se sobressai por aqui – parece que o fim do lendário grupo e os shows com o projeto Zakk Sabbath deixaram Zakk cada vez mais Iommi.
1. Ghost – “Prequelle”
Ainda que seja um pouco menos metal, “Prequelle” é, sem dúvidas, uma legítima produção do Ghost. As músicas são densas, intensas e pesadas – e sem tanto uso direto dos recursos do heavy metal. A influência do hard rock da década de 1970, da new wave, do rock progressivo e da música pop como um todo são evidentes. E, atualmente, ninguém faz essa salada com o mesmo êxito que Tobias Forge e seus comandados.
Acredito que o distanciamento da pegada metálica tenha feito bem ao Ghost, pois o tom “pop experimental” de “Prequelle” é muito envolvente. Até agora, para mim, é o melhor disco lançado em 2018.
Clique para ler a resenha completa.
Reuni, em uma playlist no Spotify, os 10 discos citados nessa lista. Confira:
Veja, abaixo, outros bons álbuns que ficaram de fora do top 10:
– The Night Flight Orchestra – “Sometimes The World Ain’t Enough”: lançado no apagar das luzes do 1° semestre, esse disco poderia ganhar posições no top 10, mas ficou de fora porque, embora seja um bom álbum, já começa a mostrar cansaço na sonoridade que a banda conquistou em “Amber Galactic” (2017) – talvez, por não ter esperado tanto para lançar um trabalho de estúdio. Ainda assim, vale a pena ouvir.
– Beth Hart & Joe Bonamassa – “Black Coffee”: não é um disco de rock (caminha mais para o soul, com pitadas de blues) e é um álbum de covers, mas, ainda assim, é muito bom.
– The Dead Daisies – “Burn It Down”: mesmo sendo o disco menos inspirado da banda até aqui, é um trabalho de bastante qualidade.
– Tremonti – “A Dying Machine”: um dos grandes guitarristas surgidos nos últimos tempos, Mark Tremonti fez bonito, mais uma vez, em sua carreira solo – seu quarto disco é pesado, denso e contém músicas muito boas.
– Dizzy Reed – “Rock ‘N Roll Ain’t Easy”: o tecladista do Guns N’ Roses tem uma enorme capacidade de fazer rock canastrão – e isso deveria ser aproveitado em sua banda de origem.
– Fall Out Boy – “Mania”: uma das surpresas do ano para mim, o novo disco do Fall Out Boy mistura rock a electropop com a intensidade necessária – ouça “Heaven’s Gate” e entenda.