O Vinnie Vincent Invasion apresentou suas credenciais com o álbum de estreia, autointitulado, que chegou a público em 1986. Ainda que exagerado em todos os sentidos – produção, timbragens, volumes, performances e até visual dos integrantes no encarte -, foi um bom disco de hair metal, com vendagens até razoáveis e músicas fortes, especialmente pela química entre o guitarrista Vinnie Vincent e o vocalista Robert Fleischmann.
Mark Slaughter ocupou a vaga de Fleischmann ainda em 1986, logo após o debut ter sido lançado, e chegou a aparecer no clipe de “Boyz Are Gonna Rock”, ainda que não tenha gravado a música. Findada a turnê de divulgação do disco de estreia, que contou com performances de abertura para Alice Cooper e Iron Maiden, o Invasion entrou em estúdio para gravar seu segundo disco.
– Resenha: Vinnie Vincent Invasion – “Vinnie Vincent Invasion” (1986)
Lançado em 17 de maio de 1988, “All Systems Go” não repete a química de seu antecessor. Há sobriedade na produção, com menos exageros – ainda que Vinnie Vincent tenha continuado “fritando” em seus solos -, mas o repertório não é tão inspirado. Também pudera: muitas músicas do álbum de estreia começaram a ser feitas no início da década de 1980.
“Ashes To Ashes”, a faixa de abertura, é uma das melhores do disco. Apesar do riff semelhante a “Immigrant Song” (Led Zeppelin), conta com uma melodia diferenciada e passagens mais criativas. “Dirty Rhythm”, em seguida, é a típica música divertida de hard farofa. Também se destaca a balada “Love Kills”, presente na trilha sonora do filme “A Hora do Pesadelo: O Mestre dos Sonhos”, da franquia do personagem Freddy Krueger. Quando não está preocupado em fritar, Vinnie Vincent se torna um ótimo compositor.
Em seu miolo, “All Systems Go” começa a se repetir. E esse é o grande problema do disco. Posicionadas após a enfadonha “Naughty Naughty”, as hard-rockers “Burn” e “Let Freedom Rock” têm riffs muito parecidos entre si – e olha que a segunda aparece logo após a primeira na sequência do disco. A boa balada “That Time Of Year” também parece replicar a essência de “Love Kills”, ainda que tenha batida um pouco mais acelerada.
“Heavy Pettin'”, por sua vez, parece “prima” de “Naughty Naughty”. E é tão dispensável quanto: apenas o solo se salva. “Ecstasy”, a mais lentinha do álbum, chama a atenção não só pela boa composição, como também pelos vocais mais sóbrios de Mark Slaughter – que é talentoso, mas, certamente, não sabia como se apresentar na época. A melódica “Deeper And Deeper” e a pesada “Breakout” fecham o disco em bom patamar de qualidade. Há, ainda, as faixas “The Meltdown” (um solo de bateria de Bobby Rock com pads eletrônicos) e “Ya Know, I’m Pretty Shot” (um solo de violão de Vinnie Vincent), mas são desnecessárias.
Mesmo com mais singles em potencial, “All Systems Go” não conseguiu superar o antecessor nem mesmo na repercussão comercial. As vendas foram moderadas e nenhuma música realmente emplacou – nem mesmo “Love Kills”, em trilha de filme famoso e tida como a grande aposta para o momento.
O grande problema do Invasion, contudo, estava nos bastidores. A personalidade complicada de Vinnie Vincent aliada à ambição de Mark Slaughter e do baixista Dana Strum em montarem outro projeto fizeram com que o grupo encerasse suas atividades em 1989. O contrato com a gravadora Chrysalis, ainda em vigor, acabou passando para Mark e Dana, que montaram o Slaughter.
Logo no primeiro disco, “Stick It To Ya” (1990), o Slaughter superou o sucesso do Invasion e o grupo ainda mandou a real sobre a relação com Vincent na letra de “Burning Bridges”. O guitarrista, por sua vez, tentou remontar sua carreira ao chamar Robert Fleischmann de volta e gravar o álbum “Guitars From Hell”. Entretanto, o registro nunca foi lançado. Algumas faixas aparecem no EP “Euphoria”, de 1996, último trabalho de inéditas a ser divulgado por Vinnie.
Embora tenham circulado rumores de que Vinnie Vincent foi demitido da própria banda antes do Slaughter ser concebido, o guitarrista negou tal versão em sua recente aparição na Atlanta Kiss Expo, após duas décadas de ostracismo. Ele também fez críticas a Mark Slaughter, a quem chamou de “sem talento”, e disse que a banda só seguiu sem Robert Fleischmann por questões contratuais.
“Tentei manter Rob, pois dizia: ‘não há como esse outro cara, que não consegue cantar, que reduziu minha música a um nível pior do que uma banda local de bar, estar em minha criação’. E a Chrysalis mudou a direção e queriam render grana rápida com o jovem garoto, que apelava para as adolescentes. Disseram que queriam grana rápida. E eu disse que ou manteriam minha criação com Rob, ou eu sairia. Aí, disseram que eu devia mais dois discos (após o primeiro ter sido lançado) e que eu faria a turnê, não poderia acabar ali, porque a máquina estava movendo. Então, eu tinha empresários que não olhavam para o Vinnie, olhavam para si”, afirmou.
Apesar do exagero de Vinnie Vincent ao chamar de Mark Slaughter de “sem talento”, a química do Invasion com Robert Fleischmann jamais seria repetida com o cantor substituto. “All Systems Go”, que não deixa de ser um bom registro, é a grande prova disso.
Mark Slaughter (vocal)
Vinnie Vincent (guitarra)
Dana Strum (baixo)
Bobby Rock (bateria)
Músico adicional:
Jeff Scott Soto (backing vocals)
01. Ashes To Ashes
02. Dirty Rhythm
03. Love Kills
04. Naughty Naughty
05. Burn
06. Let Freedom Rock
07. That Time Of Year
08. Heavy Pettin’
09. Ecstasy
10. Deeper And Deeper
11. Breakout
12. The Meltdown
13. Ya Know, I’m Pretty Shot
O fato de Vinnie Vicent ter sido a versão americana do Yngwie Malmsteen, sendo que a sonoridade do Vinnie é bem melhor, explica as tetras. O álbum não foi mesmo uma coca cola, contudo as faixas That Time Of Year e Love Kills são as melhoras para mim, não por serem parecidas, aliás não acho isso, mas por terem pegada, ritmo e o talentoso Mark Slaughter nos vocais. as demais é como se faltasse algo para algumas e outras um certo exagero. E a baladinha Ecstasy, também é muito boa.