A vida e a obra de Cazuza, que teria feito 60 anos no início do mês se estivesse vivo, foram relembradas durante a edição de sexta-feira (6) do programa “Conversa com Bial”, conduzido por Pedro Bial na TV Globo. Entre os convidados, estiveram Roberto Frejat, com quem Cazuza tocou no Barão Vermelho; Lucinha Araújo, mãe do artista; e Ney Matogrosso, com quem o cantor manteve uma amizade e até um romance.
Durante a entrevista, Lucinha Araújo comentou que criou a “Sociedade Viva Cazuza” para preservar a memória de Cazuza, além de poder ajudar as pessoas que não têm condições financeiras de combater a Aids, doença que provocou a morte do cantor em 7 de julho de 1990, aos 32 anos. Em seguida, Frejat elogiou o trabalho feito pela fundação e destacou a importância de Cazuza ter assumido, publicamente, que era soropositivo, em fevereiro de 1989, pouco mais de um ano antes de seu falecimento.
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“Acho que o Cazuza ter se assumido publicamente mudou a cara da Aids no Brasil. Ele era uma pessoa muito querida, inclusive pelas mães. E quando as mães o viram com uma doença que os filhos às vezes tinham e elas renegavam ou repudiavam, aquilo mudou muito”, disse Frejat, inicialmente.
Em seguida, Frejat destacou que ficou temeroso quando Cazuza disse a ele que se assumiria soropositivo publicamente, pela possível reação do público e da imprensa. Ele também fez críticas à cobertura feita pela revista “Veja”, que, em sua edição de 26 de abril de 1989, publicou imagens do cantor debilitado e com a seguinte manchete em sua capa: “Uma vítima da Aids agoniza em praça pública”.
“Quando ele falou que iria fazer, fiquei muito temeroso, porque achei que ele ia ser massacrado – e, num determinado momento, foi, pela revista ‘Veja’, que foi uma postura calhorda que a revista teve na época -, mas isso o levou a outro patamar. E acho que muito da visão que as pessoas têm de Aids hoje, no Brasil, se deve à postura dele”, afirmou Frejat.
Os depoimentos de Lucinha e Frejat podem ser conferidos neste link (clique aqui). Já a reportagem da “Veja” de 1989 está transcrita, na íntegra, neste blog (clique aqui).