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Digão conta por que se chateou com saída de Rodolfo do Raimundos

O vocalista e guitarrista do Raimundos, Digão, falou sobre o principal motivo de sua chateação com a saída de Rodolfo Abrantes da banda. O cantor deixou o grupo em 2001, após converter-se ao protestantismo e declarar-se exausto da rotina de trabalho.

“O que mais fiquei chateado foi com a forma. Acho que ele tem o direito dele. Estava mal, queria sair, beleza. Mas acho que ele deveria ter me dado o meu direito de me preparar para o que iria vir. Eu havia acabado de comprar uma casa, tinha feito um financiamento, a gente tinha um contrato de três anos, então, eu estava tranquilo. E o cara puxou o meu tapete, sem me avisar. Se eu soubesse que ele iria sair, não compraria a casa”, disse.

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– Veja também: ‘Perdoei, mas não esqueci’, diz Digão sobre saída de Rodolfo do Raimundos

O músico disse nunca ter entendido a postura de Rodolfo. “De repente, ele quis fazer para sacanear, porque ele sabia que eu estava comprando casa. O cara me tira a minha única fonte de sustento. Isso me prejudicou muito, meus filhos, toda a galera da banda. Todo trabalhador tem direito a um aviso prévio”, afirmou.

Digão também falou sobre o momento em que sua relação com Rodolfo mudou. “Desde que o Raimundos foi para São Paulo e começou a puxação de saco de vocalista, que é normal, o Rodolfo começou. Inclusive, briguei com ele logo no segundo disco, quando ele achou que deveria ganhar os direitos só para ele. Falei: ‘beleza, você faz a maioria das músicas, mas eu faço 90% também, tem meu nome também’. Quem arrumou o empresário que botou a gente para tocar com o Ramones e fez a coisa acontecer? Foi meu irmão. O Raimundos foi a junção de quatro pessoas e cada um contribuiu com sua parte”, disse.

O vocalista e guitarrista destacou, ainda, que Rodolfo não conseguiu êxito comercial após sua saída do Raimundos. “Beleza, o cara era um puta compositor – dentro do Raimundos. Depois que ele saiu, ele não estourou nenhuma música. Tentou, mas não estourou. Não estou falando que eu estourei, mas ele também não. E falo de sucesso radiofônico, tipo Frejat, que fez carreira solo e bombou. Ele fazia parte de um conjunto que funcionava”, afirmou.

Hoje em dia, Digão afirma que o Raimundos voltou a ser uma banda sólida, que faz turnê com uma equipe de 14 pessoas. “Consigo pagar a pensão dos meus filhos, ter uma casa bacana, sabe? Não tenho do que reclamar. Acho que vencemos e demos a volta por cima”, disse.

Por fim, o músico disse que não toparia um show de reunião. “Acho pouco. Não vale a pena. Se a gente fizesse o show, cria uma falsa esperança”, afirmou. Já para uma turnê, Digão disse que não faria por dinheiro. “Queria conversar com Rodolfo e ele não vir com essa história de Deus e Jesus. Creio em Deus, mas não vou entrar nessa onda. Tenho muitos amigos evangélicos que são maravilhosos e não falam que são evangélicos. Eu gostaria pelo menos de ser brother, mas sem essa onda. E o problema não é só comigo, é com todo mundo, ele não fala com mais ninguém”, disse.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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