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Por que a treta entre Nickelback e Corey Taylor é bizarra e juvenil

Uma nova treta entre Chad Kroeger (Nickelback) e Corey Taylor (Slipknot, mas referente à sua outra banda, Stone Sour) tem figurado entre as manchetes de veículos especializados em música. O público em geral, para variar, tem adorado o “climão”. Só que o motivo de tudo isso ter acontecido é um tanto bizarro.

Em uma entrevista concedida na Suécia, Chad Kroeger criticou o Stone Sour após uma pessoa presente no bate-papo ter citado o grupo como “diversificado” em seu som. Kroeger dizia, antes, que nenhuma banda é tão distinta musicalmente como a dele. Daí, o nome Stone Sour foi citado como equivalente com relação a tal característica.

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Kroeger, então, disse que o Stone Sour tenta ser um Nickelback e a define como “Nickelback lite”. “Corey Taylor disse coisas realmente terríveis sobre mim para a imprensa. Ele falou que é fácil compor um hit. Então, mostre pra mim. Componha um hit. Ainda não ouvi nenhum. Eles tem algumas músicas legais, mas nada tão bom quanto o Nickelback. Eles soam como o Nickelback lite/amaciado”, afirmou.

Não duvido que Corey Taylor tenha criticado o Nickelback na imprensa, pois já o vi fazendo comentários do tipo sobre bandas e artistas semelhantes ao grupo de Chad Kroeger. Contudo, não consegui encontrar, na internet, nenhuma declaração negativa do frontman do Stone Sour.

E mesmo que tenha rolado (eu disse que não duvido), não é motivo para Chad Kroeger criar uma tensão entre as duas bandas – e, consequentemente, os fãs de ambos os grupos.

Hit é o objetivo?

O “desafio” imposto por Chad Kroeger – pedir para Corey Taylor compor um hit – é algo tão infantil que mal parece uma treta. Ainda que a música “Through Glass” possa ser considerada um êxito dentro do rock, o Stone Sour, em especial, foi feito para ser trabalhado dentro de um nicho que é composto, basicamente, por fãs do Slipknot. Não é uma banda de grande potencial, tanto que faz turnês mais curtas, se apresenta em locais menores e passa períodos mais extensos em hiato.

O Slipknot, projeto principal de Corey Taylor, também trabalha com um nicho, ainda que seja menos segmentado. É uma banda que começou no nu metal quando o estilo estava em seu auge e, hoje, envereda para outros gêneros mais pesados – chega a flertar com o thrash/groove em diversos momentos. Poucas bandas desse segmento conseguiram um hit de fato, visto que não é esse o objetivo. E quando chegaram a ter uma canção de grande sucesso, a proximidade com o metal era menor.

Na defensiva

Por outro lado, ainda que eu não tenha visto as supostas críticas feitas por Corey Taylor, também é bobo pegar no pé do Nickelback. É um grupo rentável que, realmente, não abusa de grande complexidade em suas composições, ainda que faça enorme sucesso e tenha um approach melódico interessante. No entanto, se o Slipknot e o Stone Sour não são do tipo que buscam hits de forma incessante, o Nickelback também tem o direito de não desejar que seus discos soem como o novo “Dark Side Of The Moon” ou sejam tão inovadores quanto “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”.

Além disso, nada me tira da cabeça que os músicos do Nickelback estão de saco cheio dos comentários negativos – e talvez tenham até escolhido o alvo errado para a reação. As declarações de Chad Kroeger sobre Corey Taylor são apenas um reflexo de uma postura mais defensiva adotada pela banda recentemente.

Não é exagero dizer que o grupo canadense sofre bullying há anos. Tem até estudo acadêmico que fala sobre isso. E essa repulsa vem, especialmente, do público roqueiro: existe a recusa em reconhecer o Nickelback como uma banda de rock.

Graças a esse bullying, membros do Nickelback têm se manifestado mais vezes sobre zoeiras contra a banda. Arnold Schwarzenegger, Royal Blood e até a polícia do Canadá tentaram fazer piada com a banda de Chad Kroeger, mas acabaram levando respostas alfinetadas e/ou tiveram que se retratar. Corey Taylor não é o primeiro alvo desse tipo de represália.

Não vejo o contra-ataque como a forma mais ideal para se lidar com esse tipo de problema. Só que ninguém tem sangue de barata. Dá para entender – sem necessariamente concordar – com a postura de Chad Kroeger.

Mesmo assim, tudo isso é bizarro. No fim das contas, todos os envolvidos nessa situação parecem estar certos e errados ao mesmo tempo – como em boa parte das tretas. A peculiaridade desse caso é tamanha que, além dos motivos citados ao longo do texto, vale destacar que o Stone Sour é contratados pela mesma gravadora com a qual o Nickelback trabalhou por muitos anos, a Roadrunner Records. Provavelmente, os músicos envolvidos têm amigos e contatos profissionais em comum – e, definitivamente, vão se encontrar pessoalmente por aí, seja em algum festival ou evento específico.

* Escrevi esse texto originalmente para o Whiplash.Net Rock e Heavy Metal.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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