Não é de hoje que o Mastodon tem feito algumas mudanças significativas em seu som. As características sludge de seus primeiros trabalhos já não aparecem mais há algum tempo. E outros elementos ligados ao hard rock e ao rock progressivo são notados com mais facilidade nos registros mais recentes.
Dito isto, é importante frisar que o sétimo disco de estúdio do Mastodon é refinado. “Emperor Of Sand” é um registro de alta qualidade, independente de ramificações ou rótulos, tão presentes dentro do metal.
Em entrevistas anteriores, os integrantes prometiam que “Emperor Of Sand” seria o álbum mais prog de sua discografia. Papo furado, pois o álbum vai muito além disto. Apenas três faixas ultrapassam cinco minutos de duração e não há tantas características progressivas além do costumeiro neste registro.
Musicalmente, “Emperor Of Sand” não tem tanta semelhança com “Once More ‘Round The Sun” (2014), seu antecessor direto – e, para mim, ainda o melhor disco do Mastodon. A diferença está no modo de produção: o antecessor teve uma superprodução, com o propósito de elevar o patamar da banda, enquanto o trabalho mais recente é um registro de sequência e manutenção de algo já consolidado.
Por outro lado, há algumas peculiaridades em “Emperor Of Sand”. Como dito anteriormente, tem sido cada vez mais difícil classificar o Mastodon em um subgênero do metal, ou até mesmo do rock. E é o que este álbum mostra: diversas influências aparecem em um disco que é, sem dúvidas, muito contemporâneo.
O hard rock marca presença em “Show Yourself”, enquanto pitadas de metal mais extremo comparecem nas guitarrras de “Roots Remain” e o heavy tradicional dá o tom de “Sultan’s Curse”. Uma peculiar veia grunge salta em “Steambreather”, o groove é a tônica de “Word To The Wise” e o prog, prometido anteriormente nas entrevistas, só toma partido mesmo em “Jaguar God”.
Um amplo leque de propostas musicais é exibido por aqui, com ares até experimentais em alguns momentos. Só que tudo está bem amarrado a partir de uma homogeneidade que só instrumentistas talentosos poderiam oferecer.
As letras também dão um show à parte. Conceitual, “Emperor Of Sand” conta a história de um peregrino do deserto que foi entregue a uma sentença de morte. A carga emocional das composições se destaca, pois a inspiração para essa temática foi uma série de experiências pessoais dos músicos: alguns de seus familiares e amigos foram diagnosticados com câncer recentemente.
Em suma, “Emperor Of Sand” é um disco poderoso, que explicita a genialidade de quatro músicos incrivelmente competentes. Por mais que não chegue ao nível do antecessor, “Once More ‘Round The Sun”, não deixa de ser um álbum de ótimo gosto.
Além da diversidade de subgêneros trabalhados nas músicas, destacam-se, para mim, o já conhecido trabalho multivocal – três dos quatro integrantes assumem voz principal ao longo da tracklist -, bem como os refrães e as melodias bem trabalhadas.
Nota 8,5
Brann Dailor (bateria, baixo, vocais)
Brent Hinds (guitarra solo, vocais)
Bill Kelliher (guitarra rítmica)
Troy Sanders (baixo, vocais)
* Participações de Kevin Sharp na faixa 9 e Scott Kelly na faixa 10.
1. Sultan’s Curse
2. Show Yourself
3. Precious Stones
4. Steambreather
5. Roots Remain
6. Word to the Wise
7. Ancient Kingdom
8. Clandestiny
9. Andromeda
10. Scorpion Breath
11. Jaguar God