As circunstâncias que causaram o suicídio de Brad Delp, do Boston

Brad Delp, o vocalista do segundo disco de estreia mais vendido da história da música, cometeu suicídio em 9 de março de 2007, aos 55 anos. O frontman do Boston tirou a própria vida em algum momento da madrugada da data em questão.

A polícia local de Atkinson, New Hampshire, nos Estados Unidos, chegou ao local após uma ligação feita pela então noiva de Brad Delp, Pamela Sullivan. Ela viu um tubo que aspira ar conectado ao escapamento de um carro amarelo, de posse de Delp.

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O corpo de Brad Delp foi encontrado no chão do banheiro da casa. Ele estava deitado, com a cabeça em um travesseiro. Duas grelhas também foram localizadas – elas que causaram a morte intencional de Brad Delp. Ele acendeu carvão e a fumaça fez com que ele morresse asfixiado.

Havia uma breve carta de despedida, escrita em uma folha de papel e presa na camiseta de Brad Delp. Nela, dizia: “Sr. Brad Delp. J’ai une âme solitaire – sou uma alma solitária”. Já no escritório, uma havia uma legítima papelada: quatro envelopes foram encaminhados a seus filhos, sua ex-mulher Micki Delp, sua noiva e um casal cujo nome não foi revelado pelas autoridades.

Supostos motivos

A razão do suicídio de Brad Delp, até hoje, permanece incerta. Sabe-se que ele lidou com a depressão desde a adolescência, mas incidentes específicos em seus últimos anos de vida, aparentemente, o conduziram à morte intencional.

O jornal Boston Herald especula, por exemplo, que o motivo da morte intencional de Brad Delp teve a ver com o Boston, banda que ele integrava desde 1976, com apenas uma pequena ausência entre 1989 e 1994.

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Sabe-se que sempre houve um certo atrito entre Delp e o guitarrista e líder criativo do Boston, Tom Scholz. Segundo o jornal Boston Herald, o rancor da saída do vocalista, em 1989, e outros sentimentos ruins oriundos da relação Delp/Scholz fizeram com que o cantor se matasse.

Além disso, Tom Scholz foi acusado de tirar vantagem financeira de Brad Delp. O músico negou as acusações, apesar de ter perdido os processos de difamação que ele moveu contra o jornal e Micki Delp.

A ação judicial

Documentos dos julgamentos mostram que Tom Scholz alegou que problemas pessoais fizeram Brad Delp se matar. Advogados do jornal Boston Herald, por outro lado, reuniram diversas testemunhas como antigos membros da banda, músicos locais da cidade de Boston, o médico de Delp e até amigos do cantor, como Meg Sullivan (irmã da noiva dele). Muitos deles disseram que Brad realmente não gostava de Tom.

O grande conflito psicológico que Brad Delp tinha, segundo as testemunhas, é que ele queria, de forma desesperadora, sair da banda. Ele se sentia atormentado pelo seu “papel” como intermediador em terríveis conflitos que Tom Scholz tinha com os antigos membros do Boston.

Apesar de todas as evidências contra Tom Scholz, a derrota do músico, já em novembro de 2015, ocorreu porque a Justiça interpretou que, na verdade, a alegação de que “sentimentos relacionados a Tom Scholz fizeram Brad Delp se matar” foram publicadas e compreendidas como opinião, não como fato. No ano passado, Scholz tentou entrar com recurso para rediscutir o caso, mas o tribunal não atendeu ao pedido.

Versão de Tom Scholz

Tom Scholz alega, por sua vez, que um incidente embaraçoso fez com que Brad Delp tivesse uma verdadeira recaída emocional e, consequentemente, cometesse suicídio.

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Segundo Scholz, Brad Delp instalou uma câmera escondida no quarto de Meg Sullivan, cunhada de Brad Delp e irmã de Pamela. O dispositivo foi descoberto posteriormente por Meg, que morava na casa de Brad, junto de Pamela.

Paralelamente a isto, de acordo com Tom Scholz, Brad Delp achava que sua noiva tinha um amante. Isto o teria deixado confuso e irracional. Antes de contar sobre o incidente da câmera para Pamela, Brad acabou por se matar, ainda segundo o guitarrista.

Após o “adeus”

O último registro musical feito por Brad Delp foi lançado, de forma póstuma, por Barry Goudreau, um dos guitarristas originais do Boston. A canção, intitulada “Rockin’ Away”, foi gravada no verão de 2006 (inverno no Hemisfério Sul) e divulgada em 2008. É descrita como uma música autobiográfica da carreira de Delp.

O Boston, por sua vez, continuou suas atividades. O posto de Delp foi ocupado por Tommy DeCarlo em 2008. Michael Sweet, do Stryper, também integrou a banda como vocalista e guitarrista, entre 2008 e 2013.

** No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV), associação civil sem fins lucrativos, oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, gratuitamente, 24 horas por dia. Qualquer pessoa que queira e precise conversar, pode entrar em contato com o CVV, de forma sigilosa, pelo telefone 188, além de e-mail, chat e Skype, disponíveis no site www.cvv.org.br.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. Excelente matéria, principalmente pela memória dele e por expor as duas vertentes para o suicídio. Eu mesma não acredito que ele teve a intenção de espionar sua cunhada por cunho sexual, mas se a motivação foi outra ai não posso opinar. As pessoas com problemas psicológicos/psiquiátricos não tratados adequadamente, tem potencial de tentar e cometer crimes, inclusive contra si mesmas.
    O que fica é sua grande contribuição para o Rock com sua linda e singular voz. Ele e Tom eram perfeitos juntos, um extraordinário vocalista e interprete e o outro um extraordinário compositor e instrumentista. Essa é minha opinião, no meu mundo é justa.

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