Aerosmith: há 20 anos, era lançado o controverso “Nine Lives”

Aerosmith – “Nine Lives”
Lançado em 18 de março de 1997
No Brasil, dizemos que gatos têm sete vidas. É uma expressão comum que faz referência à capacidade do felino fugir de situações de risco sem se ferir. O termo se transforma em “nove vidas” (“nine lives”) nos Estados Unidos, apesar de ter o mesmo sentido.
Foi com este significado que o Aerosmith batizou seu 12° disco de estúdio, lançado em 18 de março de 1997. O álbum “Nine Lives” utilizou o título da música de mesmo nome, a primeira a ser registrada para o full-length, para transmitir a ideia de que a banda havia sobrevivido – e bem – a vários problemas ao longo de sua trajetória.
Curiosamente, mais problemas aconteceram com o Aerosmith ao longo das gravações de “Nine Lives”. Na época, a banda vinha de três discos de muito êxito comercial: “Permanent Vacation” (1987), “Pump” (1989) e “Get A Grip” (1993). O grupo estava tão bem-sucedido ou até mais do que em seus tempos áureos, na década de 1970.
Com certa pressão para continuar rendendo bons resultados, os principais compositores do Aerosmith, o vocalista Steven Tyler e o guitarrista Joe Perry, se juntaram ao compositor Glen Ballard, que estava em alta graças ao seu trabalho em “Jagged Little Pill”, de Alanis Morissette.
Músicas como “Falling In Love (Is Hard On The Knees)”, “Taste Of India” e “Pink” estarem prontas, bem como outros materiais feitos isoladamente com Desmond Child, Mark Hudson e Marti Frederiksen, foram compostas pelos envolvidos. Uma semana antes das gravações de “Nine Lives” iniciarem, o baterista Joey Kramer começou a se sentir mal. Ele havia sido acometido por uma profunda depressão, agravada pela perda de seu pai pouco tempo antes.
O trabalho seguiu sem Joey Kramer. Steve Ferrone, baterista de Tom Petty and the Heartbreakers, gravou as demos com o Aerosmith e, se Kramer melhorasse a tempo, voltaria para regravar as partes do instrumento. Só que o material inicial não agradou à Columbia Records, que sentiu que Glen Ballard pré-produziu demais as canções. A visceralidade dos bad boys de Boston estava pouco aparente.
Sem um integrante de longa data, o Aerosmith começou a se sentir perdido. A situação estava ainda pior nos bastidores porque o empresário Tim Collins, por sua vez, estava bancando o “leva-e-traz”. Ele estava sendo um dos responsáveis por provocar brigas homéricas entre os integrantes, em especial Steven Tyler e Joe Perry. No fim das contas, acabou demitido. Os músicos afirmam que, se Collins não tivesse sido dispensado, a banda poderia ter acabado naquele período.
Graças a tudo isso, “Nine Lives”, que seria lançado no meio de 1996, foi adiado para março de 1997. Tempo suficiente para que o material composto até então fosse repensado e Joey Kramer voltasse a seu posto para gravar o que havia sido feito por Steve Ferrone.
O resultado final de tudo isto foi um disco menos inspirado que seus antecessores. “Nine Lives” registrou boas vendas e chegou ao topo das paradas dos Estados Unidos, mas não chegou aos pés do êxito comercial “Get A Grip”, por exemplo. Também pudera: o material não era tão bom assim.
As músicas com influência indiana, como a faixa título e “Taste Of India”, dão um toque peculiar ao disco. E os hits “Falling In Love (Is Hard On The Knees)”, “Hole In My Soul” e “Pink” entregam que estamos ouvindo o Aerosmith daquele período: peso e pegada aliadas a uma positiva visão comercial.
Com exceção das faixas citadas e de alguns momentos isolados, como “Full Circle”, não há muito a ser elogiado em “Nine Lives”. Não é um disco direto e efetivo, apesar de ser tão elaborado. Em termos instrumentais e melódicos, o quinteto merece créditos a parte, por ter tentado algo diferente do usual. Só que o resultado final não foi tão bom.
Em termos de sucesso, o Aerosmith não teve tanto prejuízo. Uma de suas músicas de maior sucesso, “I Don’t Want To Miss A Thing”, foi lançada no ano seguinte. Mas, apesar de eu gostar dos discos posteriores, “Just Push Play” (2001) e “Music From Another Dimension” (2012), o quinteto nunca mais conseguiu gravar um disco autoral no patamar dos antecessores de “Nine Lives”.
Steven Tyler (vocal, teclados, órgão, piano, hammer dulcimer, percussão)
Joe Perry (guitarra, slide guitar, dulcimer)
Brad Whitford (guitarra, violão)
Tom Hamilton (baixo, Chapman Stick)
Joey Kramer (bateria)

Músicos adicionais:
David Campbell (arranjador e condutor de orquestra)
Ramesh Mishra (sarangi)
John Webster (teclados)
Suzie Katayama (cordas, condutor de orquestra)
1. Nine Lives
2. Falling In Love (Is Hard On The Knees)
3. Hole In My Soul
4. Taste Of India
5. Full Circle
6. Something’s Gotta Give
7. Ain’t That A Bitch
8. The Farm
9. Crash
10. Kiss Your Past Good-Bye
11. Pink
12. Attitude Adjustment
13. Fallen Angels

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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