No âmbito dos lançamentos, 2016 foi um ano repleto de discos nota 7. Não é novidade que bandas de formações mais recentes se destacaram em meio aos veteranos preguiçosos, todavia, neste ano, nem mesmo aqueles projetos novatos, com sangue nos olhos, fizeram trabalhos de grande impacto.
Ainda assim, foi difícil montar este top 10, especialmente a partir da 6ª posição. Há, pelo menos, 15 álbuns em minha playlist particular que poderiam ocupar os cinco lugares restantes. E, como toda lista, este levantamento pode sofrer mudanças com o tempo.
Selecionei, abaixo, os meus 10 discos preferidos, de rock/metal, lançados em 2016. E, para quebrar o protocolo dos anos anteriores, desta vez os coloquei em ordem de preferência.
10. The Treatment – “Generation Me”
O terceiro disco desta banda britânica é tão bom quanto (ou até melhor que) seus antecessores. O repertório excelente destaca a perfeita união entre duas vertentes do hard rock: a timbragem e a pegada visceral da década de 1970 e o approach melódico dos grupos oitentistas.
09. Glenn Hughes – “Resonate”
Glenn Hughes é daquele tipo de artista que, mesmo com uma discografia extensa, não lançou um álbum verdadeiramente ruim até hoje. Desde 2008, ele não fazia um trabalho solo – passou os últimos anos envolvido com o Black Country Communion e o California Breed. “Resonate” marca o retorno de Hughes às suas concepções particulares com uma dose extra de fúria: o disco é mais pesado e chega a flertar com o metal em alguns momentos, apesar do funky hard rock dar a tônica.
08. The Chris Robinson Brotherhood – “Anyway You Love, We Know How You Feel”
O Black Crowes acabou de vez em 2015 e os irmãos Robinson caminharam para projetos solo. Enquanto “Flux”, de Rich Ronbinson, teve uma proposta mais convencional, “Anyway You Love, We Know How You Feel”, do Chris Robinson Brotherhood, foi mais ousado. Aliou elementos do blues, country e até da soul music ao seu empoeirado rock setentista.
07. Wolfmother – “Victorious“
O Wolfmother foi outra banda que se superou em 2016. “Victorious” está, para mim, no mesmo nível do disco de estreia, lançado há 11 anos. Com uma quantidade maior de singles em potencial, esse trabalho é mais melódico e grudento que o antecessor “New Crown” (2014) – algo em que o grupo de Andrew Stockdale, realmente, precisava trabalhar mais.
06. Volbeat – “Seal The Deal & Let’s Boogie”
O Volbeat já é uma banda grande. E não poderia decepcionar em seu sexto disco de estúdio. “Seal The Deal & Let’s Boogie” mostrou uma faceta menos metal e mais criativa do grupo, que apostou no groove, no hard rock e até no rockabilly em algumas faixas. Para mim, é o melhor trabalho do grupo.
05. The Dead Daisies – “Make Some Noise“
“Metamorfose ambulante” descreve o The Dead Daisies. Com tantas mudanças em sua formação – o guitarrista rítmico e milionário David Lowy é o único membro original -, a banda ainda consegue soar bem. Também pudera: com John Corabi, Doug Aldrich, Marco Mendoza e Brian Tichy, seria difícil não conseguir tal feito. “Make Some Noise” representa a caminhada do Dead Daisies em um hard rock cada vez mais grosseiro, com guitarras na linha de frente e inspirações setentistas.
04. Last In Line – “Heavy Crown“
Idealizado como um projeto caça-níquel, o Last In Line evoluiu ao aceitar gravar um disco de estúdio. A formação reuniu os músicos do line-up original do Dio (Vivian Campbell, Vinny Appice e Jimmy Bain, falecido antes do lançamento do álbum) ao vocalista Andrew Freeman. O resultado não poderia ter sido melhor: um disco legítimo de heavy metal, com vocais imponentes, instrumental poderoso e sem tantas referências ao passado com Dio. Há elementos do hard rock, ainda que tímidos, e do doom metal, mais pulsantes, que temperam ainda mais o bom som do grupo.
03. Hell In The Club – “Shadow Of The Monster“
A turma dos subgêneros do metal continua nos dando bons discos de… hard rock. Caso do Hell In The Club, formado por integrantes do Elvenking e Secret Sphere. “Shadow Of The Monster” é o melhor trabalho da banda italiana e um dos melhores que ouvi neste ano. Aqui, o grupo pratica um hard n’ heavy de padrão oitentista, mas sem os exageros da época. Tem refrão ganchudo, riff cortante e trabalho de criação apurado. Sem encheção de linguiça.
02. The Defiants – “The Defiants”
O destino (chamado Serafino Perugino, presidente da Frontiers Records) quis que membros do Danger Danger se reunissem. No disco de estreia do The Defiants, Paul Laine, Bruno Ravel e Rob Marcello fizeram, juntos, o trabalho que o DD deveria ter feito com 10 anos de Laine nos vocais. O hard rock de tempero AOR praticado pelo quarteto, completo por Van Romaine, não é necessariamente inovador, mas impressiona pelo repertório de ótimo gosto.
01. Megadeth – “Dystopia“
Soube, desde janeiro, que “Dystopia” seria o melhor disco de 2016. Dave Mustaine e David Ellefson formaram um grande time ao lado de Kiko Loureiro e Chris Adler e ofereceram um dos melhores trabalhos do Megadeth. Não é exagero: bate de frente com outros registros aclamados, como “Endgame” e até os clássicos da década de 1990.
Outros 10 trabalhos que poderiam esta nesta lista (agora, em ordem alfabética):
Alter Bridge – “The Last Hero“: Aqui, a banda está mais preocupada com a melodia, a ponto de soar mais comercial. O que, para mim, é bom.
Avenged Sevenfold – “The Stage“: Este disco retoma a identidade criativa do grupo com um ingrediente a mais: experiência. A banda se mostra menos virtuosa e mais robusta em “The Stage”.
DeWolff – “Roux-Ga-Roux”: O sexto trabalho do DeWolff em oito anos apresenta, novamente, o rock de pegada psicodélica e bluesy, com o hammond organ na linha de frente, que consagrou o grupo na Holanda. Mas falta algo mais para atingir o resto do mundo.
Inglorious – “Inglorious“: Com exceção de alguns momentos de inconstância, o disco de estreia do Inglorious é muito bom. Muito graças à imponente voz de Nathan Jones, no melhor estilo David Coverdale.
Metallica – “Hardwired…To Self-Destruct“: O Metallica lançou um ótimo meio disco. A primeira metade deste álbum é excepcional. A segunda parte é arrastada demais e soa deslocada. Não fosse isso, estaria, facilmente, em meu top 10.
Monster Truck – “Sittin’ Heavy”: O heavy rock distinto do Monster Truck ganhou ares levemente comerciais, graças à ótima produção e o bom repertório aliado aos talentos individuais dos envolvidos.
Opeth – “Sorceress“: O melhor disco do Opeth, em minha opinião. A aposta, aqui, é em um híbrido perfeito entre rock e metal progressivo, com pitadas retrô e momentos instrumentais pontuais de pegada experimental.
The Cadillac Three – “Bury Me In My Boots”: O hype em torno do Blackberry Smoke deixou de ter motivo com o The Cadillac Three. “Bury Me In My Boots” tem um southern/country rock de pegada enérgica e composições caprichadas.
The Pretty Reckless – “Who You Selling For”: O Pretty Reckless atingiu a maioridade com “Who You Selling For”, atingiu a maioridade. Agora, o grupo pratica um hard rock de influências gloriosas, de Rolling Stones a Runaways, mas com um frescor contemporâneo legítimo.
Zakk Wylde – “Book Of Shadows II”: Esperava mais da sequência de “Book Of Shadows”. Wylde perdeu a mão em composições e solos leves – “frita” até no violão. Ainda assim, o southern rock de pitadas folk deste registro proporciona bons momentos.