Dave Mustaine precisava, sim, ser chutado do Metallica

Ainda não sei como Dave Mustaine não se tornou um sujeito depressivo e improdutivo ao longo dos anos. A história de sua expulsão do Metallica, em 1983, seria o suficiente para fazê-lo tomar asco do mundo da música. Não só pelo chute que tomou em si, mas, também, pelo modo que a banda utilizou suas composições e seu estilo tão inovador de tocar guitarra para obter a glória.

Entretanto, poucos reconhecem que Dave Mustaine reagiu de uma forma um pouco mais sensata ao ser chutado do Metallica. Ok, não foi o melhor jeito, porque ele alimentou mágoa de seus ex-colegas de banda de 1983 até a década passada. Só que Mustaine tinha passado por situações que justificariam, facilmente, seu afastamento do cenário musical.

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Dave Mustaine alimentou um sentimento de vingança, inicialmente saudável, ao ter sido chutado do Metallica. Prometeu que montaria uma banda “melhor” e/ou “mais pesada” – há duas versões do juramento – que a sua anterior. Se é melhor ou pior, trata-se de uma avaliação subjetiva, mas o Megadeth é, de certa forma, mais pesado e visceral que o ex-grupo de Mustaine.

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Nos relatos sobre a passagem de Dave Mustaine no Metallica – incluindo a próprioa autobiografia de Mustaine, “Memórias do heavy metal” -, é nítido que o grupo não vingaria com ele. Cedo ou tarde, o músico acabaria dispensado.

Acabou sendo cedo e de uma forma não muito agradável, mas Dave Mustaine foi o primeiro a reconhecer que seu comportamento destrutivo, especialmente relacionado ao abuso de álcool, não era ideal para uma banda que buscava crescer. Nenhum talento sobrepõe falta de comprometimento.

Ao ouvir discos como “Killing Is My Business… and Business Is Good!” (1985) e “Peace Sells… but Who’s Buying?” (1986), a resposta de Dave Mustaine ao Metallica é nítida. O som é mais agressivo, intenso, ríspido, visceral. Faltam adjetivos que soariam como ofensas em outros estilos, mas encaixam-se como elogios no metal.

É curioso notar, ainda, como a trajetória de Megadeth e Metallica andaram juntas em seus discos de estúdio. Não sei se são respostas entre si, tendências ou coincidências, mas “…And Justice For All” (1988) e “Rust In Peace” (1990) são trabalhos mais técnicos, enquanto “Black Album” (1991) e “Countdown To Extinction” (1992) mesclam o thrash metal ao hard rock.

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Os dois grupos também se perderam um pouco na segunda metade da década de 1990. A diferença, neste caso, é que o Megadeth logo se reencontrou, após seu retorno, em 2004.

Imagino, sim, que Dave Mustaine precisava ser chutado do Metallica para trilhar sua própria carreira, a seu modo. E, é claro, perceber seu próprio potencial. A história de formação do Megadeth passa muito pelo modo em que foi composto, entre 1983 e 1984. Tudo lançado sob a alcunha da banda reflete, perfeitamente, o que foi (e é) Mustaine.

Cabe destacar, por fim, que a personalidade forte de Dave Mustaine, provavelmente, não caberia no Metallica mesmo sem os problemas relacionados ao álcool. Alguém teria que ceder. E, infelizmente, seria Mustaine: o frontman e o baterista “rico” ganhariam a queda de braço.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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