Dokken: os curiosos períodos com Reb Beach e John Norum

A formação clássica do Dokken, com George Lynch na guitarra, ganhou ares de insuperável pelo bom trabalho que fez. Os discos lançados na década de 1980 são, de fato, os melhores momentos do grupo: “Breaking the Chains” (1981), “Tooth and Nail” (1984), “Under Lock and Key” (1985) e “Back for the Attack” (1987).

Após alguns anos de separação, o Dokken resolveu voltar em 1993 e lançou dois discos: o até bom “Dysfunctional” (1995) e o fraco “Shadowlife” (1997). Foram os últimos trabalhos da formação original do grupo, visto que George Lynch foi demitido de seu posto.

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Há quem ignore o que foi feito pelo Dokken posteriormente. A própria banda parece não se lembrar, visto que, até hoje, faz shows com repertórios focados apenas no catálogo da década de 1980. Mas, após a saída de George Lynch, dois músicos de alto gabarito fizeram parte da banda.

O primeiro foi Reb Beach (Winger), que substituiu George Lynch logo após sua demissão. Beach estava um pouco afastado do rock com o hiato do Winger e havia se dedicado ao jazz fusion. Entretanto, prestou um ótimo serviço durante sua curta passagem pelo Dokken.

Os únicos frutos da passagem de Reb Beach pelo Dokken foram o disco de estúdio “Erase The Slate” (1999) e o ao vivo “Live From The Sun” (2000), gravado durante a turnê que o grupo fez entre 1999 e 2000. Definitivamente, poderia ter rendido mais material.

Até hoje, Reb Beach foi o músico que melhor substituiu George Lynch no Dokken. O estilo virtuoso é muito semelhante, apesar da pegada de Beach ser ainda mais técnica que a de Lynch. Nas gravações ao vivo, é possível ver que Reb não faz feio ao tocar as músicas gravadas por George e consegue até colocar um pouco de seu feeling.

Beach também pegou um bom momento do Dokken, que queria se desvincular da aposta no rock alternativo em “Shadowlife”. A banda estava com “sangue nos olhos”, pois precisava reagir ao fiasco anterior. Com isso, “Erase The Slate” se tornou um dos trabalhos mais heavy metal do grupo, que é conhecido por sempre navegar bem entre o hard rock e o heavy. Destacam-se a faixa título, “Maddest Hatter”, “Voice Of The Sul” e “Shattered”, entre outras boas faixas.

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A passagem de Reb Beach pelo Dokken foi encerrada em 2001, após o músico lançar um disco solo, “Masquerade”, e o Winger anunciar seu retorno. Em entrevista ao site Rock N’ Roll Experience, Don Dokken falou sobre a saída do guitarrista.

“Eu disse que faríamos outra turnê e Reb disse que toparia, mas que não queria gravar outro disco, mas, sim, se dedicar a projetos paralelos. Queríamos alguém para integrar a banda de vez. Ele era o cara para isso, mas ele achava que era apenas um músico contratado. Ele sempre dizia: ‘quero estar na banda, mas se eu receber uma oferta, talvez eu vá’. Ele estava mais pela grana, então sempre soube que ele iria se alguém o oferecesse muito dinheiro”, afirmou.

Outro músico consagrado chegou para assumir o posto deixado por Reb Beach, em 2001: John Norum (Europe). O guitarrista era um antigo conhecido de Don Dokken, pois integrou a banda solo do cantor e gravou “Up From The Ashes” (1990). Ele também fez alguns shows com o Dokken quando George Lynch saiu, em 1997.

Só que, em 2001, John Norum foi chamado para integrar o Dokken de vez. Nesse meio-tempo, Jeff Pilson deixou o grupo, sob a alegação de que queria se dedicar mais aos vocais e menos ao baixo, e foi substituído por Barry Sparks.

Com a nova formação, a ideia de Don era fazer um disco mais orientado ao blues rock. Entretanto, o resultado foi “Long Way Home” (2002), que é, basicamente, uma continuação do hard rock contemporâneo de “Dysfunctional”.

Conciso e grudento, “Long Way Home” é o disco que a formação clássica do Dokken poderia ter feito se os bastidores não estivessem tão tumultuados. Há músicas muito boas nesse álbum, como “Magic Road”, “Little Girl” e a versão para “Heart Full Of Soul”, original dos Yardbirds.

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É bom de se ouvir John Norum tocando guitarra. Ele é um músico da “velha guarda”, adepto a timbres mais recheados e solos menos exibicionistas. Por outro lado, vale destacar que ele não imprime tanto a sua identidade por aqui.

Com “Long Way Home” lançado, o Dokken embarcou para mais uma turnê. E, novamente, Norum ficou em um meio-termo entre seu estilo próprio e o jeito de George Lynch tocar. Em algumas versões ao vivo, o guitarrista do Europe mandava muito bem; em outras, parecia um pouco perdido.

No meio da turnê, John Norum disse a Don Dokken que estava insatisfeito e queria sair da banda. Ofereceu-se a fazer as datas agendadas, mas Don recusou: o dispensou de cara e contratou Alex De Rosso para o restante da tour. Pouco tempo depois, o Europe de John Norum se reuniu.

Não há nenhuma entrevista de fácil acesso com depoimentos de Don Dokken sobre a saída de John Norum. Na época, Don apenas disse que Norum sofreu uma lesão na mão e não continuou mais no grupo. Porém, o guitarrista do Europe falou sobre a sua saída da banda em algumas ocasiões. E, como outros músicos já fizeram, criticou a personalidade de Don.

“No começo (em referência ao período com a banda solo de Don Dokken), foi bem divertido. Então, gravei ‘Long Way Home’ em 2001 e tudo mudou, foi horrível. Fizemos uma turnê por um ano. Senti como se tivessem durado cinco anos. Don costumava ser legal, mas se tornou uma pessoa péssima com a qual não quero trabalhar mais. Ele tem muitos problemas pessoais”, disse o músico à Antenna webzine. Na mesma entrevista, Norum relatou que, em 1997, George Lynch tentou enforcar Don Dokken. “Eram como crianças”, afirmou.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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