Kai Hansen: “XXX” é bom, mas convidados não foram bem aproveitados

Hansen & Friends – “XXX: Three Decades In Metal” [2016]

Kai Hansen é uma verdadeira instituição metálica. Consagrou-se, inicialmente, como integrante do Helloween, com o qual gravou três discos e compôs clássicos como “I’m Alive”, “Future World” e “I Want Out”, entre outros. No fim da década de 1980, saiu do grupo e formou o Gamma Ray, de onde não saiu mais, e manteve-se como um dos grandes nomes do power/speed metal. Também integrou o Iron Savior entre 1996 e 2001 e, desde 2012, faz parte do Unisonic.

- Advertisement -

Definitivamente, Kai Hansen tem história para contar e merecia uma boa homenagem. O próprio Hansen, então, decidiu prestar tributo a si mesmo com um projeto solo repleto de convidados.

Essa é a proposta de “XXX: Three Decades In Metal”, disco que celebra os 30 anos de “Walls Of Jericho”, álbum de estreia do Helloween – OK, ele foi lançado em 1985, mas vale o tributo. O trabalho chegou a público no último dia 16, sob a alcunha Hansen & Friends.

A palavra “Friends” no novo projeto faz justiça a Kai Hansen, descrito por muitos como um verdadeiro boa-praça. Não à toa, conseguiu reunir nomes de peso no projeto. Três (ex-)integrantes do Helloween marcam presença: Michael Kiske, Roland Grapow e Michael Weikath. Participam, também, Ralf Scheepers (Primal Fear), Tobias Sammet (Edguy, Avantasia) e Dee Snider (Twisted Sister), entre outros.

Com um elenco tão estrelado, não dava para esperar menos: “XXX: Three Decades In Metal” é um bom trabalho. Para mim, melhor do que muitos álbuns do Gamma Ray. E por mais que o título sugira algo celebrativo e em tom saudosista, a tracklist de “XXX” só tem novidade.

Leia também:  Tradição e vanguarda dão o tom do Pearl Jam em “Dark Matter”

A única ressalva que faço é com relação às participações especiais. Esperava que os convidados aparecessem mais. Alguns só figuraram com o nome na tracklist, pois mal dá para ouvi-los.

A abertura “Born Free” bebe no heavy tradicional. É a única faixa sem participações especiais: apenas Kai Hansen e seus músicos de apoio. “Enemies Of Sun”, com Ralf Scheepers e Piet Sielck, é arrastada ao estilo Accept e, apesar de ser um pouco extensa demais (quase oito minutos de duração), vale a audição. “Contract Song” merece destaque pela participação discreta, porém irretocável de Dee Snider.

“Making Headlines”, com Tobias Sammet, é um speed/power bem na linha do Gamma Ray. Uma das melhores faixas do disco é “Stranger In Time”, com Michael Kiske e Roland Grapow. O refrão cresce com os backing vocals de Frank Beck e Tobias Sammet. Há, ainda, mudanças de andamento irresistíveis.

A segunda metade do álbum é mais melódica. “Fire And Ice”, um pouco cansativa, segura a peteca. Cresce a partir da metade, quando os instrumentos somem e só permanecem baixo e bateria, em um momento “Sabbath”. “Left Behind” começa com um riff ao estilo CPM 22 (!), mas se abre no refrão e cativa. A participação de Clementine Delauney, também presente na faixa anterior e na próxima, merece destaque por aqui.

Ainda mais melódico “All Or Nothing”, uma quase-balada de boas linhas vocais. Não convence, mas não é ruim. A hard rock “Burning Bridges” tem a pegada do Unisonic, um solo fora de série e boa participação do vocalista Eike Freese (Dark Age). O encerramento com “Follow The Sun” é grosseiramente heavy: batida rápida, riffs bem feitos e, enfim, bom uso dos convidados, Hansi Kürsch (Blind Guardian) e Tim Hansen. Uma das melhores do disco.

Leia também:  Taylor Swift não se arrisca em meio a bons acertos de “The Tortured Poets Department”

Talvez seja inocente de minha parte querer ouvir mais de tantos convidados – são 16 ao todo. Senti, sim, que poderia escutar mais de Dee Snider, Tobias Sammet, Michael Kiske e até de Clementine Delauney, que só surge mesmo em “Left Behind”. Por outro lado, não tira a qualidade de “XXX: Three Decades In Metal”.

Disse anteriormente e reforço: “XXX: Three Decades In Metal” é, para mim, melhor que muitos discos do Gamma Ray. As músicas são consistentes e Kai Hansen estava claramente inspirado quando se envolveu neste projeto. Dentro do nicho power/speed metal, é um dos grandes lançamentos do ano.

Nota 8

Banda de apoio:
Kai Hansen (vocal, guitarra)
Eike Freese (guitarra)
Alex Dietz (baixo)
Daniel Wilding (bateria)
Convidados descritos na tracklist abaixo.

01. Born Free
02. Enemies Of Fun (com Ralf Scheepers e Piet Sielck)
03. Contract Sun (com Dee Snider e Steve McT)
04. Making Headlines (com Tobias Sammet)
05. Stranger In Time (com Michael Kiske, Frank Beck, Tobias Sammet e Roland Grapow)
06. Fire And Ice (com Clementine Delauney, Marcus Bischoff, Richard Sjunnesson e Michael Weikath)
07. Left Behind (com Alexander Dietz e Clementine Delauney)
08. All Or Nothing (com Clémentine Delauney)
09. Burning Bridges (com Eike Freese)
10. Follow The Sun (com Hansi Kürsch e Tim Hansen)

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioResenhasKai Hansen: "XXX" é bom, mas convidados não foram bem aproveitados
Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades