Há 30 anos, Cinderella e Vinnie Vincent Invasion lançavam suas estreias

Dois importantes discos do subgênero hair metal foram lançados há 30 anos, em 2 de agosto de 1986: “Night Songs”, do Cinderella, e “Vinnie Vincent Invasion”, do Vinnie Vincent Invasion. Curiosamente, as bandas que os lançaram caminharam para ostracismos peculiares.

Em ambos os casos, são trabalhos de estreia. Mas há diferenças no trajeto das bandas até o lançamento de cada álbum.

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O Cinderella foi formado em 1983, na Filadélfia, por músicos anônimos até então. A cidade também não era lá uma referência no estilo, diferente da pomposa Los Angeles. Ou seja: o grupo realmente veio de baixo até atingir o estrelato com “Night Songs”.

O vocalista e guitarrista Tom Keifer e o baixista Eric Brittingham uniram forças com o guitarrista Michael Kelly Smith e o baterista Tony Destra, que, dois anos depois, saíram para entrar no Britny Fox. O Cinderella foi remontado com Jeff LaBar na guitarra e Jim Drnec (que viria a ser substituído por Fred Coury) na bateria.

Inicialmente, Gene Simmons teve interesse em empresariar o Cinderella, mas quem conseguiu um contrato para o grupo foi Jon Bon Jovi, após assistir a um show do quarteto em uma casa de shows na Filadélfia. Os empresários não queriam assinar com a banda e precisaram ser convencidos de que teriam retorno.

O Vinnie Vincent Invasion teve uma vida inicial bem mais fácil. A banda começou a ser montada em 1984, em Los Angeles – o epicentro do hard farofa até então. Vinnie Vincent, após ter sido demitido do KISS, se juntou a Dana Strum, experiente músico de Los Angeles e responsável por indicar Randy Rhoads e Jake E. Lee a Ozzy Osbourne. Robert Fleischmann, ex-Journey, assumiu o posto de vocalista e Bobby Rock, o único anônimo por aqui, se tornou o baterista.

Não foi difícil para que Vinnie Vincent conseguisse um contrato para lançar o primeiro disco do Invasion. A Chrysalis fechou com o grupo e ofereceu um bom orçamento para o lançamento do trabalho de estreia.

A música

O disco de estreia do Cinderella não reflete exatamente o que a banda se tornaria no futuro. “Night Songs” tem músicas trabalhadas na linha mais genérica do hair metal, enquanto os álbuns posteriores da banda agregaram influências do blues rock e até do country.

Ainda assim, não deixa de ser um bom trabalho. Apesar da produção abafada de Andy Johns comprometer alguns detalhes do instrumental, “Night Songs” se sobressai por seu repertório. A climática faixa título, as arena-rockers “Shake Me” e “Somebody Save Me”, a balada “Nobody’s Fool” e a bem construída “Nothin’ For Nothin'” são alguns dos destaques por aqui.

Já o debut do Vinnie Vincent Invasion mergulha em todos os excessos do hair metal – e até do metal. Cada solo de Vinnie Vincent é uma epopeia de longa duração, com várias notas reproduzidas a cada segundo. Técnica não é o forte de Vincent, mas ele sabia como tocar rápido.

Nos vocais, Robert Fleischmann atinge registros tão agudos que desafiam a estrutura de um gogó masculino. A cozinha quase some com a produção, assinada por Vinnie Vincent e Dana Strum, também focada no agudo.

O repertório também garante que o disco de estreia do Vinnie Vincent Invasion não caia em um limbo do esquecimento. A potente “Boyz Are Gonna Rock”, a balada “No Substitute”, a sóbria “Back On The Streets” e a grudenta “Baby-O” são os momentos que mais sobressaem ao longo do registro.



A repercussão

“Night Songs”, do Cinderella, fez tanto sucesso que, em determinado período do início de 1987, chegou a ter 50 mil cópias comercializadas por semana nos Estados Unidos, onde conseguiu disco triplo de platina.

Foi questão de tempo até que o Cinderella se consolidasse. Os discos seguintes fizeram sucesso e a banda se tornou um dos expoentes do hair metal da segunda metade dos anos 1980, que flertava menos com o metal e buscava outras influências.

Não foi o mesmo caso do disco de estreia do Vinnie Vincent Invasion, mesmo com todos os “contatos”. O trabalho fez um sucesso moderado nos Estados Unidos, mas não alavancou a banda, apesar de ter sido um dos projetos de maior sucesso de algum ex-integrante do KISS.

Semanas após o lançamento do álbum, Robert Fleischmann deu lugar a Mark Slaughter nos vocais. O grupo abriu turnês de Alice Cooper e Iron Maiden entre 1986 e 1987 antes de gravar o segundo e último disco, “All Systems Go”, lançado em 1988.

Ostracismo

Cinderella e Vinnie Vincent Invasion tiveram caminhos diferentes, mas com consequências parecidas: ambos saíram completamente da mídia.

O caso do Cinderella não foi exatamente por culpa da banda ou de algum integrante. Em 1991, Tom Keifer teve paralisia e cisto nas cordas vocais. Passou por inúmeras cirurgias até corrigir o problema e, apesar de ainda se manter na ativa, não canta mais como antes.

Depois de emendar três discos de sucesso – “Night Songs”, “Long Cold Winter” e “Heartbreak Station” -, o grupo lançou “Still Climbing” em 1994, sem muita divulgação ou apoio da gravadora. Pouco após o trabalho chegar ao público, o grupo foi dispensado da Mercury Records e, desde então, não gravou mais nenhum álbum.

O Cinderella até se manteve ativo na estrada, mas de forma restrita, em pequenos pubs dos Estados Unidos. Quando não está em festivais, toca para poucas centenas de pessoas. Os músicos já admitem que não devem voltar ao estúdio com o grupo e talvez nem voltem a tocar juntos.

Já o Vinnie Vincent Invasion teve o seu fim atribuído a apenas um nome: Vinnie Vincent. O guitarrista estava com o ego lá em cima e queria mandar na banda, enquanto os outros integrantes, em especial Dana Strum e Mark Slaughter, queriam mais espaço.

Conhecido por ser megalomaníaco e caloteiro – do tipo que finge esquecer a carteira em casa para não pagar o jantar -, Vinnie Vincent não conseguiu segurar os músicos após a turnê de “All Systems Go”. Mark Slaughter e Dana Strum saíram da banda e montaram o Slaughter, que passou a ser o detentor do contrato que antes era do Invasion, enquanto Bobby Rock passou a trabalhar paralelamente com o Nitro.

Desde então, Vinnie Vincent lançou apenas um EP, “Euphoria”, e fez algumas turnês em KISS Expos (exposições relacionadas ao KISS). Sumiu da mídia na segunda metade da década de 1990 e só reapareceu após ter sido preso, em 2011.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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