Os 20 anos de Zakk Wylde no Guns N’ Roses

A passagem relâmpago do Zakk Wylde pelo Guns N’ Roses, que comemorou 20 anos em março, foi bem conturbada. O momento não facilitou. Em decadência pessoal, a banda deixou de lado a oportunidade de contar com um grande guitarrista e, também, de se reerguer. A seguir, uma linha do tempo, com depoimentos dos envolvidos, sobre o período.
No fim de 1994, o Guns N’ Roses lançou o single com uma versão para “Sympathy For The Devil”, original dos Rolling Stones, com Paul Tobias substituindo Gilby Clarke na guitarra. A demissão de Clarke, indicação de Slash, gerou controvérsia. A entrada de Tobias a convite de Axl Rose, sem passar pelo crivo do músico da cartola, foi ainda mais complicada.
Paul Tobias acabou nem ficando naquele momento e retornou só em 1996, quando o panorama era outro. No fim de fevereiro de 1995, o álbum de estreia do Slash’s Snakepit, “It’s Five O’Clock Somewhere”, foi lançado com músicas feitas por Slash que fariam parte de um novo disco do Guns N’ Roses, não fosse a recusa de Axl Rose pelo material. Outras tapes enviadas a Rose não entraram nem mesmo no debut do Snakepit, como “Fall To Pieces”, hit do Velvet Revolver no século seguinte.
Axl Rose, aliás, foi o principal responsável pela amplitude sonora encontrada nos dois “Use Your Illusion” e, em 1995, estava em um processo de expansão de influências. Em busca de uma mudança artística no Guns N’ Roses, Rose fez o convite para que Zakk Wylde, que vinha de um bom trabalho com Ozzy Osbourne, integrasse a banda. Wylde também desbravava outros caminhos, com o “southern metal” do projeto Pride & Glory.
As jams iniciais, que aconteceram em março de 1995, há exatos 20 anos, agradaram a Zakk Wylde, que abandonou os compromissos com Ozzy Osbourne (na época, eles estavam gravando o disco “Ozzmosis”) para entrar no projeto. “Mesmo se eu estivesse na banda, só haveria um cara tocando os solos de ‘November Rain’, ‘Sweet Child O’Mine’ e outros clássicos. Eu não faria nada ali. Mas as parcerias futuras seriam legais, pois eu amava o jeito de Slash tocar e era amigo deles”, disse Wylde, em entrevista ao site da Gibson. No entanto, o guitarrista sacou, de cara, o início do hiato no qual o Guns N’ Roses mergulharia nos próximos anos. “Nada estava acontecendo com eles, estávamos tocando mas não iríamos a lugar nenhum”, afirmou.
Em outra entrevista, já para o site Blistering, Zakk Wylde disse que a questão burocrática complicou em determinado momento. “As jams acabaram em nada porque advogados e empresários se envolveram muito e isso ferrou com tudo. Não há diversão quando isso acontece”, disse.
(O reencontro entre Axl Rose e Zakk Wylde, em 2011)
Axl Rose comentou sobre o caso em uma entrevista concedida em 2002 para uma rádio de Detroit, e pareceu não ter gostado do resultado. Ele comparou a união entre Slash e Zakk Wylde com a de Robin Finck e Buckethead. “Era engraçado de ver (Slash e Zakk Wylde juntos). Era como uma cobra gigante e um Tiranossauro Rex”, afirmou. Logo depois, Rose muda o discurso. “Era excitante. Tivemos bons momentos”, disse. Em outro depoimento, o vocalista disse que a junção não daria certo porque ele queria cantar e, com dois solistas, isso seria quase impossível.
O período estava complicado para Axl Rose, que respondia por diversos processos. Zakk Wylde revelou que Rose passava o dia todo no telefone falando com advogados e, por isso, não conseguia compor. Wylde passou praticamente o mês de março inteiro com o Guns N’ Roses e, daquelas jams, saiu uma música, “The Rose Petalled Garden”, que foi aproveitada no primeiro disco do Black Label Society, “Sonic Brew”.
A indefinição sobre o futuro do Guns N’ Roses acabou deixando Zakk Wylde fora da banda de Ozzy Osbourne: Joe Holmes foi convocado para a turnê “The Retirement Sucks”, pois o Madman não quis esperar qualquer definição de Wylde. Foi aí que o guitarrista passou a trabalhar em projetos como “Book Of Shadows” e o Black Label Society, que seguiu na ativa.
Zakk Wylde comentou que sua entrada garantiria um “Guns sob efeito de esteroides”. Se pelo lado do peso seria inimaginável tê-lo no GN’R, por outro lado não é tão fora de mão, em termos de escalas e opções melódicas, Wylde tem opções bem semelhantes às de Slash. Basta mudar a distorção e os captadores da guitarra de Zakk para chegar a essa conclusão. Posteriormente, Igor Cavalera foi sondado para a vaga de baterista – curioso, pois as evidências apontam mesmo que Axl Rose queria peso.
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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