Metal All Stars comprova que o metal está cercado de amadores no Brasil

O público headbanger no Brasil apanha por todos os lados. Mas acreditava que nenhum fiasco recente superaria o malfadado Metal Open Air. Inocente e idealista que sou, imaginei que o festival-calote serviria de lição para os profissionais que fomentam a produção de shows internacionais em terras tupiniquins. Engano meu.
Com um cachê gordo (US$ 100 mil) e promessa de muitas atrações em uma espécie de banda cover de luxo com músicos consagrados já em ritmo de férias, o projeto Metal All Stars se apresentou neste sábado (22), no Espaço das Américas de São Paulo (SP), com a obrigação de fazer, pelo menos, um show histórico. Não só pelo peso de alguns dos 14 nomes envolvidos, como Max Cavalera, Chuck Billy, David Ellefson, Joey Belladonna, Gus G, Zakk Wylde, Cronos e Carmine/Vinny Appice, mas também pelo valor dos ingressos – o valor dos ingressos girou entre R$ 140 e R$ 500.
Antes do show rolar, o meet and greet já dava indícios de que funcionaria mal. Fãs reclamavam na fanpage brasileira do Metal All Stars, no Facebook, que o e-mail com as coordenadas do meet and greet era confuso. Além disso, foi informado, em cima da hora, que cada pessoa deveria pagar US$ 20 para postagem internacional dos produtos.
Rumores circulavam de que quatro nomes cancelaram suas participações: Chuck Billy, Gus G, Cronos e Joey Belladonna. A produção, pelo Facebook, só confirmou uma baixa com antecedência: a de “Kronos”, escrito com K mesmo, para escancarar o amadorismo. A baixa dos outros três foi oficializada pouco tempo antes do show. E o baterista Carmine Appice, que também era o diretor artístico da performance, supostamente não veio de última hora por problemas de saúde. Vieram nove, no total. No meet and greet, além dos ausentes, outros três não apareceram: Zakk Wylde, Max Cavalera e Blasko. “Obrigado pela grana, mas caguei para você”.

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No final das contas, o show rolou e muita gente reclamou que a apresentação estava mal ensaiada e que as baixas foram significativas. Presentes relataram que a produção comunicou que Zakk Wylde e Max Cavalera voltariam ao palco para tocarem mais músicas, em uma tentativa de suprir as ausências. No entanto, o retorno não aconteceu.
Muitos não desistiriam de ir ao show do Metal All Stars mesmo com os nomes que furaram, até porque diversas pessoas se organizaram para ir ao show vindo até de outras cidades. Por outro lado, a proposta do Metal All Stars foi tão insossa que o público não correspondeu. Algumas fotos oficiais mostram o Espaço das Américas lotado (apesar de, notavelmente, cortarem as laterais), mas várias outras, de espectadores, entregaram que a pista estava vazia e que caberia quase todo mundo na premium.

@jnflesch não encheu não, Flesch. Pista Premium mais vazia que tudo e pista comum com uma meia duzia na grade. pic.twitter.com/81vfiFPdOM
— Madame Satan (@mahfavaro_) 23 novembro 2014

O empresário Gabe Reed, responsável pelo projeto, já trabalhou com o KISS e esteve envolvido no polêmico Rock N’ Roll All Stars, que também deu o cano no Metal Open Air (ou o Metal Open Air deu o cano neles). Parece piada que produtores voltaram a confiar no cara depois que o Rock N’ Roll All Stars também apareceu desfalcado em outros países e cancelou uma série de outras apresentações na América do Sul.
O metal está cercado de amadores no Brasil. Não é a primeira vez e nem será a última que o público headbanger vai sofrer com o desrespeito com os profissionais excessivamente idealistas, que deixam a desejar em suas produções. O problema é que casos como Metal Open Air e Metal All Stars geram revolta.
Como consequência a médio e longo prazo, o público do metal fica cada vez menos renovado. O estilo, desgastado e manco em termos criativos, gradativamente fica conhecido por fiascos no Brasil. Vai ver o idealista sou eu, que acredito que o público vai parar de levar tapa na cara nesse meio.
Em tempo, um pouco de opinião: não contesto quem quis ir ao Metal All Stars, pois gostos e preferências são variáveis. Aliás, esse texto foi formulado a partir de relatos, pois não estive por lá. Mas não gastaria minha grana e/ou meu tempo com isso. Esse tipo de projeto de “excursãozinha de verão” não deveria atrair muita gente. Temos um monte de shows internacionais de peso no Brasil durante todo o ano. Fora que, pelo visto, ir a esse tipo de show parece se tornar uma garantia de decepção.
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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