Livro conta a história do rock pesado gaúcho

O livro “Tá no sangue: a história do rock pesado gaúcho – parte 1” (400 páginas), escrito por Luis Augusto Aguiar, Maicon Luis Custódio leite e Douglas Torraca e lançado de forma independente, mergulha fundo na história do gênero musical em terras gaúchas. A obra passa pelo rock n’ roll, hard rock, heavy metal (e seus subgêneros) , punk rock e rock progressivo.
Devido ao volume de material recolhido com entrevistas e psquisas, o livro é o primeiro da saga de dois capítulos. A parte inicial aborda até o ano de 1988 e a final, a partir de 1989.
Acontece, também, no dia 7 de novembro, uma sessão de autógrafos com os autores na 60ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre, às 20h. A feira será na praça da Alfândega, Centro. Para adquirir o livro pelos Correios, é necessário entrar em contato pelo e-mail [email protected].
Sinopse divulgada pelos autores:
Ao analisarmos a história do Rock Pesado Gaúcho como um todo, desde seu surgimento, veremos que existem algumas similaridades entre aquela época com o que vivemos agora, seja nas dificuldades ou até mesmo na falta de união. Ao mesmo tempo, a força de vontade esteve presente em cada momento desta história, fazendo com que os músicos se tornem bravos guerreiros e desbravadores. Nossa intenção com este livro não é criar polêmica, mas sim trazer para os dias atuais tudo o que de legal e fascinante foi vivido por quem vivenciou a cena de Rock pesado no Rio Grande do Sul desde os primórdios, onde fazer e curtir este estilo de Rock era sinônimo de marginalidade, embora isso ainda faça parte da sociedade hoje em dia.

Então, ao esmiuçar tudo o que envolve o Rock/Metal no Rio Grande do Sul, descobriu-se fatos interessantes, que, para a geração mais nova talvez soe até mesmo engraçado, como, por exemplo, ouvir rádio escondido dos pais, esperar meses até ouvir algum disco, ter que se sacrificar para ir a algum show grande (algo raro até os anos 90). Enfim, com a facilidade da Internet tudo isso parece ter se perdido, de certa forma até banalizado. Um dos exemplos presentes no livro é da galera que frequentava a loja Megaforce, a Meca do Heavy Metal porto-alegrense nos anos 80, que chamava a atenção do pessoal do interior, que viajava quilômetros e mais quilômetros só para poder comprar um disco, uma fita K7, ver um vídeo, trocar reportagens e fotos de revistas. Eram tempos de descobertas, onde a troca de informações e materiais era a única forma de se conhecer alguma banda nova, de saber como eram seus ídolos, de vivenciar algo novo e estimulante.

Nos anos 60 e 70, o Rock gaúcho ainda estava engatinhando, poucas bandas existiam, e os espaços para tocar eram poucos, ficando restritas a shows em teatros, auditórios, colégios e clubes (estes últimos onde rolavam as badaladas reuniões dançantes). Foi a partir do começo dos anos 80 que este cenário começou a mudar, e através de bandas realmente pesadas, como Leviaethan, Astaroth, Virgem Atômica, Câmbio Negro, Valhala, Spartacus e Panic, entre muitas outras. Desta forma, mesmo com muita dificuldade, a vertente mais pesada do Rock, o Heavy Metal, foi inserido de vez no coração dos rockeiros gaúchos. Ao mesmo tempo, inspirados por estes, novas bandas foram surgindo, criando então uma cena mais forte, expandida também para o interior, que sempre possuiu um público fiel e grande. Não foram raros os shows em que o Astaroth tocou para locais lotados, abarrotados de jovens sedentos por seu Heavy Metal de qualidade.

Um dos grandes fatores para o Rock pesado crescer – não apenas no Rio Grande do Sul – foram os shows do Kiss e do Van Halen no Brasil em 1983, sendo o último se apresentando também em Porto Alegre.  O surgimento do festival Rock in Rio, que influenciou toda uma geração, suscitou grande interesse neste estilo novo e selvagem. Iron Maiden, Scorpions, Queen, AC/DC e Ozzy Osbourne deram algo mais a aqueles jovens em 1985, tornando possível a entrada do Brasil na rota dos grandes shows e marcando de forma brutal uma nova era para o som pesado brasileiro.

Pouco a pouco as bandas iriam conseguindo gravar seus discos, sofrendo um bocado na mão de produtores inexperientes e estúdios inferiores aos encontrados no eixo Rio-São Paulo, diga-se de passagem. Porém a garra se mostrava mais forte e foram forjados grandes clássicos, não só para a cena local, mas para o Brasil inteiro ver que esta galera não estava brincando. O Astaroth, com “Na Luz da Conquista” e “Tempos Vencidos”, do Virgem Atômica, ambos lançados em 1986, tornam-se os primeiros discos de Heavy Metal a serem lançados no Rio Grande do Sul, sendo inteiramente cantados em nossa língua natal, a exemplo de bandas oriundas de Rio de Janeiro e São Paulo, como Dorsal Atlântica, Korzus e Harppia. As coletâneas tiveram sua devida importância para o desenvolvimento de diversas bandas, como o próprio Astaroth, que participou do antológico “Rock Garagem”, de 1984, com o segundo volume lançado em 1985, e com o “Porto Alegre Rock”, do ano seguinte. Destas coletâneas ainda foram apresentados Leviaethan, Frutos da Crise, Os Replicantes, Valhalla, Sodoma e Spartacus, dentre outros. No campo do Metal Extremo, a Serra Gaúcha, Santa Maria e Pelotas foram locais de grande importância, revelando nomes seminais como Apostasia, Nuctemeron e Dissector, abrindo caminho para a geração posterior, onde se inclui o Krisiun. 

O nosso objetivo, com esta edição, é demonstrar como o som pesado surgiu aqui no Rio Grande do Sul e a contribuição que trouxe para a cultura deste estado. Contamos com a essencial contribuição de quem vivenciou de fato toda esta história, através de depoimentos e relatos. Humildemente pretendemos encher de orgulho a velha guarda de fãs, de tudo o que fizeram, e entusiasmar os mais novos, para que ambos continuem fortes e inabaláveis. Pretendemos, também, mostrar à nova geração que eles serão a continuidade deste passado e presente glorioso, pois entendemos que para todos estes fãs o som pesado tá no sangue!
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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