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Os 30 anos de “Animalize”, o pior disco do KISS

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KISS: “Animalize”
Lançado em 13 de setembro de 1984

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O KISS viveu momentos de instabilidade com a chegada dos anos 1980. A saída do baterista Peter Criss em 1980 logo foi resolvida com Eric Carr, mas a lacuna deixada por Ace Frehley em 1982 complicou um pouco a sequência da formação do grupo. Após muitos testes, Vinnie Vincent foi selecionado para a vaga, mas só ficou até o início de 1984. Seu ego não dava certo com o dos chefões, Paul Stanley e Gene Simmons.
Mark St. John, um guitarrista com o mesmo estilo virtuose de Vinnie Vincent, assumiu o posto e chegou logo no momento de gravação de um novo disco – o 12° da carreira do KISS. “Animalize” foi um trabalho importante para firmar a nova fase da banda, sem máscaras e com uma pitada oitentista ainda mais generosa em seu hard rock.

Por um lado, “Animalize” funcionou bem. Tem momentos interessantes, especialmente quando capitaneado pelo incansável Paul Stanley. Por isso, alcançou sucesso comercial. Mas é um trabalho que, como um todo, não se justifica. Não é sólido. Promete engrenar, mas não o faz. Gene Simmons, cada vez menos dedicado ao grupo, comprometeu em seus momentos. Sobrou para Stanley chefiar o conjunto, com dois empregados que não colaboravam tanto na parte autoral.
“I’ve Had Enough (Into The Fire)” passa a impressão de que o KISS descambou de vez para o heavy metal. A bateria de Eric Carr é o destaque para a música, incrivelmente veloz para os padrões da banda. “Heaven’s On Fire”, um dos maiores hits do grupo nos anos 1980, dá sequência com toda a aura hard rock que cercava o cenário no momento. O refrão é sensacional, a letra é brega, a linha de guitarra é direta, a cozinha é forte e Paul Stanley canta como nunca. Tudo aqui funciona.

“Burn Bitch Burn” é o resumo do clichê do hard farofa em uma aplicação não tão boa. Gene Simmons tenta deixar sua voz aguda, mas não combina. Os riffs são batidos e previsíveis. “Get All You Can Take” evidencia Paul Stanley enquanto cantor e Mark St. John cumpre bem sua função. Curiosamente, o refrão é menos grudento que o restante da canção. “Lonely Is The Hunter”, mais arrastada, é o tipo de música que não conquista, nem desagrada. Simmons aparece melhor nessa faixa. O restante do instrumental, com Bruce Kulick no lugar de St. John, pouco se destaca.
“Under The Gun” retoma a veia heavy metal encontrada na faixa de abertura do disco. Veloz, a canção tem riffs poderosos e uma performance invejável dos quatro integrantes. Um dos destaques do álbum, ao lado da próxima da tracklist, “Thrills In The Night”: um hard diferenciado, com foco nos ganchos melódicos. Se a passagem de Mark St. John pelo KISS seguisse o padrão dessas duas músicas, teria dado bem certo.

O fechamento é dispensável e reflete o mau momento de Gene Simmons enquanto compositor. “While The City Sleeps” lembra “Lonely Is The Hunter”, parecem faixas irmãs. Ou seja, ambas são figurantes: não conquistam, nem desagradam. O pré-refrão é o momento mais legal. “Murder In High Heels” tem riffs cadenciados, tocados por Bruce Kulick, com uma proposta divertida, mas o andamento da música é fraco.
Um disco que tem metade de suas faixas como dispensáveis não pode ser bom. Mesmo assim, capitaneado pelo hit “Heaven’s On Fire” e pelo frescor da novidade que era o KISS sem máscaras, “Animalize” foi o álbum mais vendido da banda nos Estados Unidos desde “Dynasty”, lançado cinco anos atrás. A turnê foi um sucesso e virou pelos Estados Unidos e pela Europa com arenas lotadas. O grupo voltava a ter repercussão.
Por conta de uma artrite, Mark St. John só fez alguns show com o KISS e foi dispensado. Bruce Kulick, que gravou a guitarra de duas faixas de “Animalize”, assumiu a vaga em definitivo até 1995. A partir de então, o quarteto permaneceu com a formação estável até a morte de Eric Carr, em 1991. Infelizmente, St. John também faleceu – em 2007 – e o único legado deixado com a banda foi o pior disco da carreira dela. Mas não por culpa dele. Culpe o linguarudo.

Paul Stanley (vocal, guitarra, baixo em 1 e 2)
Gene Simmons (vocal, baixo)
Eric Carr (bateria)
Mark St. John (guitarra em 1, 3, 4, 6, 7 e 8)

Músicos adicionais:
Bruce Kulick (guitarra em 5 e 9)
Jean Beauvoir (baixo em 4, 6 e 7)
Allan Schwartzberg (overdubs de bateria)

1. I’ve Had Enough (Into the Fire)
2. Heaven’s On Fire
3. Burn Bitch Burn
4. Get All You Can Take
5. Lonely Is The Hunter
6. Under The Gun
7. Thrills In The Night
8. While The City Sleeps
9. Murder In High Heels

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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