Segundo disco da Volux é híbrido, alternativo e bem feito

Volux: “Híbridos” (2014)
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Quando recebi o material de divulgação da Volux, uma equivocada pitada de arrogância bateu em minha mente. A primeira frase do release (texto que informa do que se trata o produto, a organização ou a iniciativa – neste caso, o novo disco da banda) era “a Volux mudou”. Pensei, e agora lamento ter pensado: “para quê avisar que mudou se a banda não é nacionalmente famosa ou coisa do tipo?”. Apesar disso, considerei que é raro um grupo chegar ao segundo lançamento e deixei de lado a besteira inicial.
Realmente, a Volux não parece ser conhecida fora do sul – a banda é de Caxias do Sul (RS). Mas durante a audição de “Híbridos”, segundo álbum do quarteto, é possível notar que sim, o grupo já deveria contar com repercussão. O trabalho é muito bom. E sim, fiz questão de ouvir o primeiro disco do grupo para garantir que havia mudado. E, ainda bem, mudou.
No primeiro disco da Volux, autointitulado, a banda era feliz até demais. As composições e as gravações são boas, mas não conquistam. Em “Híbridos”, a proposta é diferente. Com letras mais realistas (a temática do álbum é justamente reflexiva, em cima do tempo mal aproveitado pelo ser humano) e melodias que saem dos lugares comuns do rock com influências do hardcore melódico e do pop rock, a banda, enfim, convence. Assim como o título, a proposta musical é híbrida e de difícil rotulação.

(Foto para a música que dá nome ao disco. Crédito: Filipe Mello. Mais informações na primeira observação, ao final do texto)

De cara, posso creditar essa evolução musical à atenção dada ao baixo de Gustavo Prezzi. Deu peso à bateria de Guido Ângelo e sustentação para a destacada guitarra de Zack Duarte e a voz agradável de Filipe Mello. A afinação mais grave dos instrumentos de corda também foi decisivo. O entrosamento do quarteto se reflete, inicialmente, na primeira faixa, que dá nome ao disco e conta com alternâncias da paulada à calmaria.
O baixo de Prezzi começa a faixa seguinte, “Divã”, com  rítmica interessante e bom trabalho lírico que, também, reflete a mudança do grupo. “Anverso”, na sequência, tem um instrumental nota dez. É a minha faixa preferida do play. Desde os ótimos riffs e licks de guitarra à cozinha que sabe a hora de aparecer. O vocal de Filipe Mello é afinado, mas poderia ter mais variações.
“Desatar” é pesada, apesar dos ganchos melódicos e dos versos mais calmos. Quem disse que não dá para chutar o pau da barraca com classe? O miolo da canção, com mudanças na bateria, é ótimo. “Coração de Papel” é um pouco mais chata. O acompanhamento da guitarra deixa a faixa um pouco enjoativa. Em algum momento oportuno da canção, um solo cairia bem.

(Foto para a música “Compulsão”, com intervenção artística de Rafael Dambros. Crédito: Filipe Mello. Mais informações na primeira observação, ao final do texto)

“Compulsão” é outra faixa que pede uma variação mais notável na voz. O refrão, no entanto, é grudento. Ponto positivo, apesar dos pesares. A vinheta acústica “Tapete Voador I” é um pouco zeppeliana e serve de introdução à outra canção guiada por violão, “Tapete Voador II”, com ótimo trabalho de Zack Duarte. Música muito agradável, de audição gostosa e com um bom solo de acordeon com guitarra.
No geral, o disco “Híbridos” representa uma evolução da Volux. Mais importante ainda, para o ouvinte que tem o primeiro contato neste trabalho: mostra que a banda está pronta. As variações vocais e o dinamismo em algumas faixas ainda são uma boa pedida para uma próxima gravação. Mas nada que desmereça de forma significativa o produto final. “Híbridos” é ótimo.
Observação 1: O trabalho gráfico do disco parece ser muito bom. No entanto, não posso comentar sobre, pois não tive contato com o material físico. Apenas vi três imagens (que estão ao longo da postagem). De acordo com o release, “toda a arte remete ao conceito de hibridismo e surrealismo. O CD não terá encarte, apenas postais, que contém uma foto cada, representando a letra da música em questão. Duas imagens receberam tratamento ainda mais híbrido, na mescla entre foto e desenho: elas levam a arte do artista plástico Rafael Dambrós. Todas as fotos têm algo em comum: o personagem com o rosto encoberto, que retoma a ideia de que o ser humano não se reconhece hoje em dia”.
Observação 2: A banda vai lançar “Híbridos” oficialmente neste sábado (19), às 20h, no Teatro do Sesc Caxias do Sul (rua Moreira Cesar, 2.462, Centro). A entrada é um quilo de alimento não-perecível. Milhares de quilômetros impedem a minha presença, mas fica o convite ao leitor gaúcho.

Nota 8

(Foto para a música “Tapete Voador”. Crédito: Filipe Mello)

Filipe Mello (vocal)
Zack Duarte (guitarra)
Gustavo Prezzi (baixo)
Guido Ângelo (bateria)

01. Híbridos
02. Divã
03. Anverso
04. Desatar
05. Coração de Papel
06. Compulsão
07. Tapete Voador I
08. Tapete Voador II
09. Tapete Voador I & II

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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