Disco de estreia do California Breed já é um dos melhores do ano

California Breed: “California Breed” (2014)

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Fiquei muito chateado quando o Black Country Communion encerrou as atividades. Não só pelos dois álbuns que a banda apresentou antes da informação pipocar, mas também porque o terceiro, “Afterglow”, que já chegou com um gosto amargo (os fãs já sabiam do fim quando o trabalho foi lançado), é o melhor disco do quarteto sem sombra de dúvidas.
Eis que Glenn Hughes e Jason Bonham, ex-integrantes do Black Country Communion, retornaram com força total no California Breed. A proposta é um pouco diferente e até mais versátil. Acompanhados do jovem guitarrista Andrew Watt, os músicos apresentam algo um pouco mais sujo por aqui – em contraponto à finesse de Joe Bonamassa e Derek Sherinian, que completavam o BCC.
O álbum de estreia do California Breed reforça dois pensamentos que eu já tinha. O primeiro é que Glenn Hughes era, realmente, a força motriz do Black Country Communion. Não é para menos: a experiência de mais de 40 anos do cara mostra que ele dispensa comentários. Além da direção artística, a parte da performance é incrível: toca muito e canta como ninguém nesta idade. O segundo é que Jason Bonham já deixou de ser “filho de John Bonham” há um bom tempo. Mas aqui ele se supera.
Para a nova empreitada, Andrew Watt parece ter dado o seu toque. Tenho a impressão de que a sujeira positiva no som é algo da assinatura dele. Sujeira positiva porque, apesar do estilo mais embrulhado de se tocar, Watt é um excelente músico. É possível entender cada nota que ele reproduz. A ausência de teclados, presentes no Black Country Communion, contribui para o peso.
“The Way” abre o álbum de forma pesada. Densa. Insana. Os riffs viscerais, a boa performance de Jason Bonham e o feeling na voz de Glenn Hughes são os atrativos. “Sweet Tea” tem uma pegada classic rock. Refrão grudento e progressão típica. O destaque é a guitarra de Andrew Watt. “Chemical Rain”, um pouco mais alternativa e levemente psicodélica, volta a mudar a atmosfera do disco. Apesar de não ter a sofisticação de Joe Bonamassa, é o momento do trabalho que mais lembra o Black Country Communion – provavelmente por conta dos teclados, aqui tocados por Mike Webb. Show vocal de Hughes.
“Midnight Oil” tem um pé fincado no rock da década de 1970. O swing da bateria de Bonham é o chamariz inicial da canção, que cresce no refrão, com participação de vozes femininas. A calma “All Falls Down” conta com a boa performance vocal de Glenn Hughes e um solo arrebatador de Andrew Watt. O garoto é uma revelação. “The Grey” resgata a visceralidade da faixa de abertura do disco. Os berros de Hughes durante o refrão fazem o ouvinte ter vontade de gritar também. Simplesmente sensacional.
“Days They Come” é contemporânea pela tonalidade e progressão melódica. No entanto, alguns momentos mostram influências das décadas de 1960 e 1970. Contraditório? Só ouvindo para entender. O riff de “Spit You Out”, música cantada por Andrew Watt, é bem alternativo, mas o refrão é totalmente classic rock. Uma espécie de solo apresenta psicodelia, em contraponto à simplicidade do resto da canção. Faixa básica e divertida.
“Strong” seria um pop rock se não fosse a bateria de Jason Bonham e as palhetadas de Andrew Watt ao estilo “pancada” no violão. “Invisible” é um misto de doom e rock progressivo. Arrastada e pesada, tem alguns momentos de estruturas melódicas mais elaboradas – mas nada virtuose. Ponto fraco. “Scars” lembra os momentos mais diretos do Black Country Communion, pelo estilo de riff. A guitarra é o destaque.
“Breathe” é uma digna power ballad com influência setentista. Mesmo com a entrada da bateria, não perde a melodia. A canção fecha o disco de forma soberba e honrosa. A bônus “Solo” dá um complemento final com muito peso na cozinha, na batida ágil e nos riffs. Apesar do resultado do disco ser ótimo, acho que faltaram algumas canções mais uptempo como esta.
O debut do California Breed dificilmente sairá da minha lista dos cinco melhores de 2014. Discos muito bons precisam ser lançados para desbancar o novo projeto de Glenn Hughes, Jason Bonham e Andrew Watt. A banda veio para ficar.

Glenn Hughes (baixo, vocais)
Andrew Watt (guitarra)
Jason Bonham (bateria)

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01. The Way
02. Sweet Tea
03. Chemical Rain
04. Midnight Oil
05. All Falls Down
06. The Grey
07. Days They Come
08. Spit You Out
09. Strong
10. Invisible
11. Scars
12. Breathe

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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