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Streaming: comerciantes e artistas se adequam a novos formatos de tecnologia

Em recente publicação feita pela revista semanal “Time”, dos Estados Unidos, foram elencados cinco tipos de produtos que não existirão mais daqui cinco anos. A precisão no tempo estipulado para o fim de tais tecnologias assusta. Assim como o fato de o DVD e o Blu-Ray, mídias relativamente atuais, estarem na lista.

A estudante Luisa Salviano é uma das adeptas dos vídeos por demanda porque acha mais prático e pode ver a série ou filme que quiser a qualquer hora (Foto: Cleiton Borges)

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O possível fim do DVD e Blu-Ray tem um responsável direto, de acordo com a revista “Time”: os serviços de transmissão de TV e música por internet. Empresas como Netflix, Rdio e Deezer evoluíram o que foi proposto, inicialmente, pelo YouTube, que é facilitar a hospedagem de arquivos de mídia para evitar que os usuários tenham que efetuar download dos mesmos. Para isso, tudo fica disponibilizado em “cloud”, ou seja, computação em nuvem. O disco rígido dos internautas fica praticamente intacto. Basta pagar uma mensalidade para ter acesso ao serviço.
A estudante Luisa Salviano é usuária de um destes serviços dedicados, especialmente, a filmes e séries, há quase um ano. “Descobri que muitos filmes e séries que eu gostaria de ver estavam disponíveis. É muito prático, pois é possível pausar o vídeo. Sempre fica armazenado onde paramos e podemos começar outros. Só é preciso selecionar o conteúdo que ele volta de onde paramos”, diz.
Ricardo Seelig, colecionador de discos e dono do site “Collector’s Room”, que trata sobre o assunto, está em contato com diversos tipos de mídia desde a fita VHS. “Eu tinha o hábito de comprar DVDs, hoje não tenho mais. Possuo uma coleção com cerca de 250 títulos em DVDs, entre shows, filmes e séries. Mas há meses não compro mais nada no formato”, diz ele, que é usuário de serviços que disponibilizam músicas no mesmo sistema. “Assistia a muitos DVDs, mas a Netflix mudou o meu modo de assistir TV, assim como o Rdio está mudando a minha forma de consumir música”, afirma.
Tendência no mercado é declínio
Donos de locadoras de vídeo têm sentido os efeitos das novas mídias desde o crescimento da internet no Brasil, a partir da segunda metade da década de 2000, que popularizaram a prática do download ilegal. Mas a crise se agravou com os serviços de streaming. Para isso, os donos de locadoras que ainda não fecharam as portas estão procurando por alternativas para manutenção no mercado.
Gabriel Henrique, consultor do Programa “Empreender” da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub), trabalha com a União das Videolocadoras (Univideo). “A tendência do mercado de videolocadoras é o declínio no mundo todo. Mas o mercado é complexo e, nem todos os casos são assim. Temos que analisar de forma mais ampla. Cada locadora cria estratégias e investe em públicos-alvo”, diz.
Os empresários Renato Cândido e Thiago Rocha Brito apostaram em um modelo diferente de videolocadora. O Bistrô Saúde agora integra a Girre Video. “O bistrô tem um sushi bar, sanduíches naturais, sucos, açaí, comida natural em geral. E está junto da locadora. Despertamos a vontade do cliente em voltar a nos visitar com um novo conceito”, diz Cândido, que afirma ter aderido à estratégia “geração saúde”, como ele descreve, por ter uma academia próxima ao estabelecimento. De acordo com Brito, a aposta está dando certo. “Inauguramos há menos de uma semana e reativamos 11 cadastros no primeiro dia. Está visualmente melhor e a alimentação atrai os clientes”.
Para empresário, comércios devem se reinventar
Renato Cândido e Thiago Rocha Brito acreditam que o DVD e o Blu-Ray devem acabar, mas não daqui cinco anos. “Temos o exemplo do livro, que tem em todo lugar na internet, mas o mercado nunca acaba. Só que a alimentação deve engolir a locadora em longo prazo”, diz Brito. Cândido diz que há um prazo muito grande para a tecnologia ser superada. “Nada a ver. Vai de 10 a 15 anos, se não for mais. Em outros países desenvolvidos ainda não morreu. O ramo se profissionalizará”, afirma o comerciante, que trabalha na área há 28 anos e disse que os comércios devem se reinventar. “Não pode ficar no marasmo”, afirma.

Renato Cândido ajustou seu comércio e, além de locação, oferece também lanches no local (Foto: Cleiton Borges)
Gabriel Henrique afirma que não se deve ser taxativo nesse sentido. “Todos os produtos têm um ciclo de vida. Outros maiores, outros menores. Este mercado é específico, então o ciclo pode ser menor. Há inovações que interferem. Mas a tendência é continuar o declínio”, disse.
Em contato diário com outros colecionadores e consumidores por conta do “Collector’s Room”, Ricardo Seelig acredita que o DVD e o Blu-Ray devem, sim, ser extintos daqui cinco anos. “Penso que quanto mais serviços de streaming tivermos, com catálogos cada vez mais amplos, mídias físicas como o DVD e o Blu-ray devem ser extintos, assim como o CD”, afirma.
Número de downloads ilegais teve queda significativa
O DVD e o Blu-Ray podem ser extintos ou até se tornarem produtos de nichos bem específicos. Por outro lado, as novas categorias de serviços de streaming privilegiam um pouco mais os artistas. O crescimento de adeptos do Netflix e afins proporcionou uma baixa no número dos downloads ilegais. A associação Norstat realizou um estudo em um âmbito mundial e constatou que 54% dos entrevistados abandonaram a prática do download ilegal para se associar a serviços de streaming, que cobram mensalidades ou, no caso do YouTube, são gratuitos mas revertem cotas de anúncios para os artistas.
O grupo Consumer Market Research (NPD) também realizou uma pesquisa sobre o uso de programas para fazer downloads ilegais. De acordo com os dados coletados, a indústria fonográfica está crescendo desde 2012 porque o número de arquivos baixados caiu para 17% desde então. Entrevistados pelo instituto alegaram estar abandonando os softwares em questão para aderir de vez aos serviços de streaming.
Para Gabriel Henrique, a queda da pirataria é natural. “Acredito, sim, que reduziu, mas não reduziu por ações. Foi natural. Mas no passado e em Uberlândia, houve reduções por ações. Com o apoio da Polícia Civil e Militar, a Univideo e o programa Empreender extinguiu a pirataria de rua, a escancarada”, diz. Renato Cândido afirma: “Uberlândia é a única cidade do país que é livre de pirataria de rua”.
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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A estudante Luisa Salviano é uma das adeptas dos vídeos por demanda porque acha mais prático e pode ver a série ou filme que quiser a qualquer hora (Foto: Cleiton Borges)

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O possível fim do DVD e Blu-Ray tem um responsável direto, de acordo com a revista “Time”: os serviços de transmissão de TV e música por internet. Empresas como Netflix, Rdio e Deezer evoluíram o que foi proposto, inicialmente, pelo YouTube, que é facilitar a hospedagem de arquivos de mídia para evitar que os usuários tenham que efetuar download dos mesmos. Para isso, tudo fica disponibilizado em “cloud”, ou seja, computação em nuvem. O disco rígido dos internautas fica praticamente intacto. Basta pagar uma mensalidade para ter acesso ao serviço.
A estudante Luisa Salviano é usuária de um destes serviços dedicados, especialmente, a filmes e séries, há quase um ano. “Descobri que muitos filmes e séries que eu gostaria de ver estavam disponíveis. É muito prático, pois é possível pausar o vídeo. Sempre fica armazenado onde paramos e podemos começar outros. Só é preciso selecionar o conteúdo que ele volta de onde paramos”, diz.
Ricardo Seelig, colecionador de discos e dono do site “Collector’s Room”, que trata sobre o assunto, está em contato com diversos tipos de mídia desde a fita VHS. “Eu tinha o hábito de comprar DVDs, hoje não tenho mais. Possuo uma coleção com cerca de 250 títulos em DVDs, entre shows, filmes e séries. Mas há meses não compro mais nada no formato”, diz ele, que é usuário de serviços que disponibilizam músicas no mesmo sistema. “Assistia a muitos DVDs, mas a Netflix mudou o meu modo de assistir TV, assim como o Rdio está mudando a minha forma de consumir música”, afirma.
Tendência no mercado é declínio
Donos de locadoras de vídeo têm sentido os efeitos das novas mídias desde o crescimento da internet no Brasil, a partir da segunda metade da década de 2000, que popularizaram a prática do download ilegal. Mas a crise se agravou com os serviços de streaming. Para isso, os donos de locadoras que ainda não fecharam as portas estão procurando por alternativas para manutenção no mercado.
Gabriel Henrique, consultor do Programa “Empreender” da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub), trabalha com a União das Videolocadoras (Univideo). “A tendência do mercado de videolocadoras é o declínio no mundo todo. Mas o mercado é complexo e, nem todos os casos são assim. Temos que analisar de forma mais ampla. Cada locadora cria estratégias e investe em públicos-alvo”, diz.
Os empresários Renato Cândido e Thiago Rocha Brito apostaram em um modelo diferente de videolocadora. O Bistrô Saúde agora integra a Girre Video. “O bistrô tem um sushi bar, sanduíches naturais, sucos, açaí, comida natural em geral. E está junto da locadora. Despertamos a vontade do cliente em voltar a nos visitar com um novo conceito”, diz Cândido, que afirma ter aderido à estratégia “geração saúde”, como ele descreve, por ter uma academia próxima ao estabelecimento. De acordo com Brito, a aposta está dando certo. “Inauguramos há menos de uma semana e reativamos 11 cadastros no primeiro dia. Está visualmente melhor e a alimentação atrai os clientes”.
Para empresário, comércios devem se reinventar
Renato Cândido e Thiago Rocha Brito acreditam que o DVD e o Blu-Ray devem acabar, mas não daqui cinco anos. “Temos o exemplo do livro, que tem em todo lugar na internet, mas o mercado nunca acaba. Só que a alimentação deve engolir a locadora em longo prazo”, diz Brito. Cândido diz que há um prazo muito grande para a tecnologia ser superada. “Nada a ver. Vai de 10 a 15 anos, se não for mais. Em outros países desenvolvidos ainda não morreu. O ramo se profissionalizará”, afirma o comerciante, que trabalha na área há 28 anos e disse que os comércios devem se reinventar. “Não pode ficar no marasmo”, afirma.

Renato Cândido ajustou seu comércio e, além de locação, oferece também lanches no local (Foto: Cleiton Borges)
Gabriel Henrique afirma que não se deve ser taxativo nesse sentido. “Todos os produtos têm um ciclo de vida. Outros maiores, outros menores. Este mercado é específico, então o ciclo pode ser menor. Há inovações que interferem. Mas a tendência é continuar o declínio”, disse.
Em contato diário com outros colecionadores e consumidores por conta do “Collector’s Room”, Ricardo Seelig acredita que o DVD e o Blu-Ray devem, sim, ser extintos daqui cinco anos. “Penso que quanto mais serviços de streaming tivermos, com catálogos cada vez mais amplos, mídias físicas como o DVD e o Blu-ray devem ser extintos, assim como o CD”, afirma.
Número de downloads ilegais teve queda significativa
O DVD e o Blu-Ray podem ser extintos ou até se tornarem produtos de nichos bem específicos. Por outro lado, as novas categorias de serviços de streaming privilegiam um pouco mais os artistas. O crescimento de adeptos do Netflix e afins proporcionou uma baixa no número dos downloads ilegais. A associação Norstat realizou um estudo em um âmbito mundial e constatou que 54% dos entrevistados abandonaram a prática do download ilegal para se associar a serviços de streaming, que cobram mensalidades ou, no caso do YouTube, são gratuitos mas revertem cotas de anúncios para os artistas.
O grupo Consumer Market Research (NPD) também realizou uma pesquisa sobre o uso de programas para fazer downloads ilegais. De acordo com os dados coletados, a indústria fonográfica está crescendo desde 2012 porque o número de arquivos baixados caiu para 17% desde então. Entrevistados pelo instituto alegaram estar abandonando os softwares em questão para aderir de vez aos serviços de streaming.
Para Gabriel Henrique, a queda da pirataria é natural. “Acredito, sim, que reduziu, mas não reduziu por ações. Foi natural. Mas no passado e em Uberlândia, houve reduções por ações. Com o apoio da Polícia Civil e Militar, a Univideo e o programa Empreender extinguiu a pirataria de rua, a escancarada”, diz. Renato Cândido afirma: “Uberlândia é a única cidade do país que é livre de pirataria de rua”.
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Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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