Juliana Vieira é um dos grandes nomes nacionais da guitarra na atualidade. Ao longo da carreira, a musicista paulistana de 31 anos já tocou ao lado de artistas como Marcelo Falcão, Dilsinho, Bruno e Marrone, Sandy, Roberta Miranda, Paulo Miklos e Laura Pausini, entre outros.
Com base em tal experiência, a artista publicou um vídeo comentando os cachês pagos a músicos de apoio no Brasil. Segundo a própria, há uma grande disparidade entre os valores praticados no pop/rock e no sertanejo/pagode.
Nas palavras de Juliana, o gênero musical influencia diretamente o valor do cachê, principalmente por causa da quantidade de apresentações. Assim, no rock — cuja agenda de shows costuma ser mais restrita — é possível receber cerca de R$ 1,8 mil por performance, enquanto em outros estilos a quantia pode ser bem menor.
Conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br, ela explicou:
“[O valor que um músico receberá] depende de duas coisas: do estilo musical e também do cachê cobrado. Falando de pop, pop rock, rock, que são artistas que têm menos shows, entre quatro e seis shows na agenda, tem artista grande pagando entre R$ 1 mil até R$ 1,8 mil. Já no sertanejo, pagode, muda totalmente, porque são estilos musicais que acabam tendo mais shows. Os artistas desses gêneros têm uns 15, 20, 25 shows na agenda, e querem ganhar nessa quantidade. Nesses casos, você vê artistas pagando R$ 600 e outros pagando R$ 1 mil, R$ 1,2 mil.”
Em seguida, complementou:
“Tem exceções? Sim, tem exceções. Não é todo mundo do sertanejo que paga mal, não é todo mundo que tá no pop rock, no rock que paga bem também. Tem músico que ganha mais que isso, tem artista que paga menos que isso. Lembrando que isso não inclui toda a logística e nem a diária de alimentação. Transporte, avião, passagem, hotel, tudo isso é por conta da produção ou do artista.”
Opinião de Juliana Vieira
Diante da repercussão, a guitarrista também emitiu uma opinião a respeito do cenário em outra postagem. Ela disse:
“Hoje em dia, quem tira R$ 10 mil líquido é a minoria […]. Todo mundo critica o músico que está tocando por um cachê inferior. Mas como a gente vai falar uma coisas dessas para um pai de família? É muito difícil. Ainda mais nesse lugar que envolve um sonho de trabalhar com música. Mas a gente tem que olhar um pouco o outro lado. quanto isso é desproporcional em cima de alguns cachês? Tem artista que ganha mais de meio milhão por show e paga menos do que alguns artistas que ganham R$ 200 mil de cachê […]. A proporção do cachê do músico pro cachê do show é desproporcional. E não vou nem entrar aqui na parte técnica que envolve roadies, que envolve galera que trabalha mais que músico e muitas vezes ganha menos que isso.”
Mais detalhes vindos de reportagem
Em 2022, o g1 apurou o tema e publicou que “sertanejos mais antigos pagam melhor do que cantores mais jovens e em alta nas paradas”, mas “em compensação, fazem menos shows por mês”. Um instrumentista que trabalhava com uma dupla veterana disse que artistas como Bruno e Marrone e Chitãozinho e Xororó pagavam em média entre R$ 1,2 mil e R$ 1,8 mil.
Fora do sertanejo, o veículo descobriu que um músico de Marisa Monte recebia R$ 3 mil, enquanto que integrantes da banda de Seu Jorge tinham cachê de R$ 2 mil. Na época, conforme o Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro, o valor mínimo desejável para uma apresentação musical era de R$ 1,7 mil.
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