Dave Lombardo acredita que há muitos músicos talentosos atualmente. O ex-baterista do Slayer e Testament e atual integrante do Mr. Bungle diz que a “a evolução da bateria atingiu um nível completamente diferente” e demonstra empolgação quanto à geração futura. Porém, o artista também observa o cenário com um olhar crítico.
Anteriormente ao podcast RRBG (via Blabbermouth), o baterista havia opinado que a “indústria atual tem muitas vantagens” e que “devemos abraçá-las e usá-las a nosso favor”. Contudo, são justamente essas “facilidades” que geram os problemas.
Em conversa recente com o Ultimate Guitar, Lombardo explicou que as tecnologias estão sendo usadas em excesso por bateristas de metal no momento. Para o músico, é perceptível que gravações inteiras estão sendo feitas por softwares e, por consequência, perdendo o aspecto humano:
“Ouço certas baterias hoje em dia que eu não consigo distinguir se é um humano tocando ou computador. Você pode usar computadores e softwares para te ajudar. Por exemplo, se 90% de uma gravação ficou boa, mas tem uma parte em que você errou, dá para usar o computador para arrumar [o erro]. Mas o que tenho ouvido são gravações inteiras manipuladas e isso é desanimador, porque você perde muita emoção e sensibilidade que um baterista traz para a banda.”
Além disso, o integrante do Mr. Bungle enxerga uma falta de personalidade: em suas palavras, “tudo soa exatamente igual”, o que é, de certa forma, culpa dos produtores e engenheiros de som e até mesmo da internet.
“Eu não sei se isso é por escolha ou se os bateristas simplesmente não conseguem gravar, mas definitivamente sinto que tem algo faltando nas gravações atuais. Acho que é personalidade. Muitas caixas usadas nesses samples soam exatamente iguais. Parece que engenheiros e produtores estão usando sempre os mesmos sons. E estamos em 2025. Você não precisa mais tentar entender o que um baterista está tocando ouvindo só o disco. Hoje em dia você procura no YouTube e não precisa descobrir nada por conta própria, o que tira um pouco da interpretação que vira o seu estilo.“
Novos bateristas aprovados
Ainda assim, Dave Lombardo descreve-se como um “otimista quanto ao caminho que a música está tomando” e não deixa de admirar nomes que despontaram nos últimos anos. É o caso do brasileiro Eloy Casagrande, ex-Sepultura e atual Slipknot, e de Kenny Grohowski, do Imperial Triumphant:
“Há muitos bateristas incríveis por aí. Claro, o Eloy Casagrande. Também tem o Kenny Grohowski, do Imperial Triumphant, que eu adoro. E eu adoro o Dale Crover [dos Melvins] e o Coady Willis [do Big Business e High on Fire], e o que eles estão fazendo. Tem muitos bateristas excelentes por aí.”
Sobre Dave Lombardo
Dave Lombardo
Nascido em Havana, Cuba, Dave Lombardo migrou com os pais para South Gate, Califórnia, Estados Unidos, aos 2 anos de idade. Desde cedo, demonstrou aptidão musical tocando instrumentos percussivos. Suas influências iniciais vinham de sons latinos, além de funk, disco e soul.
Em 1993, formou o Grip Inc. com o músico e produtor Waldemar Sorychta. Com proposta mais voltada ao groove metal, o projeto lançou 4 discos até 2004.
Juntou-se a Mike Patton (Faith No More) e Buzz Osborne (Melvins) no Fantômas, em 1998. Lombardo o qualifica como o projeto mais difícil, musicalmente falando, que já participou.
Integra ainda o Suicidal Tendencies, Dead Cross, Misfits e Mr. Bungle. Também gravou discos com Testament, Apocalyptica, Philm, Voodoocult e DJ Spooky.
Saída do Slayer
Dave Lombardo ajudou a fundar o Slayer. Apesar das ausências entre 1986 e 1987 e de 1992 a 2001, o baterista entrou para a banda em 1981 e saiu em definitivo em 2013 — quando alegou que acabou expulso por discordar do modelo de negócios adotado.
Por meio de uma postagem do Facebook, ele expôs a demissão. Conforme registro do G1, escreveu em fevereiro daquele ano:
“Para que todos vocês saibam a verdade, no final do dia 14 de fevereiro eu fui notificado que não seria o baterista para a turnê na Austrália. Estou triste e, para ser sincero, estou chocado com a situação. No ano passado, descobri que 90% da renda da turnê do Slayer estava sendo deduzida como despesa, incluindo taxas para os empresários, custando milhões de dólares à banda e deixando 10% ou menos para ser dividido entre nós quatro. Na minha opinião, esse não é o jeito que uma banda deve fazer negócios.”
O músico disse ainda que não havia sido pago por todos os shows que fez com a banda no ano de 2012.
“Só ganharia uma porção dos lucros se assinasse um contrato grande que não me dava nenhuma garantia por escrito de quanto seria deduzido e nem me dava acesso aos relatórios financeiros ou registros para revisão. Também me proibia de dar entrevistas ou falar algo a respeito da banda.”
No dia seguinte, o Slayer publicou uma nota rebatendo as alegações:
“O Slayer confirma que Jon Dette será o baterista da banda na turnê da Austrália que começa neste sábado, 23 de fevereiro, em Brisbane. A respeito do post de Dave Lombardo no Facebook, o Slayer não concorda o conteúdo ou com a linha do tempo dos eventos citados pelo Sr. Lombardo, exceto por reconhecer que o Sr. Lombardo veio até a banda menos de uma semana antes de sua partida para a Austrália para apresentar um novo conjunto de termos que era contrário ao anteriormente acordado.
A banda não conseguiu chegar a um acordo sobre estas novas demandas no curto espaço de tempo disponível antes de viajar para a Austrália. Há mais sobre essa situação toda do que o que foi dito pelo Sr. Lombardo, mas em respeito a ele, o Slayer não fará mais comentários. A banda agradece aos fãs australianos pela compreensão desta infeliz mudança de último minuto.”
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