Andreas Kisser costuma dizer que o ex-colega de banda Max Cavalera está “preso ao passado”. Para o guitarrista do Sepultura, a situação chegou num nível tão complicado que o vocalista e também guitarrista deveria procurar “terapia”.
Durante entrevista ao podcast 100segredo (via Mundo Metal), Kisser, inicialmente, mencionou a saída dos irmãos Cavalera do grupo, citando ainda a empresária e esposa de Max, Gloria, que também deixou a gerência do Sepultura no fim de 1996. Segundo o músico, a ruptura começou justamente por causa da profissional.
Ele disse:
“A Gloria não estava representando a banda mais, né? Só estava representando o Max e os interesses dele […]. A gente exerceu o nosso direito de não continuar o contrato, que coincidentemente era 16 de dezembro de 1996, que foi o último show que nós fizemos juntos lá no Brixton Academy em Londres. E a gente apresentou a nossa [ideia], ‘nós queremos mudar a representação da banda, deixar mais profissional e não tão emocional e parcial como está’.”
O problema, de acordo com Andreas, é que o fim da parceria não motivou Max a sair da zona de conforto. Pelo contrário: ao seu ver, o ex-companheiro tenta, desde então, replicar a fórmula do disco “Roots” (1996):
“E obviamente aconteceu o que aconteceu. Eles não aceitaram essa mudança e saíram: foram lá já fazer o Soulfly, etc. Usaram o mesmo estúdio, usaram o mesmo produtor Ross Robinson, usaram o mesmo mixer Andy Wallace, que a gente usou no ‘Roots’. E a gente teve que procurar tudo novo, né? Novo empresário, novo produtor, tudo novo, o que foi excelente pra gente. Você vê que o Max está até hoje patinando no ‘Roots’, né? Está sempre falando a mesma coisa, parece que está preso num vórtex do tempo, sabe?”
Andreas considera o comportamento “muito esquisito”. É por isso que acha que “falta um pouco de terapia”:
“É muito esquisito. E acho que falta um pouco de terapia também. Tem que cuidar da cabeça um pouco.”
Elogios apenas a Iggor Cavalera
O guitarrista aproveitou para elogiar os projetos solo do baterista Iggor Cavalera e, mais uma vez, cutucar Max. Descrevendo o vocalista como “preso na própria caixa”, concluiu:
“Eles escolheram sair da banda. Ninguém foi mandado embora. Quem foi mandado embora foi a Gloria só. Inclusive, eles nunca brigaram por nada. Simplesmente assinaram os papéis e saíram. Viraram as costas literalmente e foram embora. E agora meio que parece que ficam brincando de ser Sepultura, sabe? O Iggor faz coisas incríveis, paralelamente, que são artisticamente fantásticas, eu acho sensacional isso. Enquanto que o Max está preso na própria caixa, fazendo sempre a mesma coisa e falando as mesmas coisas.”
Iggor e Max Cavalera atualmente
Atualmente, os irmãos Cavarela celebram o álbum “Chaos A.D.” (1993) na estrada. Recentemente, Max e Iggor Cavalera voltaram ao Brasil e abriram a apresentação do Massive Attack, no Espaço Unimed, em São Paulo, no último dia 13 de novembro.
Em resenha para o site IgorMiranda.com.br, Thiago Zuma escreveu:
“A execução do álbum de 1993 não obedeceu à ordem de sua tracklist e teve um vídeo temático especial para cada faixa no telão ao fundo do palco. ‘Refuse/Resist’ começou colocando quem já estava na pista para pular e abrir as primeiras rodas na sua parte intermediária. ‘Slave New World’ manteve a animação na sequência, até porque Max Cavalera não deixaria a peteca cair nos 45 minutos nos quais esteve no palco do Espaço Unimed. […]. Max, com sua carreira prolífica, já ficou por mais de dez anos sem se apresentar por aqui na virada do século. Em boa forma e com seu carisma inabalável, não há motivos para não retornar logo para uma turnê própria, seja com Soulfly, Go Ahead and Die ou qualquer outro projeto.”
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