...

A longa e raríssima homenagem de Vinnie Vincent a Ace Frehley

Vincent, que normalmente não se manifesta via redes sociais, substituiu falecido guitarrista original do Kiss entre 1982 e 1984

A morte de Ace Frehley levou Vinnie Vincent a uma rara manifestação via redes sociais. Este substituiu o agora saudoso guitarrista original do Kiss entre 1982 e 1984.

Por meio de uma publicação no Facebook, Vincent declarou que o colega “se foi cedo demais”. Relembrou, ainda, seus dois únicos encontros com o colega: nos bastidores da gravação do videoclipe de “I Love It Loud” em 1982 e durante um festival tributo à banda em Nashville, quatro décadas depois, com participação de outros ex-membros.

- Advertisement -

Vinnie escreveu:

“Eu queria dizer as palavras certas que poderiam descrever a perda de alguém tão querido, mas nada que eu conseguisse dizer seria capaz de confortar os milhões de fãs que idolatravam e adoravam Ace, o homem e a lenda, e fazer sua dor desaparecer.

A morte de Ace me trouxe de volta ao início da minha própria jornada, estranhamente o substituindo no Kiss, uma banda cuja música eu conhecia pouco, além de alguns singles de rádio, e pela qual não tinha interesse além da magnitude do seu enorme sucesso, mas desejava participar dela mais do que a própria vida.

Minha religião aos 12 anos eram os Beatles… o que foi dez anos antes do início do Kiss em 1974. Meu vício cresceu dos Beatles para o Led Zeppelin… de Jeff Beck para o jazz rock fusion da Mahavishnu Orchestra dos anos 1970. Então, eu estava uma década adiantado em compartilhar a nostalgia com a base de fãs do Kiss, que, como adultos, sempre abraçarão o Kiss através de suas próprias memórias de infância.

No entanto, na mais estranha ironia, me vi substituindo Ace, como guitarrista do Kiss em um cenário de ‘casal estranho enlouquecido’, compondo músicas e ensaiando com o Kiss renovado, com Eric Carr na bateria e recebendo contratos para assinar como substituto de Ace… me perguntando, incrédulo, como diabos isso aconteceu? Lá estava eu, ocupando a vaga de uma lenda maior que a vida, o que foi semelhante a aprender a andar sobre pernas de pau. Depois que me acostumei, tornou-se tão normal quanto tocar guitarra. Estranhamente, meu único encontro com Ace foi em 1982, nas filmagens do videoclipe de ‘I Love It Loud’. Em total descrença, a banda cujos discos eu não conhecia estava gravando uma música que Gene e eu compusemos, e lá estava eu, o novato, assistindo à persona mágica de Ace no palco, curtindo uma música que eu compus??? Surreal? Muito além disso.

Lembro de bater na porta do camarim do Ace para me apresentar e dizer ‘oi’. Eu estava nervoso ao conhecer a lenda em pessoa. Eu estava sem palavras e impressionado com a presença do Ace e a magnitude da fama que ele alcançou em sua carreira incrível. No entanto, no meu único e fugaz encontro com ele, vi uma pessoa que perdeu o coração. Suas únicas palavras para mim foram: ‘Ei, garoto. Boa sorte. Você vai precisar’. Ele estava mais certo do que poderia imaginar. Apertamos as mãos, desejamos sorte um ao outro e nos despedimos.

Essas foram as únicas palavras que compartilhei com Ace de 1982 até nos encontrarmos novamente em 2022 para um fim de semana memorável de apresentação musical em Nashville. Durante esses anos, nunca ouvi falar de Ace, nunca nos cruzamos. Nada incomum para mim, já que não sou uma pessoa sociável. Mas, de repente, tudo mudou em 2022. Ace e eu compartilhamos um momento tardio de conexão que foi bom. Muito bom. Sem pretensão. Nós gostávamos um do outro!!! Fechamos o ciclo desde o nosso primeiro aperto de mão em 1982 até nos encontrarmos para um show muito especial do Kiss em Nashville. Foi um fim de semana que sempre lembrarei com carinho, compartilhado com Bruce Kulick, Ace, Peter Criss e eu como membros da banda, nos reunindo pela primeira vez em apoio ao nosso legado individual, enquanto prestávamos homenagem à banda com a qual estávamos historicamente interligados: a maior banda do mundo, conhecida como Kiss. A banda cuja soma era maior que suas partes.

Palavras poderiam elogiar adequadamente a ‘lenda’ Ace Frehley? Acho que não. Para mim, uma lenda é algo que tudo abrange e consome, abraçando o coração, a alma e a mente de seu público individual. Uma lenda é eterna, transmitindo o mesmo orgulho, bem-estar e carinho de fã à pessoa que tocou com sua arte ao longo do tempo. Na luz e na escuridão, o efeito daquele artista permanece inabalável nos fãs que ele tocou. Ace era tudo isso e muito mais.

Ace Frehley possuía algo especial… uma magia que tocava seus fãs, e eles o amavam profundamente. E eles estão chorando por ele agora. Essas são as qualidades de uma lenda que são indescritíveis. Mesmo durante os momentos mais difíceis de Ace, sua legião de fãs não o abandonou. Eles ficaram ao seu lado e o aplaudiram para que Ace soubesse que o apoiavam e para mostrar a Ace que ele era amado, não importa o que acontecesse. Isso não se compra. Ace trouxe o presente da infância eterna para todos os fãs que o amavam. Todos se sentiam assim por Ace, desde as empresas de equipamentos musicais de rockstars até os fãs. Todos o amavam. Ace era o astro do rock de todos. É isso que é uma lenda. Esse é Ace Frehley.

A jornada de Ace aqui está completa. Ele atravessou o portal para a eternidade. Uma porta pela qual todos nós passamos em algum momento. Mas o que ele deixa para todos nós aqui são as imagens, as gravações, as performances, as memórias felizes de Ace, a pessoa, o homem, as obras musicais e uma persona mágica que era amada por todos, jovens e velhos, e uma presença de palco que viverá para sempre. Sou eternamente orgulhoso e grato por ter compartilhado o mesmo “legado eterno” do Kiss que Ace… éramos uma banda incrível. Saudações, meu amigo. Você fará muita falta a todos e a mim. Sofrerei amanhã e sempre como estou sofrendo agora. Amor, luz e paz, Vinnie Vincent.”

A morte de Ace Frehley

No fim de setembro, um show de Ace Frehley nos Estados Unidos foi cancelado após ele ter sofrido uma queda em seu estúdio caseiro. Dias depois, já em outubro, um comunicado informou a suspensão de toda a agenda de 2025 devido a “alguns problemas médicos em andamento”.

Na quinta-feira (16), foi informado que ele era mantido vivo com aparelhos. À noite, a família enviou esta nota à imprensa (via Variety), confirmando o falecimento devido a uma hemorragia cerebral:

“Estamos completamente devastados e com o coração partido. Em seus últimos momentos, tivemos a sorte de poder cercá-lo de palavras, pensamentos, orações e intenções amorosas, atenciosas e pacíficas enquanto ele deixava esta Terra. Guardamos com carinho todas as suas melhores lembranças, suas risadas e celebramos a força e a bondade que ele dedicou aos outros. A magnitude de sua partida é de proporções épicas e incompreensível. Ao refletir sobre todas as suas incríveis conquistas de vida, a memória de Ace continuará viva para sempre!”

Sobre o guitarrista

Nascido em 27 de abril de 1951 no Bronx, em Nova York, Paul Daniel “Ace” Frehley teve uma família musical e começou a tocar guitarra na infância. Decidiu seguir carreira musical no início da vida adulta e trabalhou como carteiro e motorista de táxi.

Juntou-se ao grupo que adotaria o nome Kiss em 1973, após uma audição curiosa. Em meio a vários outros músicos que estavam se candidatando, surgiu com um tênis de cada cor e um jeitão peculiar, mas seu talento era incontestável.

Frehley criou a persona Spaceman (também Space Ace), pintando estrelas prateadas nos olhos. É dele o logotipo de raio duplo da banda. Permaneceu na formação inicialmente até 1982, quando, em meio a problemas com a dependência química e conflitos com Stanley e Simmons, saiu do grupo. Retornou em 1996 para sair em definitivo em 2002.

Na segunda metade dos anos 1980 comandou o Frehley’s Comet, que lançou 2 álbuns de estúdio, um deles certificado com disco de platina nos Estados Unidos. Disponibilizou ainda uma série de álbuns solo, incluindo o lançado em 1978, quando ainda estava no Kiss.

Após décadas lutando contra a dependência química, Ace garantiu estar sóbrio desde a segunda metade dos anos 2000.

Frehley foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame em 2014 como membro do Kiss. Foi creditado por 11 álbuns de estúdio do grupo, embora não tenha tocado em um (“Creatures of the Night”, 1982) e sua presença em outro (“Psycho Circus”, 1998) seja limitada a apenas algumas faixas. Também disponibilizou oito discos de estúdio em carreira solo ao todo.

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioNotíciasA longa e raríssima homenagem de Vinnie Vincent a Ace Frehley
Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades