Não é segredo que a saída de Eloy Casagrande do Sepultura foi conturbada. Poucos dias antes do início da turnê de despedida “Celebrating Life Through Death” em fevereiro do ano passado, a banda comunicou o desligamento do baterista e revelou que foi “pega de surpresa, sem aviso prévio ou qualquer tipo de debate sobre como fazer a transição”.
No caso, o músico deixou o grupo para integrar o Slipknot. Durante uma entrevista concedida posteriormente ao Uol, Casagrande explicou que só aceitou fazer a audição para os mascarados por causa do fim do grupo brasileiro e que assinou um documento de confidencialidade a respeito do teste que o impossibilitava de compartilhar a notícia.
À Veja SP, ainda destacou que “rolou um papo com o Slipknot, se daria para conciliar as duas bandas, mas eles falaram que não, não teria como”. Sendo assim, não teve outra alternativa.
Fato é que Andreas Kisser não escondeu o ressentimento quanto à atitude do ex-colega. Numa entrevista anterior a Zé Luiz e Bebé Salvego para o Uol No Tom, o guitarrista chamou o movimento de “esquisito, para dizer o mínimo”, já que o baterista estava inteiramente envolvido nos planos da excursão derradeira. À rádio Transamérica, ainda em 2024, acrescentou:
“Acho que o fato de ele ir para o Slipknot é normal, a qualidade de baterista que ele tem, pode tocar em qualquer banda do mundo. Mas acho que o momento e a maneira como ele escolheu fazer foi bem esquisito.”
Agora, ao conversar com o jornalista Benjamin Back para o canal Benja Me Mucho, o músico relembrou o momento e confessou que ficou “p*to por dois segundos” quando soube da decisão tomada por Eloy. Mencionando a mesma justificativa, o guitarrista declarou, conforme transcrição da RockBizz:
“É lógico que fiquei p*to. A gente ficou dois anos organizando e ele dentro. Dois dias antes dele anunciar que estava saindo, a gente estava organizando setlist. Ele ligou para o empresário, não foi nem para mim, e falou que precisava falar com a gente. Foi eu, Paulo [Xisto Jr., baixista] e os dois empresários aqui do Brasil. E três semanas antes do primeiro show, ele falou que estava indo para o Slipknot. Simples assim. Fiquei meio incrédulo! Fomos para a feira de música em Los Angeles, a NAMM. Pegamos o mesmo voo e ele não falou nada. E ele já estava indo fazer teste com o Slipknot para fechar contrato. Mas não tem essa coisa de traição. Eu fiquei p*to por dois segundos.”
Apesar da mágoa, o guitarrista reconhece a importância de Eloy para o Sepultura e levantou a possibilidade de chamar o baterista para a apresentação final da banda, que deve acontecer em 2026. Como compartilhado no programa Conectados em abril, o integrante disse (via TMDQA):
“Eu acho que no último e derradeiro show seria interessante ter os ex-integrantes, inclusive, obviamente, [os Cavalera]. O Jean Dolabella, o próprio Eloy, o Jairo Guedz, outros músicos que fizeram parte, como Roy Mayorga e o próprio Max e Iggor. Eu gostaria muito de convidar todo mundo, né? Mas isso não depende só da gente.”
O último show do Sepultura
O Sepultura se despede dos fãs desde o ano passado com a turnê “Celebrating Life Through Death”, que deve se encerrar em 2026. O derradeiro show é um momento aguardado e a banda deseja promover uma grande festa com a presença de amigos e ex-integrantes, o que incluiria os irmãos Max e Iggor Cavalera, fundadores do grupo.
A relação entre as partes não tem sido nada boa ao longo dos anos, o que dificulta uma reunião. Todavia, Andreas Kisser tem reacendido a esperança dos fãs. Em entrevista ao jornalista Benjamin Back, no YouTube, o guitarrista informou que já há conversas entre os empresários do Sepultura e dos Cavalera para que a participação aconteça.
Andreas afirmou (com transcrição do Whiplash):
“Não é muita surpresa né? A gente já falou que quer fazer uma grande festa, com bandas amigas e convidadas, um grande ‘Sepulfest’. E convidar os músicos que fizeram parte dessa banda, incluindo os irmãos Cavalera, né? Já falei isso em várias entrevistas, os nossos empresários até já ‘tão’ se comunicando. E espero que aconteça. Vamos ver, a gente tem um tempo aí pra organizar.”
A intenção do Sepultura é de que o último show aconteça em São Paulo, preferencialmente em um estádio – o Allianz Parque e o MorumBIS costumam ser os mais usados. Em entrevista ao jornalista Igor Miranda para a Rolling Stone Brasil, no início do ano, Kisser disse:
“A intenção é fazer [o show final] em um estádio, sem dúvida. É o último show da banda. Vamos convidar bandas que fazem parte dessa história, todos os ex-membros, amigos, fazer uma festa. Acho que é uma carreira única. Quarenta anos de história, serão 42 quando fizermos esta festa, no ano que vem. Tem que celebrar. Criamos o Sepultura e essa música no nosso país, Brasil, com seus prós e contras. Então, queremos fazer uma festa grande para todo fã do Brasil inteiro e até do exterior: muitos da Europa já estão se programando para participar.”
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