Richard Wright e Roger Waters se conheceram no início da década de 1960, enquanto estudavam arquitetura na Universidade de Westminster, em Londres, na Inglaterra. Logo, o saudoso tecladista e o baixista passaram a tocar juntos em uma banda que inicialmente se chamava Sigma 6 e que, depois, virou o consagrado Pink Floyd.
Ao longo dos anos, os artistas enfrentaram inúmeros conflitos. Em 2000, ao refletir sobre a relação conturbada com o colega, Wright destacou as diferenças de personalidade e aproveitou para alfinetá-lo ao afirmar que ele o ensinou a ser um músico no começo de suas carreiras.
Segundo o falecido integrante, “sempre houve atrito” entre os dois. Porém, Wright reconhecia as qualidades do baixista e, justamente por isso, conseguia trabalhar ao seu lado, como explicou à Classic Rock:
“Sempre houve atrito entre mim e o Roger, desde o começo. Em termos de personalidade, simplesmente não nos dávamos bem. Já era assim ainda quando éramos estudantes na Universidade de Westminster, antes da banda se tornar profissional. Mas era saudável. Eu e Roger não escolheríamos ser amigos, nem hoje em dia. Mas eu conseguia trabalhar com ele porque reconhecia as qualidades que ele trazia à banda.”
Então, o tecladista detalhou a dinâmica de funcionamento dentro do Pink Floyd e ressaltou que ajudou muito Roger, “porque ele não era músico” quando iniciaram. Atribuindo a função de “instruir” o baixista também ao guitarrista David Gilmour, ele declarou na ocasião:
“Tenho que dizer que o Roger, para dar o devido crédito, era quem surgia com as ‘grandes ideias’. Esse era o papel dele na banda. Às vezes, eram ideias bem extremas. E o Dave e eu dávamos forma musical a essas ideias. Era assim que a banda funcionava […]. Ele me irritava, e eu o irritava também, só por ser do jeito que sou. Sou uma pessoa mais reservada, então não expressava minhas opiniões com tanta veemência quanto ele. E às vezes isso pode ser interpretado como se eu não tivesse opinião. Mas quando chegamos ao ‘The Wall’, a banda já nem era mais uma banda, de qualquer forma. Só que, pelo amor de Deus, eu sinto que fui eu quem formou essa banda! E ajudei muito o Roger, porque ele não era músico quando começamos. E o Dave também o ajudou bastante.”
Numa entrevista contida no livro “Echoes: The Complete History of Pink Floyd”, publicado em 2008, Wright alegou que precisava até mesmo afinar o baixo do companheiro de banda porque ele não conseguia perceber quando o instrumento estava desafinado:
“Nós dois realmente não nos dávamos bem. Sendo o tipo de pessoa que ele é, Roger costumava tentar… provocar você, por assim dizer, tentar te fazer perder a cabeça. Definitivamente havia questões entre nós e grandes desentendimentos políticos. A única vez que eu realmente ficava bravo com o Roger no palco era quando ele tocava desafinado. Tocávamos em Ré e ele continuava tocando em Mi porque não conseguia ouvir. Eu tinha que afinar o baixo dele no palco, sabe? Naquela época, não existiam afinadores com estroboscópio, então, depois de cada música, ele encostava a cabeça do baixo sobre meus teclados e eu afinava para ele.”
O argumento de Roger Waters
Por sua vez, o próprio Roger Waters já reconheceu que nunca teve um interesse real em tocar baixo ou qualquer outro instrumento. À revista Musician em 1992 (via Rock and Roll Garage), o músico manifestou a indiferença:
“Eu nunca fui um baixista. Nunca toquei de verdade. Toco um pouco de guitarra nos discos e às vezes baixo, porque quero ouvir o som que eu produzo quando toco uma corda com a palheta ou com o dedo. Mas nunca tive interesse em tocar baixo. Nunca me interessei por tocar instrumentos e isso nunca mudou.”
Em contrapartida, o artista acredita que os outros integrantes não sabiam compor como ele. Ao The Telegraph, em 2023, disparou:
“Bem, Nick Mason [baterista] nunca fingiu que sabia compor. Mas David Gilmour e Rick Wright? Eles não conseguem compor músicas, eles não têm nada a dizer. Eles não são artistas, eles não têm ideias, nem uma sequer. Eles nunca tiveram e isso os enlouquece.”
A opinião de David Gilmour
David Gilmour, que também não esconde os problemas com Roger Waters, concorda de certa forma com Richard Wright. Também à revista Musician em 1992 (via Rock and Roll Garage), o guitarrista descreveu as habilidades do colega no baixo como “limitadas” e “muito simples” e afirmou que, em estúdio, chegou a tocar o instrumento no lugar do companheiro:
“Ele desenvolveu um estilo próprio, limitado ou muito simples. Nunca teve muito interesse em se aprimorar como baixista. Metade das vezes, eu que tocava o baixo nas gravações, porque eu fazia isso mais rápido, desde os primeiros discos. Quero dizer, pelo menos metade das linhas de baixo em todo o material gravado sou eu tocando.”
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