Durante evento para lançar a pré-candidatura do governador Romeu Zema à presidência da República no último sábado (16), o Partido Novo utilizou a canção “Que País É Este”. O político de Minas Gerais ligado à direita e aliado de Jair Bolsonaro chegou ao auditório da Câmara Americana de Comércio para o Brasil, em São Paulo, ao som da música da Legião Urbana.
Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo e gestor do legado do pai, não autorizou o uso da faixa para a ocasião. Por isso, logo na segunda-feira (18), entrou com uma notificação extrajudicial contra o partido.
À Folha de S. Paulo, o produtor cultural revelou que tanto o Novo quanto o governador não solicitaram a utilização da música. Todavia, mesmo se tivessem pedido, não teria concedido o direito, pois, em suas próprias palavras, não quer o trabalho do saudoso cantor ligado à “extrema direita”.
Citando os valores defendidos pelo artista, Manfredini explicou:
“Mais uma vez a extrema direita insulta a obra do meu pai, a memória dele, e faz uma afronta aos direitos autorais. Ultimamente [a música] tem sido usada pela extrema direita, que usa de forma ilegal várias obras que não condizem com os valores perpetrados por nós. Quem tem feito isso, os únicos que têm atentado contra o direito autoral, são da extrema direita. Nós temos o mesmo posicionamento que o meu pai tinha, principalmente com relação ao uso político por parte da extrema direita, porque é uma música contra a extrema direita, contra a ditadura. Não faz sentido aprovar o uso por parte dessa extrema direita, especificamente, que não condiz com os valores da obra dele.”
Sendo assim, por meio da empresa responsável pela banda Legião Urbana Produções, Manfredini alegou “violação dos direitos autorais” e solicitou que Zema e o partido deixem de recorrer à música “em publicações futuras, no Instagram ou em qualquer outra plataforma”. Leonardo Furtado, seu advogado, destacou que “a notificação é ampla, visando prevenir o uso indevido da composição”.
Procurada pelo jornal, a assessoria de imprensa do Novo havia dito que o jurídico do partido não tinha sido notificado até o momento. Não há mais atualizações do caso.
Giuliano Manfredini e uso indevido de “Que País É Este”
Essa não é a primeira vez que Giuliano Manfredini entra com uma ação devido ao uso indevido de “Que País É Este?”. Ao longo dos últimos meses, o produtor cultural vetou a utilização da música em pelo menos outras duas ocasiões.
No início do ano passado, o filho de Renato Russo enviou uma notificação extrajudicial à ByteDance, proprietária do TikTok, depois que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro passaram a publicar vídeos com a canção no intuito de pedir a volta do político inelegível. Ao deparar-se com o conteúdo, o produtor pediu a remoção dos registros.
Ao longo do documento, Giuliano destacou que as postagens apresentavam “caráter político e ideológico alheios” aos defendidos pelo pai em vida. Ainda disse não querer que a faixa seja usada “em prol de posicionamentos de direita, especialmente aqueles que enaltecem o governo Bolsonaro”.
Depois, quando um suposto perfil do ex-coach Pablo Marçal — que foi candidato a prefeito de São Paulo em 2024 — publicou um vídeo com a música sem pedir autorização, Manfredini também entrou com uma ação. À época, descreveu o caso como um “insulto à memória do seu pai” e “mais uma afronta aos direitos autorais feita pela extrema direita”.
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