Onze e meia da manhã. Para muitos, definitivamente não é o horário ideal para um show de heavy metal. O Stratovarius discorda: pontualmente nesse horário, o grupo finlandês subia ao palco do Allianz Parque para dar início à edição especial de 30 anos do Monsters of Rock.
Formada por Timo Kotipelto (voz), Jens Johansson (teclados), Matias Kupiainen (guitarra), Lauri Porra (é isso mesmo, baixo) e Rolf Pilve (bateria), a banda faz exatamente o tipo de som que você imagina ao ouvir a expressão “power metal”. E eles entendem muito do assunto.
Com apenas uma hora para animar um público numeroso, mas ainda longe do ideal, que chegava ao Monsters, o quinteto adotou como estratégia investir em sua fase clássica. De “novidades”, apenas três faixas: “Unbreakable”, de “Nemesis” (2013), além de “World on Fire” e a faixa-título do álbum mais recente, “Survive” (2022). Todas elas funcionam bem ao vivo, mas é em momentos como a entrada com “Forever Free” ou na épica “Eternity” que o Stratovarius mostra sua verdadeira força.
A produção de palco era caprichada, apesar do sol quente e da claridade que desfavorece as luzes do palco. Em performance, os destaques ficam por conta de Kotipelto, frontman experiente, com voz ainda bem conservada, que corre pelo palco e sabe conquistar o público como os grandes; e de Porra (calma, o sobrenome!), carismático, performático e com um visual que o torna uma espécie de Cliff Burton do power metal. Nos telões, era frequente sua imagem fitando o público com interesse nas interações.
O Stratovarius conhece bem o público nacional — foi a decima terceira visita — e compreende que nada incendeia melhor os ânimos de uma massa de brasileiros do que uma boa e velha rivalidade sul-americana. Ao fechar o set com a clássica “Hunting High and Low”, Kotipelto fez comparações entre as plateias do Brasil, Peru, Colômbia, Chile e Argentina, por onde a banda já havia passado na turnê. Deu certo: para “vencer” os hermanos, até os mais sisudos headbangers com suas camisetas e patches de metal extremo cantaram o refrão junto de Timo.
Matias Kupiainen é outro que merece um destaque. O guitarrista recebeu em 2008 a incumbência de substituir o excêntrico e genial Timo Tolkki, que para muitos era a alma da banda. Poderia até ser, mas seu substituto não fica devendo em termos de competência: desfila solos complexos e as passagens melódicas típicas do power metal da virada dos anos 1990 para 2000, época em que grupos como este alcançaram o ápice da popularidade.
O próprio Kotipelto afirmou que o grupo é famoso por fazer power metal, logo antes de introduzir “Speed of Light”, pedrada de “Episode” (1996). Preferências à parte, o estilo sempre foi sinônimo de diversão, antes de descambar para a técnica exibicionista e a grandiosidade sinfônica genérica que provavelmente levaram à sua queda de popularidade. Felizmente, o Stratovarius, nome seminal do segmento, se manteve fiel ao estilo que o consagrou e permaneceu com a essência: entregou mais um show bastante divertido.
Stratovarius no Monsters of Rock 2025
- Local: Allianz Parque
- Data: 19 de abril de 2025
- Produção: Mercury Concerts
Repertório:
- Forever Free
- Eagleheart
- World on Fire
- Speed of Light
- Paradise
- Survive
- Eternity
- Black Diamond
- Unbreakable
- Hunting High and Low
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