O guitarrista Richie Kotzen quase fez parte do Nine Inch Nails na década de 2000. Segundo o próprio, a parceria com Trent Reznor só não rolou por conta de um de seus trabalhos anteriores — curiosamente, um de seus mais famosos.
A história foi revelada durante entrevista ao Hot Metal (via Blabbermouth). Embora Kotzen não tenha especificado a época em que aconteceu, as descrições levam a crer que tenha sido em algum momento entre 2000 e 2008, quando o guitarrista Robin Finck (Guns N’ Roses) esteve fora da formação ao vivo do grupo.
Tudo começou com uma amizade de Richie com Jeordie White, baixista de Marilyn Manson e mais conhecido pela alcunha Twiggy Ramirez. Ele explica:
“Eu era amigo do baixista de Marilyn Manson, que estava tocando com o Nine Inch Nails. Ele me disse: ‘Ouça, você tem que vir aqui. Estamos com dificuldade para achar um guitarrista’. Então eu fui para o (estúdio) Third Encore e passei o dia lá. Trent me disse: ‘Você é de longe o melhor cara que testei. Eu adoraria ter você na banda. Vou dizer ao meu empresário para entrar em contato com você’. E eu saí aquele dia pensando: ‘Uau, ok, vou entrar em outra banda’.”
O problema é que o contato nunca veio e Kotzen descobriu depois o motivo: o fato de ter trabalhado com o Poison alguns anos antes “não pegou bem” para o soturno Trent Reznor. Richie relembrou:
“E então se passou uma semana. E então outra semana. Encontrei Jeordie e disse: ‘o que aconteceu?’ Ele disse, basicamente, que Reznor disse que não queria abrir a revista Rolling Stone e ver: ‘Nine Inch Nails recruta ex-guitarrista do Poison Richie Kotzen’. Ele não queria a associação com uma banda de hair metal nesse aspecto. E, sabe, esteticamente, quando você pensa na base de fãs e em como as pessoas receberiam isso, eu meio que consigo entender. Então eu disse brincando: ‘Ei, eu vou tocar com um pseudônimo’, porque eu não estava fazendo nada na época e eu acho que ele (Reznor) é um gênio, adoraria ter trabalhado com ele.”
Sem arrependimentos
Richie Kotzen esteve no Poison entre os anos de 1991 e 1993. Foi o substituto direto de C.C. DeVille, mas não durou e, devido a um desentendimento que envolveu até a namorada do baterista Rikki Rockett, acabou dispensado para a chegada de Blues Saraceno. O guitarrista gravou apenas um disco com a banda, “Native Tongue” (1993).
Ele garante que o “quase” do Nine Inch Nails não foi a primeira vez que o antigo trabalho o atrapalhou. Ainda assim, não há arrependimento:
“Essa não foi a primeira vez que isso me impediu de ir em uma ou outra direção. Agora, do outro lado da moeda, eu não me arrependo de ter feito parte do Poison, porque eu acho que fizemos um disco realmente ótimo. Prefiro muito mais ter esse disco como ele é do que ter feito qualquer outra coisa que eu poderia ter feito. Mas isso é meio que como o business da música é. Não é só sobre a música, um monte de gente ouve com os olhos. E é uma pena em uma situação como essa. Mas é uma realidade. E é mais no mundo do rock, inclusive.”
O artista garante que seu currículo faz bem menos diferença em outros estilos — como no jazz, onde já tocou com grandes artistas. Ele concluiu:
“Eu já toquei com Stanley Clarke. Eu estive na banda de Stanley Clarke com Stanley Clarke e Lenny White. Stanley Clarke é um inovador, uma lenda. Ele não deu a mínima para em qual banda eu estava antes. Era sobre a música. Então essa é a coisa legal sobre o jazz e o jazz fusion – é realmente sobre a música. E o rock – apesar de eu ser um cara do rock, eu amo isso –, por mais que eles queiram que você acredite nisso, não é realmente sobre a música. É sobre a música e um monte de outras coisas que vêm junto. Então você tem que ter ciência disso quando está nessa área.”
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