Guitarrista do Judas Priest, Richie Faulkner teve sérios problemas de saúde nos últimos anos. Após ter sofrido um aneurisma na aorta durante um show em um festival, em 2021, o músico ainda foi vitimado por uma sequência de mini-AVCs, seguidos por um AVC normal, que o deixaram com danos cerebrais permanentes.
Em entrevista para o site Premier Guitar (via Blabbermouth), Faulkner, que hoje tem 45 anos, finalmente abriu o jogo sobre tudo o que passou nos últimos tempos. Cerca de um mês após o aneurisma na aorta — que levou a uma cirurgia de peito aberto de mais de 10 horas e o implante de diversos acessórios artificiais no corpo do músico —, ele sofreu um AVC.
Acompanhado de sua namorada, além da filha do casal e do cachorro, Richie foi levado ao hospital. No caminho pode ter sofrido o episódio mais sério — antes, ele teve pequenos sintomas que foram piorando.
No ano seguinte, o guitarrista precisou operar o tórax novamente devido a um vazamento, o que foi noticiado. E, mais uma vez, teve um mini-AVC.
Passados os sustos, ainda em 2022, Faulkner voltou à estrada com o Judas Priest, mas percebeu que havia algo de diferente. Ele contou:
“Pensei que tudo estava bem. Mas havia algo na minha mão direita – pensei que eram meus anéis. Eu usava esses anéis estúpidos por algum motivo, então tirei. Pensei que estava atrapalhando alguma coisa. Eu estava mudando minhas palhetas. Havia algo diferente. Eu conseguia conviver com isso, mas tinha algo diferente em minha mão direita.
Eu estava escovando meus dentes de manhã e pensei: ‘tem algo errado com minha mão direita’. E o pé direito, e a perna direita. Então voltamos (ao hospital). Fizemos alguns exames. Encontraram algum dano no lado esquerdo do cérebro, que afeta o lado direito do corpo. Felizmente, eu não toco guitarra com meu pé, então tudo bem. Posso conviver com isso. Mas minha mão é o motor. E tudo começou a se encaixar em relação ao que eu estava sentindo no palco. Havia algo errado, atrapalhando, então fizemos mais exames. Eles encontraram o dano.”
A importância de falar sobre
Na mesma entrevista, Richie Faulkner também explicou por que resolveu falar abertamente só agora sobre seus problemas de saúde dos últimos anos. O guitarrista admite que tem encontrado alguma dificuldade para tocar e sofreu com isso durante as gravações de “Invincible Shield” (2024), álbum mais recente do Judas Priest, além dos shows feitos até hoje.
Faulkner revelou que teve o medo de perder a confiança dos patrocinadores, da banda e dos fãs, mas duas razões em especial o levaram a comentar o assunto. A primeira, segundo o guitarrista, tem relação com as pessoas cuja saúde mental é afetada por problemas similares.
“Sei que tem muita gente por aí que toca, canta, o que quer que façam, e elas sentem que não são boas o suficiente ou que nós não temos esses problemas também, e isso afeta sua saúde mental. E eu quero que elas saibam que não estão sozinhas. Todos nós, provavelmente mais pessoas do que sabemos, lutam com alguma coisa em algum lugar. Então vocês não estão sozinhos.”
O segundo motivo é a necessidade de “botar para fora” o sentimento de frustração que o músico tem sentido desde que voltou a tocar, em 2022. Richie abordou as dificuldades que enfrenta com a sequela do AVC, ressaltando que as bases rítmicas do Priest são mais complicadas do que os solos, o que torna o problema um pouco menos perceptível para quem ouve — mesmo assim, a situação o incomoda. O guitarrista afirmou:
“Toda vez que fazemos uma passagem de som no palco (para fãs que pagam para assistir à experiência), as pessoas ficam bem onde as câmeras estão e bem na frente. E eu fico pensando que eles vão perceber, que eles vão dizer que não estou tocando ‘Painkiller’ certo. Eu pensei que, se eu meio que liberar isso, se eu tornar isso acessível, a verdade é a verdade. Você não pode discutir com a verdade. É como é. Eu ainda toco, nós ainda compomos discos, ainda estamos tocando o mais pesado que podemos — não afeta isso —, mas há pequenas coisas que eu preciso fazer.”
Faulkner e o Judas Priest voltam ao Brasil neste mês de abril para três apresentações. A banda toca nos festivais Arena Rock, em Brasília, no dia 16, e Monsters of Rock, no dia 19, em São Paulo. Em 20 de abril, acontece ainda um show solo do grupo na Vibra, novamente na capital paulista.
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