Subir no palco do Monsters of Rock 2025 logo após o show emocionante do Savatage era uma missão complicada. Mas o experiente Europe não só deu conta do recado, como mostrou ser muito mais do que apenas o mega-hit “The Final Countdown”, responsável por fechar seu set de uma hora.
Pontualmente às 17h20 da tarde de sábado (19), sob um céu que já ameaçava desabar — o que em São Paulo é quase uma ameaça à mão armada —, Joey Tempest (voz), John Norum (guitarra), John Levén (baixo), Mic Michaeli (teclados) e Ian Haugland (bateria) apareceram e resolveram botar pressão no público paulistano logo de cara com “On Broken Wings”, b-side do single “The Final Countdown”, e a clássica “Rock the Night” abrindo a noite — literalmente, já que começava a escurecer no Allianz Parque.
O quinteto sueco é daquelas bandas de hard rock que “enganam” o incauto. Há muito mais peso em seu catálogo do que os hits levam a crer. Se a escolha inicial de canções não havia deixado claro, Tempest acabou com qualquer esperança de “leveza” ao pronunciar “c**alho” em bom português sempre que tinha a oportunidade.
O repertório se ancorou bastante nos álbuns da década de 1980, mas as faixas pós-2003, quando o grupo retomou as atividades paralisadas 11 anos antes, também deixaram forte impressão. “Walk the Earth”, faixa-título do álbum de 2017 e filha bastarda de “Kashmir” (Led Zeppelin), e a pedrada “Scream of Anger”, oriunda de “Wings of Tomorrow” (1984), ofereceram bom contraponto ao raro momento afável com “Carrie”, hit do álbum “The Final Countdown” (1986) que promoveu a primeira cantoria coletiva do festival como um todo — e deu início a uma segunda metade de show ainda mais enérgica que a primeira.
Outro contraste se notou com uma de suas melhores músicas da fase atual: a faixa-título de “Last Look at Eden” (2009), bastante atmosférica e poderosa ao vivo. Após ela, o quinteto equilibrou peso e fortes ganchos melódicos com Tempest na segunda guitarra em “Ready Or Not” e “Superstitious”, que arrancou muita interação do público e teve trecho de “No Woman, No Cry” (Bob Marley & The Wailers) sucedendo o solo. No encerramento, os hits “Cherokee” e, claro, “The Final Countdown”, com recorde de celulares para o alto para filmar o momento.
Uma hora foi pouco para a qualidade que o Europe mostrou no palco. Tempest, 61 anos, está com a voz em dia e é ótimo frontman, do tipo que não fica parado — chegou a deitar no palco em dado momento para entregar o microfone aos seguranças e tentar fazê-los cantarem, sem sucesso. John Norum, por sua vez, é um guitarrista que merecia mais atenção do público geral. O norueguês desfila habilidade e técnica nas seis cordas, mas com um reforço melódico mais presente do que na obra de vários “shredders”.
A “cozinha” é protocolar, mas competente, com destaque à energia do canhoto Ian Haughland com as baquetas. Mic Michaeli, cereja do bolo, é muito importante para o som do grupo, assim como seus backing vocals certeiros. Embora tenha errado a execução de alguns momentos chave, como o solo de “Cherokee” e parte da introdução de “The Final Countdown”, não chegou a comprometer.
Quem esperava um show de “flashback anos 80” não saiu totalmente insatisfeito, mas foi surpreendido por uma boa dose de peso, algo já esperado para quem conhece o Europe. Ao julgar pela reação do público, a surpresa foi boa pra “c**alho”.
Europe — ao vivo no Monsters of Rock 2025
- Local: Allianz Parque
- Data: 19 de abril de 2025
- Turnê: Latin America 2025
- Produção: Mercury Concerts
Repertório:
- On Broken Wings
- Rock the Night
- Walk the Earth
- Scream of Anger
- Sign of the Times
- Hold Your Head Up
- Carrie
- Last Look At Eden
- Ready Or Not
- Superstitious (com trecho de “No Woman, no Cry”, de Bob Marley & The Wailers)
- Cherokee
- The Final Countdown
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.