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A banda que era satanista demais para os EUA — e abriu espaço para o Black Sabbath

Público americano ainda estava chocado com Charles Manson quando grupo inglês estava prestes a fazer turnê pelo país

Desde que lançou seu álbum de estreia homônimo numa sexta-feira 13 (de fevereiro de 1970), o Black Sabbath se viu associado a temas como ocultismo e satanismo — mesmo que seus integrantes nunca tenham se envolvido com isso. No entanto, outras bandas do mesmo período faziam algo mais próximo do que pregavam, num estilo hoje chamado de occult rock.

Um desses grupos britânicos perdeu a oportunidade de uma turnê americana com o Sabbath justamente por ser considerado mais extremo em sua abordagem. Era o Black Widow, que havia se formado dois anos antes do quarteto de Birmingham e faziam referência a ocultismo e satanismo não apenas nas letras, como também na estética visual e shows.

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A banda natural de Leicester, também na Inglaterra, era formada em seu período clássico por Kay Garret (vocais), Kip Trevor (vocais, guitarra), Chris Dredge (guitarra), Bob Bond (baixo), Clive Box (bateria, piano), Gerry “Zoot” Taylor (órgão) e Clive Jones (instrumentos de sopro, teclados).

Em 2011, três anos antes de sua morte, Jones comentou sobre a tal turnê que nunca se confirmou, já que logo o grupo foi descoberto como sendo “real” em suas letras e referências ocultistas nas músicas. Para a It’s Psychedelic Baby Magazine (via Far Out Magazine), ele disse:

“Nunca conseguimos chegar aos EUA porque fomos banidos depois que Charles Manson fez seus assassinatos com magia negra. Acharam que nos mandar para lá logo em seguida disso não seria uma coisa boa. Então, nossos empresários mandaram apenas o Black Sabbath, com quem tinham acabado de assinar e que então negavam qualquer relação com magia negra.”

Os crimes de Manson citados por Clive Jones ocorreram em 1969 e envolveram a morte da atriz Sharon Tate e até mesmo uma inspiração perturbadora no “White Album” (1968) dos Beatles, tido pelo assassino como uma espécie de “revelação” dentro de seu culto. A primeira turnê do Black Sabbath nos Estados Unidos aconteceu em outubro de 1970, divulgando o disco “Paranoid” (1970), depois de um adiamento de datas que deveriam ter acontecido no primeiro semestre, quando a banda ainda promovia o álbum de estreia.

Sobre o Black Widow

Formado inicialmente com o nome de Pesky Gee!, em 1966, o Black Widow passou por muitas mudanças de formação ao longo de sua curta existência. Com o nome original, lançou “Exclamation Mark” (1969), mas sua estreia oficial como Black Widow se deu no ano seguinte, com “Sacrifice” (1970).

Em 1971 lançou um álbum homônimo, já se afastando da pesada característica de occult rock do álbum anterior. O terceiro disco saiu em 1972 e no ano seguinte o grupo perdeu o contrato com a gravadora CBS. Um quarto trabalho foi gravado na época, mas só foi divulgado em 1997, com o título de “Black Widow IV”.

Em 2007, Clive Jones e o baixista Geoff Griffith reformaram o Black Widow e em 2011 lançaram “Sleeping with Demons”. Curiosamente, o álbum conta com a participação do vocalista Tony Martin, que foi do Black Sabbath, na faixa “Hail Satan”. A banda acabou de forma definitiva em 2014, com a morte de Jones. Griffith faleceu dois anos depois.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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