Steven Wilson fez carreira no prog. Apesar de ter se afastado dos formatos mais tradicionais do estilo nos últimos anos, o artista, membro fundador do Porcupine Tree, retomou a influência de modo mais notório no mais recente disco “The Overview”, lançado no último dia 14 de março.
O próprio reconheceu que o material explora outros gêneros musicais, como a música eletrônica, jazz e pop. Porém, ao seu ver, o álbum também traz uma característica que é comum e extremamente marcante para todos os músicos prog.
Durante entrevista para o canal Innerviews, Wilson explicou que todos os artistas em questão, de Pink Floyd a Frank Zappa, faziam ou fazem músicas longas com o intuito de fugir de um padrão mais comercial. Conforme transcrição da Loudwire, ele disse:
“Para mim, a única coisa que o músicos prog realmente têm em comum — e estou falando de todo o espectro… de Pink Floyd a Frank Zappa, Rush, Mogwai, Radiohead — realmente, é a vontade de se afastar da forma pop padrão. Há essa ideia de que você pode levar o ouvinte em uma jornada e pode surpreendê-lo e, muitas vezes, isso envolve fazer algo por uma duração de tempo maior.”
Sendo assim, as faixas maiores, ultrapassando os 10 minutos, viraram a grande marca do rock progressivo, na opinião do artista:
“Nem sempre, mas muitas bandas fazem músicas de 10, 15, 20 minutos de duração, e obviamente meu álbum é assim também. Acho que isso é uma das marcas registradas – se não a principal marca registrada – do que eu considero rock progressivo.”
Anteriormente, conversando com Igor Miranda à Rolling Stone Brasil, o artista mencionou que a ideia de rotular o “The Overview” como a sua “volta ao prog” não partiu dele. Ainda assim, ele entende a descrição já que justamente utilizou do artifício mencionado:
“Não fui eu quem escrevi que é uma ‘volta ao rock progressivo’, mas sim a ‘máquina’ da imprensa. É verdade dizer que é um retorno a uma abordagem conceitual mais longa para a música. Há duas peças muito longas aqui que se desenvolvem de maneiras inesperadas, mas todas as coisas que você associa ao meu som estão neste disco, do rock ao eletrônico, da música ambiente ao pop. Porém, o que mais associam com o retorno às ideias progressivas é retornar a uma abordagem mais épica de faixas longas, algo que não faço há algum tempo.”
Sobre “The Overview”
“The Overview” conta com duas músicas: a faixa-título, com 18 minutos e 30 segundos, e “Objects Outlive Us”, com 23. Segundo Steven Wilson, a inspiração para o material veio de uma conversa com Alexander Milas, fundador da organização voltada ao espaço Space Rocks, que apresentou ao músico o conceito de “efeito perspectiva” (em inglês, “the overview effect”).
Basicamente, a expressão significa a mudança cognitiva da consciência que astronautas relataram durante a viagem espacial. O artista explicou à revista Prog:
“É um fenômeno reconhecido que os astronautas experimentam ao olhar para o espaço. Supostamente, ocorre uma mudança cognitiva em sua perspectiva mental. Eles entendem, em uma fração de segundo, de quão insignificantes somos. O álbum se resume a essa ideia de perspectiva, algo de que todos nós podemos pensar com um estímulo.”
Para a sonoridade, Wilson buscou inspiração em nomes como Pink Floyd, Tangerine Dream e Vangelis. E justificou:
“A ideia que tive [para esse álbum] imediatamente pediu por algo mais longo e conceitual e, ouso dizer, mais progressivo. Para evitar perguntas sobre por que voltei a um estilo mais progressivo, é porque era isso que o tema pedia.”
Craig Blundell (bateria), Adam Holzman (teclados) e Randy McStine (guitarra) aparecem creditados no álbum. Rotem Wilson, esposa do artista, colaborou com vocais falados na faixa-título, enquanto que Andy Partridge, conhecido como membro e fundador do XTC, assinou as composições.
Sobre Steven Wilson
Nascido em Kingston Upon Thames, Inglaterra, Steven John Wilson é guitarrista, vocalista, principal compositor e membro fundador do Porcupine Tree, uma das principais bandas progressivas de sua geração. Ainda participou de projetos como Blackfield, Storm Corrosion e No-Man.
Produziu discos de artistas como Fish, Opeth e Orphaned Land, entre outros. Também colaborou com reedições de catálogo de bandas como Jethro Tull, Black Sabbath, King Crimson, Yes, Roxy Music, Tears for Fears e Ultravox.
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