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O aspecto no qual Rick Rubin é superior a Bob Rock, segundo Kirk Hammett

Lendário produtor trabalha de forma mais distante dos artistas, o que muitos não gostam, mas parece ter funcionado bem para o Metallica

Entre produtores famosos, ninguém divide mais opiniões que Rick Rubin — em especial entre os artistas e bandas com os quais trabalhou. A principal crítica tem a ver com seu distanciamento do processo de criação do álbum, mas Kirk Hammett vê isso de outra forma.

Rubin trabalhou com o Metallica em Death Magnetic (2008), o sucessor do polêmico “St. Anger” (2003). O álbum marca não só o retorno à boa forma do grupo, como também a estreia em estúdio do baixista Robert Trujillo e fim do “casamento” com o produtor Bob Rock, presente em todos os lançamentos desde “Black Album” (1991) até então.

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No mesmo ano em que o disco saiu, Hammett refletiu sobre o trabalho do então novo produtor em entrevista ao MTV News (via Blabbermouth). Ao comentar a abordagem de Rick, o guitarrista fez uma comparação com o antigo parceiro:

“A coisa ótima sobre trabalhar com Rick é que ele nunca está por perto. Eu diria que esse é um ponto muito forte, porque deixa nós quatro com o peso total do trabalho e do planejamento que envolve o processo de composição e o processo de gravação. É claro, Rick estava lá em parte desse processo – quando gravamos a bateria e os vocais –, mas o fato de que estávamos isolados em nosso estúdio, trabalhando nas músicas por conta própria, fez uma grande diferença, porque manteve o nosso som puro. Tivemos mais Metallica desse jeito do que antes com Bob Rock.”

Ao explicar a diferença dos dois produtores, Hammett destacou como Rock se envolvia muito mais com o processo, em total oposição a Rubin. O guitarrista explicou:

“Bob colocava muito de sua própria abordagem musical e com isso vinha muito de suas próprias influências, estilo, jurisdição e idiossincrasias. E isso chegava ao nosso som. Mas com Rick, como ele não estava lá, é quase 100% Metallica, sem diluir. Ele vinha e dizia: ‘isso é bom, isso não é, mude isso’. E nós tínhamos que descobrir por conta própria. Isso é o mais puro que soamos em muito tempo.”

Kirk Hammett, guitarrista do Metallica (Foto: Ben Houdijk / Depositphotos)

Metallica, Rick Rubin e a “loudness war”

Apesar dos elogios de Kirk Hammett, Rick Rubin também foi alvo de críticas dos fãs. “Death Magnetic” foi um dos principais álbuns envolvidos na chamada “loudness war” do começo do século, um fenômeno que começou a acontecer em vários discos de rock, metal e música pop em relação à produção, mais especificamente na etapa de masterização.

Basicamente, a técnica consiste em elevar ao máximo os níveis de volume dos instrumentos e das faixas gerais. Como resultado, fazia-se a música soar como um grande bloco sonoro – não à toa, chamado de “brick wall” (“parede de tijolos”).

Essa abordagem teve origem conforme a tecnologia evoluía, permitindo uma compressão cada vez mais alta das ondas sonoras. O objetivo era simplesmente soar “poderoso”, ainda que de forma pouco natural.

O engenheiro de som Andrew Scheps, responsável por mixar o disco, revelou ao Music Radar que não acompanhou mais a loudness war depois de trabalhar em “Death Magnetic”. E por um simples motivo: ele se considera o vencedor.

“Tornei-me o garoto-propaganda do ‘loud’ por causa de ‘Death Magnetic’. Todo mundo o odiava por supostamente ser ‘a coisa mais barulhenta’. Minha linha é que a guerra do volume acabou porque eu venci. E é isso. E esse foi o disco que fez isso.”

“Death Magnetic” chegou ao primeiro lugar das paradas de 23 países, tendo vendido mais de 7 milhões de cópias em todo o mundo. Acabou por se tornar a única parceria do quarteto com Rick Rubin.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

1 COMENTÁRIO

  1. Boa máteria. Acho que é a 1ª que leio sobre o tema da ‘Loudness War’, por aqui. Isso estragou muitos albuns, desde muito antes do Death Magnetic. Escuto musica desde a década 80, mas ouvi também, muita coisa rock, pop da década 50, 60, 70. Por todas essas décadas, os ”efeitos” aparecem em boa parte das musicas, e com sucesso, são boas mesmo. Pink Floyd, Beatles, etc, fizeram muita produção.

    No caso da ”Guerra de volume” a coisa toda começou a ”trincar” mesmo, desde o meio da década 90, com CDs do Oasis, claramente altos demais. Essa prática controversa se espalhou, e comprometeu muitos albuns. O ABBA, Led Zeppelin da coletânea Mothership de 2007, foi muito criticada e tiveram de relançar em 2015 com remasters de 2014.

    Até entendo ter mais volume no streaming, e rádios FM. Dentro do carro, busco formatos ”sem perdas”, e verificados, como o FLAC, porque o MP3, além de lossy (tem perdas), o som ‘some’ na estrada, no trânsito e é um formato ultrapassado pensado para antigos HDs mecânicos de PC, que não tinham nem 10gb de espaço, na época.

    Dito isto, formatos de midia fisica como CDs e discos, devem focar na melhor qualidade de som, sem a necessidade de estragar com essa guerra de volume. Quem tem que ter ”potência” é o miny system doméstico, com o controle remoto para aumentar o volume.

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